Número de famílias em incumprimento toca mínimo

Pela primeira desde que há dados, o número de famílias em incumprimento de crédito baixou da fasquia dos 600 mil. Encolheu para o nível mais baixo de sempre. Foi no crédito ao consumo que mais caiu.

Famílias com crédito há muitas. Até aumentaram no ano passado, mas as que estão em situação de incumprimento continuam a encolher. O número total reduziu-se para o nível mais baixo desde que há registo, ficando pela primeira vez abaixo da fasquia das 600 mil, de acordo com os dados da Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) do Banco de Portugal. Uma nova quebra explicada, em grande parte, pela redução de devedores em falta nos empréstimos ao consumo.

Havia, no final do ano, 580.918 famílias com pelo menos uma prestação em atraso perante as instituições financeiras, o que representa o nível mais baixo desde que os dados começaram a ser recolhidos, em 2009. Registou-se uma quebra tanto face ao final do terceiro trimestre como em relação ao final do ano anterior, segundo os dados divulgados pela entidade liderada por Carlos Costa. O número de devedores em falta estava em 608.472 no final do terceiro trimestre, ascendendo a 614.838 no final do ano anterior.

No total do ano passado, assistiu-se a uma quebra de 5,5% no total de famílias em incumprimento, isto num ano marcado pela queda dos juros nos mercados, atirando aquele que é o principal indexante dos créditos à habitação em Portugal para níveis abaixo de zero. Isto ao mesmo tempo que se assistiu à recuperação da economia (o PIB cresceu 1,4% em 2016), o que permitiu um alívio na taxa de desemprego. No quarto trimestre, a taxa de desemprego estava em 10,5%. Desapareceram desta “lista” 33.919 famílias em 2016. São menos 93 por dia.

Este número de famílias em incumprimento de crédito continua a ser elevado, apesar da quebra. Representa 13,2% do total de famílias que têm algum tipo de financiamento contratado junto do setor financeiro. Ainda assim, já foi bem mais elevado. No pico da crise, em meados de 2012, mais de 700 mil famílias chegaram a apresentar pelo menos uma prestação em atraso, representando, à data, 15,6% do total de famílias devedoras. Face ao pico, o número encolheu em 127.711.

Incumprimento no consumo em mínimo

A quebra verificada durante o ano passado no número de famílias em incumprimento nos créditos foi obtida, em grande medida, através da redução expressiva dos agregados em falta perante os empréstimos ao consumo. Os dados da CRC, do Banco de Portugal, revelam que existiam 517 mil famílias com prestações de créditos contraídos para comprar de carros, de eletrodomésticos ou mesmo de viagens, em falta. Este número compara com os 550 mil no final do ano anterior, sendo o mais baixo alguma vez registado.

Houve uma redução de 35.663 famílias na “lista” de devedores em incumprimento no caso dos empréstimos ao consumo — são menos 5,9% face ao final de 2016. Este número é mais de três vezes superior à quebra registada no caso das famílias com créditos vencidos na habitação: caiu em 11.051, segundo o Banco de Portugal, descendo para 133.546, o que representa um novo mínimo desde o final de 2010. Em percentagem, tendo em conta a base mais reduzida, a quebra é, contudo, mais expressiva: 7,64%.

O somatório das famílias em incumprimento no consumo e na habitação ascende a 651.356, um número superior ao total de 580.918 agregados em falta nos seus empréstimos identificados pelo Banco de Portugal. Esta diferença traduz o facto de uma mesma família poder estar em incumprimento em dois ou mais créditos, situação que é bastante comum, especialmente no caso dos empréstimos ao consumo.

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Crédito à habitação tem melhor ano desde 2010

No ano passado a concessão de crédito à habitação cresceu 44%, para ascender a perto de 5,8 mil milhões de euros.

Quem casa quer casa. Quem quer casa quer crédito. E os bancos estão a cumprir. Dados divulgados esta manhã pelo Banco de Portugal indicam que, em 2016, os empréstimos para a compra de casa ascenderam ao valor mais elevado desde antes da crise financeira. Este aumento acontece num período em que os bancos também têm vindo a aliviar os spreads no financiamento deste tipo de operações, de forma a cumprir com os objetivos da política do Banco Central Europeu (BCE) que promove a injeção de liquidez no mercado por parte dos bancos.

De acordo com os números divulgados pela entidade liderada por Carlos Costa, nos 12 meses do ano passado, os bancos disponibilizaram 5.790 milhões de euros em crédito à habitação. Esta quantia representa um crescimento de 44,28% face aos 4.013 milhões de euros que tinham sido disponibilizados no ano anterior. É também o valor mais elevado desde 2010, imediatamente antes do desencadear da crise financeira. Nesse ano, os bancos tinham concedido mais de dez mil milhões de euros em crédito à habitação.

Crédito à habitação continua a subir

Em 2016 foi assim dado seguimento à recuperação do mercado de crédito à habitação que segue em paralelo com as melhorias do setor imobiliário em geral, com os montantes da concessão desta categoria de empréstimos a registarem o quarto ano consecutivo de subidas. Por de trás da subida da concessão de crédito à habitação estão os juros historicamente baixos, que representam um incentivo para os bancos apostarem nesse segmento. Prova dessa aposta são os spreads que têm vindo a ser consecutivamente revistos em baixa. Raros são os meses em que não haja uma ou duas instituições financeiras que reveem em baixa o spread mínimo que aplicam na concessão de crédito à habitação. Há também bancos a entrar neste mercado, como foi o caso do Banco CTT que recentemente também passou a disponibilizar este tipo de financiamento.

A finalidade de aquisição de compra de casa é o principal motor que alimenta o crescimento dos níveis de concessão de crédito às famílias, em Portugal, num cenário para o qual o crédito ao consumo também contribui. No ano passado, a nova concessão de crédito com essa finalidade ascendeu a 3.805 milhões de euros, um montante que representa um aumento de 20,6% face aos 3.155 milhões de euros que tinham sido disponibilizados no ano anterior. Seria necessário recuar ainda mais no tempo do que no caso do crédito à habitação para assistir no consumo níveis de nova concessão mais elevados. Apenas em 2008, foi concedido mais crédito ao consumo do que em Portugal, com a retoma do crédito ao consumo a revelar a crescente confiança das famílias portuguesas relativamente à saúde da economia.

Em contraciclo, de salientar a quebra dos empréstimos com outros fins concedidos aos particulares. No ano passado foram concedidos 1.862 milhões de euros de empréstimos com essa fim, menos cerca de 12% face aos 2.111 euros que tinham sido disponibilizados no mesmo período de 2015. Trata-se ainda do valor acumulado mais baixo desde o início do histórico do BCE que remonta ao início de 2003. Em termos globais, o crédito aos particulares aumentou 23,5%, este ano, para um total de 11.457 milhões de euros, o montante mais elevado desde 2010.

Crédito às empresas em queda

A recuperação nos níveis de concessão de crédito não são, contudo, acompanhados pelo setor empresarial. Os dados do banco de Portugal indicam que ao longo dos 12 meses do ano passado, o novo crédito às empresas recuou 11,76%, para totalizar 29.836 milhões de euros, o que compara com os 33.812 milhões de euros concedidos em 2015. A quebra foi transversal às pequenas e grandes empresas, demonstrando que o segmento empresarial não está a tirar o devido partido da política expansionista do BCE.

Aliás, nunca como em 2016 os bancos concederam tão pouco crédito às empresas, uma quebra que tem sido atribuída não à escassez de oferta de financiamento, mas sim à falta de procura. As empresas continuam assim a mostrar-se reticentes em avançar com o investimento na sua atividade.

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Prova dos 9: Há mais trabalhadores com baixos salários?

  • Margarida Peixoto
  • 14 Fevereiro 2017

Pedro Passos Coelho disse que o número de trabalhadores a receber salário mínimo está a aumentar desde 2014. E acusou o Governo de promover o crescimento dos baixos salários. Está certo?

Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, acusou o Governo de “cinismo e hipocrisia” no que toca a política de rendimentos, bem como de promover os baixos salários. “Os baixos salários cresceram com o novo Governo e com as suas novas políticas”, garantiu o ex-primeiro-ministro. E frisou que no final de 2016 “quase um milhão” de pessoas recebiam o salário mínimo. É mesmo assim? O ECO faz a prova dos nove.

A frase

“De 2014 até agora cada vez são mais os trabalhadores a tempo completo que recebem o Salário Mínimo Nacional. (…) Na primavera de 2014 eram cerca de 400 mil (…). A nossa estimativa é que no fim de 2016 seja quase um milhão o número de trabalhadores que ganham o Salário Mínimo Nacional”, disse Pedro Passos Coelho, no domingo. E somou: “Os baixos salários cresceram com o novo Governo e com as suas novas políticas.”

Os factos

O número de trabalhadores a receber salário mínimo nacional no final de 2014 rondava, tal como diz Passos Coelho, os 400 mil. O valor consta do relatório trimestral de Acompanhamento do Acordo sobre a Retribuição Mínima Garantida, publicado em dezembro.

Por enquanto, não há dados para dezembro de 2016. Os números mais recentes são de setembro e apontam para 648 mil pessoas abrangidas pelo salário mínimo nacional. Este valor deverá ter aumentado até ao final do ano passado, já que o documento refere que, em média, nos primeiros nove meses do ano passado, 37% dos novos contratos recebiam 530 euros — o valor da retribuição mínima na altura. Também foram criados mais postos de trabalho do que em 2015, o que aumenta a possibilidade de criar empregos a pagar o salário mínimo.

Contudo, o relatório também demonstra o principal motivo do aumento do número de trabalhadores abrangidos por salário mínimo a partir de 2014: o aumento administrativo deste referencial.

Tanto de 2014 para 2015, como de 2015 para 2016, o número de pessoas abrangidas pela remuneração mínima saltou abruptamente em cerca de 100 mil, com a subida administrativa do valor. A incidência da remuneração mínima no total de trabalhadores regista precisamente a mesma evolução:

No documento explica-se este fenómeno: “O peso dos indivíduos com remunerações iguais à Retribuição Mínima Mensal Garantida no total de declarações de remuneração passou de aproximadamente 12,5%, em janeiro de 2010, para próximo dos 20,5%, em setembro de 2016, coincidindo os aumentos mais abruptos com as atualizações do valor do salário mínimo, especialmente na alteração dos 485 para os 505 euros e na alteração dos 505 para os 530 euros.”

A estes factos vale a pena somar a informação do Instituto Nacional de Estatística (INE) que permite verificar que, assumindo uma definição mais abrangente para “baixos salários”, o seu peso no total de empregados por conta de outrem não aumentou em 2016. Os dados do inquérito ao emprego referentes ao quarto trimestre apontam para 30,6% de trabalhadores com remunerações líquidas mensais abaixo dos 600 euros. Em 2015, este valor era de 32%.

Prova dos 9

É verdade que o número de trabalhadores a receber o salário mínimo tem vindo a aumentar — embora seja incerto que atinja perto de um milhão de pessoas no final do ano passado. Contudo, esta subida decorre em grande medida do aumento do valor administrativo do salário mínimo, que faz com que trabalhadores que recebiam até ao momento valores acima, mas próximos, deste referencial passem agora a ser considerados como trabalhadores com salário mínimo.

Não há dados que o comprovem, mas é provável que este movimento de subida se repita novamente de dezembro para janeiro de 2017, com o novo aumento do salário mínimo para 557 euros mensais.

Seja como for, estes dados não refletem o aumento do peso dos baixos salários no total de empregados, conforme sugere Pedro Passos Coelho. Os dados do INE demonstram que a percentagem de trabalhadores com salários mensais líquidos até aos 600 euros manteve-se praticamente inalterada, tendo até diminuído ligeiramente.

Quanto muito, o que o aumento da incidência do salário mínimo demonstra é que as empresas não têm conseguido acompanhar o ritmo do aumento do salário mínimo em toda a sua escala de remunerações — e por isso este referencial aproxima-se do salário mediano.

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Vem aí a Tesla dos autocarros

  • ECO
  • 14 Fevereiro 2017

A empresa Proterra, fundada em 2004, produz autocarros elétricos cada vez mais potentes e ecológicos. Já conseguiu vender mais de 400 veículos e, em 2018, quer tornar-se uma companhia pública.

A empresa chama-se Proterra e produz autocarros exclusivamente elétricos. Foi fundada em Golden, no estado do Colorado, em 2004, por Dale Hill, que já antes tinha fundado a Trans Tech, uma companhia que fabricou autocarros híbridos CNG ao longo da década de 90, e ainda a Alumatech, uma companhia que produzia camiões basculantes de alumínio. Incentivado por programas do Governo dos Estados Unidos como o Clean Fuels Grant Program Bus, o TIGER e o TIGGER, Hill passou para o nível seguinte e fundou a Proterra para se dedicar aos autocarros completamente elétricos e amigos do ambiente. Em 2010, a empresa mudou a sua unidade fabril para Greenville, na Carolina do Sul, e Ryan Popple, que já tinha estado na Tesla, tornou-se CEO em 2014.

Desde 2004 que a empresa tem vindo a trabalhar discretamente nos seus autocarros inovadores, mas só em 2009 fez o primeiro grande negócio: conseguiu vender três dos seus veículos à Foothill Transit, uma companhia de transportes públicos no sul da Califórnia. Mas esse foi só o princípio. Hoje, a Proterra já conseguiu mais de 280 mil milhões de dólares em financiamento de capitais de risco, já abriu a sua segunda unidade de produção e vendeu um total de 400 autocarros. E durante o ano de 2018 está a planear tornar-se uma empresa pública, avançou a Bloomberg.

Um gigante amigo do ambiente

A Proterra começou a chamar as atenções quando, em 2015, conseguiu vender 62 dos seus autocarros a 12 companhias rodoviárias diferentes. Mas a sua maior jogada pode ter sido a revelação, em setembro do último ano, da nova linha de autocarros elétricos.

Até aí, os veículos não eram suficientemente potentes, estando abaixo de outros automóveis elétricos. Matt Horton, diretor comercial da empresa, confessou ao site Business Insider que a primeira geração dos seus veículos “não era boa o suficiente para o mercado”: “Não conseguiam fazer todas as rotas que há por aí. Mas, honestamente, não há por aí nenhuns autocarros que consigam”.

Mas isso era antes da nova linha dos Catalyst E2. Os novos autocarros têm mais de 12 metros de comprimento e podem percorrer algo como 563 quilómetros com um único depósito, em condições normais de circulação. Ou seja, os veículos podem estar na estrada um total de 18 horas, o mesmo que um autocarro semelhante, mas a combustível diesel. E é um grande avanço em relação aos primeiros autocarros da Proterra, que só conseguiam percorrer 235 quilómetros sem terem de voltar a abastecer.

Para conseguir este avanço, a Proterra trabalhou durante dois anos e meio na melhoria da tecnologia das baterias e no novo design dos autocarros. Agora, eles são feitos de compostos de fibra de carbono, o que permite que continuem leves, mas resistentes e duradouros. “Se pegássemos num autocarro tradicional e começássemos a enchê-lo de baterias, ele tornar-se-ia muito pesado muito depressa”, explicou Horton.

A Proterra fabrica as suas próprias baterias nas instalações da empresa, em Silicon Valley, e passou a colocá-las debaixo do corpo do autocarro “para ajudar a manter o seu centro de gravidade o mais baixo possível”. A inovação resultou num veículo onde cabem 77 passageiros e que suporta 660 quilowatts de energia para conduzir os tais 563 quilómetros sem ter de recarregar a bateria. Mas estas previsões são traiçoeiras porque, no que toca a autocarros, a condução é afetada por um conjunto de fatores, como as paragens constantes, a variação na temperatura, e as curvas e contracurvas do espaço urbano em que circulam. É por isso que Horton avisa que os 500 e tal quilómetros que os veículos anunciam que podem percorrer não são alcançáveis em zonas urbanas. No entanto, a bateria continua a durar as 18 horas necessárias e, à noite, os automóveis podem ficar a recarregar numa estação de recarregamento normal.

E as vendas já estão a disparar

Matt Horton disse ao Business Insider que as vendas dos autocarros Proterra aumentaram precisamente devido ao crescimento da distância que os autocarros conseguem percorrer sem terem de parar para recarregarem as baterias. “Companhias rodoviárias de todos os géneros estão a começar a perceber que agora já há um tipo de veículo elétrico capaz de fazer quaisquer percursos e rotas nos seus sistemas, que era algo inimaginável até agora”.

No final de janeiro, a Proterra anunciou que tinha conseguido o seu maior negócio até à data: vendeu 73 autocarros à empresa King County Metro Transit de Seattle por 55 mil milhões de dólares. Segundo as contas finais de 2016, a empresa já tinha vendido os seus automóveis a companhias rodoviárias de 20 estados diferentes nos Estados Unidos.

E queremos construir mais 100 veículos este ano. (…) Isso seria certamente mais do dobro do que produzimos em 2016.

Matt Horton

À fábrica original em Greenville, no sul da Califórnia, juntou-se recentemente a segunda unidade, em Los Angeles, que deverá entrar em funcionamento em março, e que permitirá à Proterra produzir cerca de 500 autocarros por ano, disse Hourton.

Em janeiro, a Proterra assegurou um financiamento de mais 140 mil milhões de dólares, que perfazem um total de 322 mil milhões, avançou o site da Crunchbase. A Proterra afirmou que a ronda de investimento foi liderada por um investidor anónimo que avançou com 40 mil milhões de dólares. Os outros 60 mil milhões vieram de outros investidores, já conhecidos da Proterra ou que investiram nela pela primeira vez nesta ronda. Entre eles encontram-se a Tao Capital Partners, a Kleiner Perkins e a GM Ventures.

A Proterra não revelou as suas receitas nem a estimativa do total da sua ronda de investimento mais recente. Mas foram tão proveitosas que impulsionaram a produção, numa época áurea para os veículos elétricos em relação aos movidos a combustível fóssil.

Um estudo do Graham Institute do Imperial College London e do grupo de pesquisa independente Carbon Tracker Initiative analisou as previsões de custos dos veículos elétricos e dos painéis solares e descobriu que os valores decrescentes vão deter a procura por petróleo e carvão a partir de 2020. O estudo diz ainda que os combustíveis fósseis podem vir a perder 10% da sua quota de mercado para os painéis solares e veículos elétricos ao longo da próxima década. É uma tendência que Horton já começa a verificar no dia-a-dia e que prevê que seja muito positiva para a Proterra.

“Em grande parte, a razão para esta transição para veículos elétricos vir a ocorrer tão depressa deve-se ao facto de as baterias destes veículos serem incrivelmente fortes. Apostar num automóvel destes é um ótimo investimento a longo prazo”.

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Produção industrial da zona euro cai em dezembro de 2016

  • Juliana Nogueira Santos
  • 14 Fevereiro 2017

Os 19 países da zona euro produziram menos 1,6% em dezembro de 2016, comparando com o mês anterior. Os setores responsáveis foram o de bens de capital, de energia e de bens de consumo não-duradouros.

A produção industrial da zona euro diminuiu em dezembro de 2016, comparando com o mês anterior. Este índice recuou 1,6% relativamente a novembro do ano passado, devido à produção de bens de capital, de energia e de bens de consumo não-duradouros.

Os bens de capital tiveram maior peso neste número, registando uma queda de 3,3%, enquanto a produção de energia caiu 1,4% e a de bens de consumo não duradouros caiu 1,2%. A única indústria a ter um desempenho positivo foi a dos bens de consumo duradouros cuja produção cresceu 2,9%.

Dos 19 países que fazem parte da zona euro, destacam-se pela negativa a Irlanda, a Alemanha e a República Checa, cuja produção energética caiu 11,7%, 3,1% e 2,2%, respetivamente. No campo positivo, destacam-se a Croácia, com um aumento de produção de 3,9%, a Grécia e Malta, ambos a subirem 4,4%.

Portugal também se posicionou no terreno dos aumentos, tendo revertido a descida de 0,8% que se registara em novembro de 2016. Produziu-se mais 1,2% no nosso país no mês de dezembro.

No entanto, em relação ao mesmo mês de 2015, a produção aumentou 2% puxada pela energia e pelos bens intermédios e de consumo duradouros. Neste período destacam-se a Croácia, a Lituânia e a Dinamarca que produziram mais 14,9%, 11,5% e 11,1%, respetivamente.

Ainda assim, em relação ao período homologo de 2015, a produção industrial cresceu 1,3% de janeiro a dezembro. O índice de produção industrial é uma dos indicadores a curto prazo mais importantes, visto que identifica ponto de viragem no desenvolvimento económico numa fase inicial. Permite também conhecer melhor o desenvolvimento futuro do PIB.

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Passos: “Centeno negociou condições que não são negociáveis”

Para Passos Coelho é óbvia a "enorme fragilidade em que o ministro das Finanças se encontra". E acusa Mário Centeno de ter negociado "condições que não são negociáveis".

Pedro Passos Coelho não poupa críticas ao ministro das Finanças. O líder do PSD disse que, depois de ter assistido às explicações de Mário Centeno sobre a polémica em torno das negociações acordadas com o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos para aceitar o cargo, fica clara a “enorme fragilidade em que o ministro das Finanças se encontra” e que “o ministro negociou condições que não são negociáveis”.

Para o líder do PSD “mais valia dizer abertamente que o Governo esteve empenhado em criar um regime feito à medida das exigências que um conjunto de administradores colocaram ao Governo, que, de resto, não se importou de aprovar um decreto-lei que foi feito num escritório de advogados“, acusou Passos Coelho. Segundo o antigo primeiro-ministro, as condições impostas por António Domingues “não são negociáveis”, frisou.

"Mais valia dizer abertamente que o Governo esteve empenhado em criar um regime feito à medida das exigências que um conjunto de administradores colocaram ao Governo, que, de resto, não se importou de aprovar um decreto-lei que foi feito num escritório de advogados.”

Pedro Passos Coelho

Líder do PSD

Apesar da grande insistência dos jornalistas, Passos Coelho recusou-se a comentar as afirmações do Presidente da República — “não é que não pudesse”, admitiu — mas não poupou o ministro das Finanças: “A avaliação política do desempenho do ministro está à vista de todos e é bastante criticável”. Ainda assim, Passos recusa-se a pedir a demissão de Centeno sublinhando que “é ao primeiro-ministro que cabe o pedido de exoneração dos ministros”.

"A avaliação política do desempenho do ministro está à vista de todos e é bastante criticável.”

Pedro Passos Coelho

Líder do PSD

Contudo, “o primeiro-ministro que não pense que, só porque o ministro das Finanças fez uma conferência de imprensa, o país esteja dispensado de perceber o que se passou”, alertou Passos Coelho. “Espero que haja absoluta transparência”, disse Passos, cujo partido pediu esta manhã a transcrição dos sms que António Domingues trocou Mário Centeno sobre as condições da sua contratação e a alegada dispensa de apresentar as declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional. Mas admite que “houve relutância, para não dizer alguma obstrução para que se apure a verdade”. “A maioria de esquerda tem-se oposto a que a verdade seja conhecida através da comissão de inquérito. O PSD não deixará de exigir toda a informação do ponto de vista formal e processual”, mas também uma explicação sobre o nível de recapitalização necessário — os cinco mil milhões apontados.

Passos tem insistido que o Governo de António Costa ainda não meteu um euro na Caixa e que toda a recapitalização feita até agora foi com dinheiro que o seu Executivo lá colocou, numa referência à passagem dos CoCos para capital.

 

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Espanha abranda mas lidera crescimento na zona euro

  • Margarida Peixoto
  • 14 Fevereiro 2017

O principal parceiro comercial português liderou o crescimento da zona euro no último trimestre de 2016. Mas ameaça perder gás. Portugal também cresceu acima da média.

O principal parceiro comercial português liderou o crescimento na zona euro, no último trimestre de 2016. Espanha cresceu 3% em termos homólogos. Contudo, perdeu gás pelo segundo trimestre consecutivo.

De acordo com o Eurostat, Espanha tinha crescido 3,4% no primeiro e segundo trimestres de 2016. No terceiro trimestre abrandou para 3,2% e agora registou apenas 3%. Ainda assim, os dados da evolução em cadeia mostram um primeiro semestre com ganhos trimestrais de 0,8%, e uma segunda metade do ano com crescimento de 0,7%.

Portugal também se destacou pela positiva, com um crescimento acima da média tanto da zona euro, como da União Europeia.

Além da economia portuguesa, também a Eslováquia, Chipre, Lituânia e Holanda cresceram acima da média. Já a Grécia e a Finlândia destacaram-se como os países da moeda única que apresentaram taxas de crescimento mais baixas: as duas economias cresceram apenas 0,3%.

Portugal cresceu acima da média

Fonte: Eurostat

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Governo diz que crescimento acelera suportado pelo investimento

  • Margarida Peixoto
  • 14 Fevereiro 2017

Na reação aos números revelados pelo INE, o Governo diz que o crescimento económico está a acelerar de forma sustentada, suportado pelo investimento. Passos diz precisamente o oposto.

O crescimento económico está a acelerar, é sustentado e reforça a confiança nos resultados de 2017. Mais: os salários deverão ter crescido acima de 2%. Esta é a leitura que o Ministério das Finanças faz dos dados revelados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dão conta de um crescimento do PIB de 1,4% em 2016, e de 1,9% no último trimestre do ano passado.

“Os dados do crescimento económico divulgados pelo INE confirmam a aceleração da economia portuguesa”, lê-se no comunicado enviado pelo gabinete de Mário Centeno, ministro das Finanças, às redações.

O comunicado frisa que a aceleração do crescimento, em termos homólogos, verificada nos últimos três meses do ano, está suportada pelo investimento, “que teve o principal contributo para o aumento do crescimento”. E nota: “Este reforço do investimento é fundamental para a sustentabilidade do crescimento ao longo de 2017.”

Para fundamentar as boas expectativas para este ano, o Ministério das Finanças lembra “o aumento das intenções de investimento manifestadas pelas empresas no Inquérito de Conjuntura ao Investimento” e destaca “o crescimento homólogo de 8,1% da importação de máquinas e outros bens de capital” no último trimestre de 2016.

“Estes dados confirmam a solidez e o rigor das estimativas subjacentes ao Orçamento do Estado de 2017, reforçando a convicção do Governo nos pressupostos orçamentais e no crescimento em 2017”, garantem ainda as Finanças.

Salários cresceram acima de 2%

O Governo aproveita ainda para somar indicadores sobre o mercado de trabalho, defendendo que é o facto de o crescimento ser sustentável que permite criar emprego duradouro. “A evolução da situação no mercado de trabalho é consistente com uma recuperação sustentada da economia”, lê-se no comunicado.

"A criação de emprego de qualidade é o melhor indicador de que o crescimento da economia portuguesa é um crescimento inclusivo e criador de valor, sustentando o crescimento dos salários que em 2016, de acordo com os dados da Segurança Social, se situará, em média, acima de 2%.”

Ministério das Finanças

Fonte oficial

O Governo dá conta de “100 mil novos trabalhadores” assalariados, dos quais 80 mil foram contratados sem termo e apenas 20 mil a prazo. Além disso, 82 mil desses novos trabalhadores têm formação universitária, frisa o comunicado, adiantando que “segundo dados da Segurança Social” os salários terão crescido, “em média, acima de 2%”.

Portugal retomou “trajetória de convergência”

Além de sublinhar que os valores do quarto trimestre de 2016 voltaram a ficar acima da média de crescimento da zona euro e da União Europeia, bem como da previsão assumida pela Comissão Europeia nas Previsões de Inverno publicadas esta segunda-feira, o ministério de Mário Centeno notou que a economia portuguesa voltou a convergir com os parceiros comunitários.

“Portugal é um dos países que mais cresce no atual contexto europeu”, lê-se no comunicado, que frisa que a economia nacional retoma “uma trajetória de convergência real há muito perdida”.

António Costa, primeiro-ministro, também reagiu, no Twitter:

Os mesmos números, outra leitura

À mesma hora que o comunicado o Ministério das Finanças chegava às redações, Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, reagia aos jornalistas defendendo precisamente o oposto.

“Para que o país cresça sustentadamente tem de ser com investimento, que foi o que não aconteceu em 2016: afundou”, disse o social-democrata. O líder da oposição frisou que “o consumo é bem-vindo”, mas notou que “uma economia endividada como a nossa tem de crescer pelo investimento e pelas exportações.” Por isso, para Passos Coelho “a estratégia económica revelou-se desacertada” e deve ser corrigida em 2017.

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EAD, das caixas de papelão à nuvem digital

A EAD, Empresa de Arquivo de Documentação, é uma firma portuguesa analógica. Gere mais de 500 quilómetros de arquivos em caixas de cartão, mas aposta agora num serviço de backups na 'cloud'.

A EAD mantém mais de 500 quilómetros de arquivos em caixas de cartão nas instalações em Palmela.DR

Ditam as regras de segurança que uma cópia nunca deve ser mantida perto da origem da informação. E cada vez mais, as empresas percebem a importância de ter backups da informação que produzem, reduzindo o risco de perda de dados. Pôr esses backups num computador remoto é uma solução. E a cloud, a nuvem digital, é um mercado em constante valorização.

A mesma cloud na qual aposta agora uma companhia como a EAD, sigla para Empresa de Arquivo de Documentação, fundada por Paulo Veiga em 1993, quando os computadores ainda eram um futurismo de gente maluca. Esta empresa, com sede em Palmela e mais de 20 anos de experiência em manutenção e gestão de arquivos analógicos, lançou um serviço para retirar os backups das empresas e pô-los na nuvem — ou, mais propriamente, num pequeno datacenter na Matinha.

“Temos quase 500 quilómetros de arquivos nas nossas instalações, em caixas de cartão”, conta ao ECO o presidente executivo da EAD e responsável pela Casa do Benfica de Palmela, Paulo Veiga. “Sabemos que temos de estar presentes em todos os nichos de mercado que tenham a ver com dados, com informação, com conhecimento, com documentos. E nós começámos a perceber que tínhamos o negócio mal montado”, admite.

"Começámos a perceber que tínhamos o negócio mal montado.”

Paulo Veiga

Fundador da EAD

Para já, não descarta o mundo analógico: “Tenho muitas tapes em cofre [um formato analógico de arquivo de informação]. Ainda agora recebemos 16.000 tapes de um cliente tradicional. As grandes organizações têm muita resistência à mudança e isto da cloud não é o que parece para todos. Assusta um bocado”, sublinha. Mas foi numa ida à feira anual Cloud Expo Europe, em Londres, que surgiu a oportunidade e a ideia de lançar um serviço desse género, em parceria com uma grande empresa internacional: a Carbonite.

“A nossa cloud é uma cloud privada. O nosso datacenter primário está na Matinha. O ferro é nosso, a rack [estrutura que agrupa várias máquinas] é nossa e temos capacidade para 12 TB instalados. Não é muito, mas já é alguma coisa. Neste momento temos metade [ocupado], não só com isto da cloud, que deve ter um terabyte ou dois”, revela. Por um lado, a ideia é que, quando uma empresa decide “investir num novo sistema de backups“, a EAD consiga proporcionar “uma solução de cloud” bem portuguesa e em território nacional. Por outro, a Carbonite apenas licencia o software.

As grandes organizações têm muita resistência à mudança e isto da cloud não é o que parece para todos. Assusta um bocado.

Paulo Veiga

Fundador da EAD

Ainda assim, o negócio da EAD ainda assenta muito no analógico. E quanto à derradeira questão do futuro do papel, o responsável pela companhia não acredita que vá acabar totalmente: “O papel adapta-se à nossa maneira de ser, porque eu faço uma leitura rápida, transversal, tiro uma nota, imprimo, levo para casa. Nessa perspetiva, não consigo abdicar [dele]. Nem as organizações”, garante.

E sintetiza: “O mundo vai ser digital? Vai. Os nossos filhos e os nossos netos vão ler o Expresso no tablet? Vão, acredito que sim. Eu já não consigo. Eu sou da geração X, não sou do milénio. E ainda tenho de beber um chá, fumar um cigarro e ler o Expresso [em papel] de manhã. E recebo a assinatura digital, recebo a Visão digital, e não tenho paciência para a ir sacar”, confessa Paulo Veiga.

Paulo Veiga fundou a EAD em 1993, depois um estágio no quarto ano de curso no ISEG.D.R.

Um empreendedor antes de virar moda

Duas décadas são muito tempo. Mas vale a pena recuar um pouco para conhecer a história da origem da EAD, que se cruza com o percurso de vida do fundador. A ideia nasceu quando, no quarto ano dos cinco que passou pelo ISEG, Paulo Veiga veio com a base desta empresa de gestão documental. Estávamos em 1993. Nessa altura, “startup” era um conceito desconhecido da generalidade do público.

A Paulo Veiga valeu um business angel, “que foi um antigo professor meu da faculdade”. “Estava à procura de alunos para fazer umas empresas e os marrões, os gajos bons com as médias de 16 e 17, foram todos para o Banco de Portugal, para o Totta. Eu estava a ver que tinha de fazer pela vida porque acabei o curso com média de 11,5″, recorda. O professor foi quem o ajudou a fundar a firma, que esteve para se chamar “Companhia Portuguesa de Arquivos”. O Registo Nacional de Pessoas Coletivas não deixou, e ficou EAD. “É horrível”, ironiza.

Mais tarde, recebeu a proposta para vender 51% da empresa aos CTT, por 2,4 milhões de euros. Aceitou: “Alguém nos CTT disse que isto fazia sentido na cadeia de valor dos correios. E os correios abordaram-nos. Não acredito no destino: os correios são encarnados. Nós somos encarnados. Sou do Benfica. Tenho Carteiro no nome. E a minha mãe nasceu no Dia Mundial dos Correios. Pensava que aquela relação era para sempre”, brinca novamente.

[Os CTT] perceberam sempre que o empresário e empreendedor era eu e que, se aquilo ficasse lá, era comido pela estrutura.

Paulo Veiga

Fundador da EAD

A relação durou oito anos, até Paulo Veiga recomprar a parcela por 2,75 milhões e euros. Uma experiência proveitosa, que se mantém ainda hoje sob a forma de uma parceria: “Foi muito bom para o desenvolvimento, quer da minha equipa de gestão, quer da EAD, esta passagem por uma grande casa. A empresa faturava o dobro, tinha mais certificações, mais competências. Mas perceberam sempre que o empresário e empreendedor era eu e que, se aquilo ficasse lá, era comido pela estrutura”, frisa o empresário.

Desde então, a empresa mantém-se em rota de crescimento. O segredo? “Fomos evoluindo, ao longo dos anos, fomos analisando sempre as tendências do mercado. Temos uma riqueza única deste histórico e temos o know-how que fomos adaptando às necessidades portuguesas”, diz. Mas apesar de já ter sido considerada uma das melhores empresas portuguesas para se trabalhar, Paulo Veiga não é “um líder de pessoas”.

É o próprio quem o diz: “Fui sempre um bocado interesseiro. Eu quero que pessoas normais sintam que são excecionais. A minha liderança é de manipulação. Tenho um bocadinho esta tendência e faço muito empowerment. É assumido. Sou um manipulador de pessoas”, remata ao ECO. E acrescenta: “A seguir a comprar, o que eu gosto mais de fazer é vender. Eu faço muita psicologia desde que acordo. Negoceio tudo, estou sempre a negociar”, garante.

"A minha liderança é de manipulação. (…) É assumido. Sou um manipulador de pessoas.”

Paulo Veiga

Fundador da EAD

Resta falar dos números. A EAD prevê fechar as contas de 2016 com uma faturação na ordem dos 4,8 milhões de euros. Em 2015, faturou 4,5 milhões de euros, de acordo com dados cedidos pela própria companhia. Metade do volume de negócios recai sobre a custódia e gestão de arquivos intermédios, seguindo-se a digitalização de documentos, com uma fatia de 24%. Em 2016, a empresa digitalizou quase 20 milhões de documentos. Quanto ao modelo de cloud agora lançado, existem já cinco clientes a usufruir do serviço.

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Peugeot pode avançar para a compra da Opel

Grupo PSA, fabricante da Peugeot e Citröen, está a avaliar a aquisição da unidade europeia da General Motors, que inclui a marca alemã Opel. Carlos Tavares quer criar segundo maior fabricante europeu.

O grupo PSA Peugeot Citröen, liderado pelo português Carlos Tavares, pode avançar para a compra da Opel, como parte de um negócio mais amplo que passa pela aquisição da unidade europeia da General Motors.

A fabricante francesa tem em cima da mesa várias iniciativas estratégicas, nas quais está incluída a aquisição da Opel, adiantou um porta-voz da PSA à Bloomberg, depois desta agência de notícias ter avançado com os planos da companhia. A norte-americana General Motors procura vender a marca alemã Opel num negócio que pode atingir os milhares de milhões. Opera também no Reino Unido com a marca Vauxhall. As negociações para um acordo estão em curso, precisou o mesmo responsável.

A concretizar-se, a aquisição poderá criar um fabricante automóvel franco-alemão com 16% de quota de mercado, tornando a PSA no segundo maior grupo automóvel europeu, apenas atrás da Volkswagen e à frente da rival francesa Renault.

Uma fonte contactada pela Bloomberg indicou que um acordo poderá surgir já nas próximas semanas. Mas sublinhou as dificuldades e complexidade que este tipo de operações acarreta, pelo que também há uma forte possibilidade de o negócio não ver a luz do dia.

As ações da PSA sobem 4,88% para 18,8 euros, avaliando a fabricante em 16,3 mil milhões de euros.

“Percebo por que razão a General Motors quer vender a sua divisão europeia, que não tem feito dinheiro em muitos anos”, referiu George Galliers, analista da Evercore ISI, à Bloomberg. “É menos claro por que razão a Peugeot estaria interessada nos ativos da General Motors. A compra daria ao grupo capacidade na Alemanha, um dos países mais caros para produzir automóveis e levaria a um excesso de capacidade”, acrescentou.

"Percebo por que razão a General Motors quer vender a sua divisão europeia, que não tem feito dinheiro em muitos anos. É menos claro por que a Peugeot estaria interessada nos ativos da General Motors. A compra daria ao grupo capacidade na Alemanha, um dos países mais caros para produzir automóveis e levaria a um excesso de capacidade.”

George Galliers

Analista da Evercore ISI

Ainda assim, do lado da PSA, o interesse na aquisição da Opel é encarado como estratégico para aumentar a escala do grupo, ter acesso à engenharia e tecnologia dos carros elétricos da marca alemã, assim como para otimizar os custos através de eventuais sinergias provenientes do negócio.

Para a General Motors, a venda da unidade europeia representaria uma saída limpa do Velho Continente, sobretudo depois de o voto britânico para abandonar o Reino Unido ter pressionado os resultados do fabricante norte-americano.

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Zoe duplica autonomia. E o preço?

A Renault reforçou a aposta nos elétricos. No Zoe, as novas baterias permitem sem preocupações percorrer 300 quilómetros com uma única carga. É quase o dobro da versão anterior.

O Zoe, em si, não é novo. Foi lançado em 2013, mas agora ganhou o argumento que precisava para se destacar na oferta de automóveis elétricos. A Renault praticamente duplicou a autonomia deste utilitário, podendo agora chegar a 400 quilómetros. E o melhor é que custa pouco mais de um euro para percorrer cada uma dessa centena de quilómetros.

A Renault diz que “o modelo 100% elétrico percorre, com facilidade e sem preocupações, 300 quilómetros com uma única carga de bateria. Em condições excecionais, as mesmas que permitem a alguns diesel reivindicarem consumos na ordem dos três litros aos 100, até pode chegar aos 400 quilómetros”.

Este aumento da autonomia resulta da incorporação de uma nova geração de baterias desenvolvidas em parceria com a LG Chen. “Baterias com a mais elevada densidade energética do mercado, fruto da melhoria da química e da adição de matéria ativa”, refere a marca francesa, no comunicado de apresentação do Zoe. Através da wallbox doméstica da marca, são precisas sete horas para carregar totalmente as baterias.

O Renault Zoe Z.E. 40 pode percorrer 100 quilómetros com um custo de eletricidade de apenas 1,30 euros, isto caso a tarifa de eletricidade contratualizada for bi-horária. Se não for o caso, a mesma centena de quilómetros tem um custo máximo de 2,20 euros, ainda assim “um valor incomparavelmente inferior ao que é reivindicado pelos mais económicos diesel”, nota a Renault.

O custo para percorrer cada centena de quilómetros é reduzido, mas o valor necessário para comprar o carro? O Zoe pode ser adquirido a partir de 17.560 euros (assumindo o incentivo do Estado de 2.250 euros) com um contrato de aluguer de baterias. Com a bateria incluída, o valor começa nos 28.835 euros. E as revisões? A marca aponta para valores entre os 30 e os 50 euros, cada.

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Smart elétricos chegam no verão, mas já há preços

A Smart apresentou-os em setembro. Só vão chegar ao mercado no verão, mas a marca já tem preços para as versões elétricas deste utilitário que promete uma autonomia que pode chegar a 160 quilómetros.

O mais caro dos três Smart elétricos será o Fortwo cabrio que terá um preço de venda ao público de 24.900 euros, mas que chega na altura certa. A marca diz que os três modelos vão começar a ser comercializados no verão. E promete não só uma autonomia melhorada como um tempo de carregamento bem mais curto que o antecessor.

Os Smart elétricos vão ter autonomia de aproximadamente 160 quilómetros, o “ideal para uma mobilidade sem emissões de gases locais em zonas urbanas”, diz a marca, salientando que o tempo de carregamento deverá rondar as duas horas e meia. “A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 130 km/h para maximizar a autonomia”, nota.

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