5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

A estabilidade financeira continua a estar no topo das preocupações dos governos, principalmente na Zona Euro. Esta quarta-feira, o BCE identifica os riscos e as vulnerabilidades.

Os temas mais discutidos internacionalmente passam pelo comércio internacional e pela política monetária. Em ambas as frentes existem mudanças em curso e outras esperadas para breve. Esta quarta-feira, são divulgados mais indicadores que darão pistas para perceber o futuro desses dois assuntos económicos.

Como vai o comércio mundial?

Para um país tão dependente da conjuntura externa e das exportações para crescer, é importante perceber quais são as tendências do comércio mundial. Esta quarta-feira, o Gabinete de Análise da Política Económica dos Países Baixos (CPB) divulga a estimativa de comércio mundial em março de 2017. Em janeiro, este indicador tinha estabilizado depois de uma subida em dezembro de 2016. Este indicador agrega dados mensais mundiais do comércio internacional e da produção industrial.

Carlos Costa vai ao Parlamento falar do Novo Banco

Depois da ida de Sérgio Monteiro, é a vez de o governador do Banco de Portugal ir explicar aos deputados a venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star. A audição começa às 10h30 e, além de incidir sobre esse processo, o governador irá apresentar o Relatório de Atividades e Contas relativo a 2016 revelado esta segunda-feira. Nesse documento, o banco central nacional revelou que entregou 527 milhões de euros ao Estado este ano, montante superior ao que estava inscrito no Orçamento do Estado para 2017, e afirmou que não alterou a política de provisões, ao contrário do que tinha dito o primeiro-ministro num debate quinzenal.

Fed divulga minutas da reunião de maio

Em Nova Iorque, os investidores vão ter os olhos postos nas minutas da reunião dos governadores da Reserva Federal norte-americana. A Fed reuniu-se a 2 e 3 de maio, tendo decidido manter a política monetária intacta: a entidade liderada por Janet Yellen manteve a taxa de juro entre os 0,5% e 0,75% e disse estar atenta ao abrandamento económico no arranque do ano, que diz ser “transitório”. As minutas poderão então ter mais pormenores sobre o que significa este travão no crescimento.

Draghi vai a Espanha

O Banco de Espanha vai ser a casa de uma conferência de dois dias sobre a estabilidade financeira na Zona Euro. Os protagonistas são Luis Maria Linde, um dos membros do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), e o próprio presidente Mario Draghi. De manhã, o BCE vai divulgar o Financial Stability Review, um documento publicado duas vezes por ano que aponta para as possíveis fontes de riscos e vulnerabilidade na estabilidade financeira dos países que partilham o euro.

Consumidores confiam na economia brasileira?

Numa altura em que a crise política domina a situação brasileira, o Instituto Brasileiro de Economia revela a sondagem de confiança dos consumidores em maio. Depois de uma recuperação nos primeiros três meses do ano, este indicador diminuiu em abril e prevê-se que em maio, dada a polémica com o atual Presidente do Brasil, a confiança dos consumidores brasileiros baixe.

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Mais de sete anos depois, Oliveira e Costa conhece sentença

O antigo banqueiro é acusado de sete crimes, entre os quais burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Aos 82 anos, conhece a sentença do processo principal do BPN.

A 24 de novembro de 2009, depois de um ano de investigação, o Ministério Público acusava 24 arguidos no caso Banco Português de Negócios (BPN). Passaram 2.737 dias e os 14 dos 24 arguidos que estão em julgamento conhecem, esta quarta-feira, a sentença do processo principal do BPN. Entre eles, José de Oliveira e Costa, o fundador e antigo presidente do banco que faliu em 2008, acusado de sete crimes. O Ministério Público pede 13 a 16 anos de prisão para o ex-banqueiro, hoje com 82 anos; a defesa fala em “prisão perpétua” para alguém desta idade e argumenta que os acionistas do BPN “nunca foram controlados por Oliveira e Costa”.

José de Oliveira e Costa, fundador e antigo presidente do BPN.Mário Cruz / Lusa

Pelas 10h00 desta quarta-feira, no Palácio de Justiça, em Lisboa, os 14 arguidos vão começar a ouvir as sentenças. José de Oliveira e Costa responde pelos crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documento, branqueamento de capitais, infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de ações. No epicentro destas acusações, o seu envolvimento no caso das offshore através das quais o BPN detinha o Banco Insular de Cabo Verde.

Para além deste processo, que é o principal do caso BPN, o antigo banqueiro está envolvido em vários outros ainda sem fim à vista, que implicam também nomes como o de Arlindo de Carvalho, antigo ministro da Saúde, ou Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica. Ao todo, a Polícia Judiciária entregou ao Ministério Público os relatórios finais relativos a 12 inquéritos relacionados com o BPN. Já o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), segundo o Jornal de Notícias, terá aberto entre 20 e 24 inquéritos relacionados com o colapso e nacionalização do BPN.

Entre estes, e ainda de acordo com o Jornal de Notícias, há oito inquéritos que já foram encerrados: três arquivados e cinco com despacho de acusação contra 41 arguidos. Nos processos arquivados conta-se o de Dias Loureiro, ex-ministro do PSD.

Da renúncia à nacionalização em nove meses

Oliveira e Costa abandonou a presidência do grupo Sociedade Lusa de Negócios/BPN em fevereiro de 2008, invocando problemas de saúde, numa altura em que a sua liderança era colocada em causa por alguns dos acionistas. Dias depois da renúncia, o antigo banqueiro vê-se envolvido na Operação Furacão, o processo que se arrasta desde 2005 e que investiga crimes financeiros.

Em outubro de 2008, Miguel Cadilhe, antigo ministro das Finanças que entretanto tinha assumido a presidência da SLN, denunciou crimes financeiros que envolviam três quadros superiores do grupo SLN.

No centro das “irregularidades” estava a identidade do proprietário do Banco Insular de Cabo Verde, que, veio a saber-se depois, era detido pelo BPN. O banco ocultou este facto através de uma offshore de Londres, detida, por sua vez, por outras duas offshore, sedeadas em Gibraltar. Através do Banco Insular, terão sido realizadas operações de crédito num balcão virtual, nunca reportadas ao Banco de Portugal, que resultaram em perdas calculadas entre os 700 e os 800 milhões de euros. Foram estas perdas que fizeram com que o BPN deixasse de cumprir os rácios de solvabilidade exigidos pelas entidades reguladoras.

Chegados a novembro de 2008, o governo de José Sócrates anuncia que vai propor a nacionalização do BPN, depois de ter descoberto um buraco de 700 milhões de euros nas contas do banco. A nacionalização foi aprovada a 5 de novembro de 2008. No dia 20, Oliveira e Costa é constituído arguido e detido por suspeitas de burla, branqueamento de capitais e fraude fiscal.

16 anos de prisão por “ludibriar acionistas”? É “prisão perpétua”

Oliveira Costa é considerado pelo Ministério Público como o principal responsável pelos crimes, juntamente com os ex-administradores Luís Caprichoso e Francisco Sanches. No despacho de acusação emitido em 2009, o Ministério Público dizia que estes três arguidos “atuaram com o propósito de impor os seus interesses individuais de perpetuação nos cargos e de prevalência dos negócios por si idealizados, sobre os interesses das sociedades que lhes competia administrar”. Ao mesmo tempo, “conjugaram esforços no sentido de ludibriar acionistas e criar falsos cenários às entidades de supervisão de forma a fazerem impor estratégias de negócio pessoais, aceitando fazer as entidades por si administradas pagar e sofrer perdas para criar os referidos cenários e formas de engano de terceiros”.

Os administradores terão também alterado “registos contabilísticos de forma a ocultar e a justificar as suas atuações de apropriação de fundos e de obtenção de ganhos, em particular ocultando o seu benefício e a utilização de contas junto do Banco Insular e do BPN Cayman“.

"[Oliveira e Costa, Luís Caprichoso e Francisco Sanches] conjugaram esforços no sentido de ludibriar acionistas e criar falsos cenários às entidades de supervisão de forma a fazerem impor estratégias de negócio pessoais.”

Ministério Público

Despacho de acusação

O Ministério Público acusa ainda Oliveira e Costa e Luís Caprichoso de terem atuado com o objetivo de “deitarem a mão a fundos criados ou disponíveis nas instituições que geriam, apesar de saberem que não lhes pertenciam e que deviam atuar perante esses fundos como entidades autónomas”. Por fim, acusa o Ministério Público, o antigo banqueiro procurou “obter vantagens fiscais, para si e para terceiros, através da utilização de documentos que fez produzir e sem correspondência com a realidade em atos públicos e com relevância fiscal”.

Por todas estas acusações, o Ministério Público pede uma pena de prisão entre os 13 e os 16 anos para Oliveira Costa. Mas o antigo banqueiro, “obviamente, não foi o único” a cometer crimes dentro do BPN, admite o procurador Jorge Malhado. Por isso, pediu penas de prisão para 14 dos 16 arguidos. Para o “número dois” Luís Caprichoso, pede entre dez a 12 anos de prisão.

"Os acionistas que se diz terem sido controlados por Oliveira e Costa são os mesmos que o obrigaram a renunciar aos cargos no grupo em fevereiro de 2008.”

Filipe Baptista

Advogado de Oliveira e Costa

A defesa de Oliveira Costa, por seu lado, argumenta que “os acionistas nunca foram controlados por Oliveira Costa“. Nas alegações finais deste julgamento, o advogado Filipe Baptista referiu que “os acionistas acreditaram no projeto que Oliveira Costa liderava até meados de 2007” e que “o alegado controlo acionista é uma mera teoria que ficou desmascarada”. Prova disso, defende, é que “os acionistas que se diz terem sido controlados por Oliveira e Costa são os mesmos que o obrigaram a renunciar aos cargos no grupo em fevereiro de 2008”.

A defesa invoca ainda “erros grosseiros” na contabilização das perdas. Segundo Filipe Baptista, o Ministério Público terá duplicado os créditos concedidos pelo Banco Insular e as perdas terão sido, no máximo, de 550 milhões, e não de 700 a 800 milhões, como referido pela acusação.

Sobre os 13 a 16 anos de prisão que o Ministério Público, a defesa não tem dúvidas: tendo em conta a idade de Oliveira Costa, e “considerando a esperança média de vida”, este é “um pedido de prisão perpétua”, o que “não é sequer aplicável” no sistema judicial português.

Fatura do BPN já ultrapassa três mil milhões

No final de 2009, quando avançou com a acusação no caso BPN, o Ministério Público sustentava que as práticas levadas a cabo pelos 24 arguidos lesaram o Estado em 104,9 mil euros sem sede fiscal, pedindo, em representação do Estado, uma indemnização desse mesmo valor. Hoje, como se sabe, a fatura é bem mais elevada que isso.

Os dados do Tribunal de Contas relativos a 2015 apontam para que o prejuízo com as empresas herdeiras do BPN (a Parvalorem, a Parups e a Parparticipadas, que gerem os ativos tóxicos do banco falido) seja já de 3.241 mil milhões de euros. A somar a este montante estão capitais próprios negativos, destas três empresas, no valor de 2.201 milhões de euros, que também poderão ser suportados pelo Estado.

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Tristram Stuart: mudar de atitude sem desperdiçar

  • ECO + National Geographic
  • 23 Maio 2017

Premiado internacionalmente, o orador e ativista é especialista em impactos ambientais e sociais decorrentes do desperdício de alimentos. Vai estar em Lisboa para a National Geographic Summit.

Tristram Stuart é um autor premiado a nível internacional, orador, ativista e especialista em impactos ambientais e sociais decorrentes do desperdício de alimentos. Os seus livros foram descritos como “uma contribuição genuinamente reveladora para a história das ideias humanas” (The Times) e o seu TED talk já foi visto mais de um milhão de vezes.

A organização que fundou – -Feedback –, disseminou o seu trabalho em 12 países em todo o mundo de forma a mudar a atitude da sociedade em relação ao desperdício de alimentos. Tristram é também o fundador da Toast Ale, uma cerveja lançada no Reino Unido em 2016 que é feita com pão fresco produzido em excesso.

Na sua intervenção na National Geographic Summit, Tristram Stuart vai falar-nos do impacto do desperdício alimentar a nível global, lembrando-nos que “reduzir o desperdício de alimentos é uma forma deliciosa de poupar dinheiro, ajudar a alimentar o mundo e proteger o planeta”. É um dos três nomes internacionais a participar no evento de dias 25 e 26 de maio, em Lisboa.

 

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Plano de Trump leva Wall Street para quarta sessão de ganhos

Trump corta custos, os mercados aplaudem: as bolsas subiram, o petróleo negociado em Nova Iorque valorizou e o dólar também.

Donald Trump quer cortar 3,6 biliões de dólares em despesa ao longo dos próximos dez anos. E os mercados aplaudem. As bolsas norte-americanas encerraram no verde pela quarta sessão consecutiva, num dia em que os investidores foram animados pela perspetiva de um crescimento mais expressivo da maior economia do mundo.

Na apresentação do orçamento, o secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Steve Mnuchin, assegurou que o plano tem condições para impulsionar o crescimento económico, através da atração de investimento e da criação de emprego. E os mercados reagiram bem: o índice de referência S&P 500 fechou a subir 0,19%, para os 2.398,49 pontos, impulsionado, sobretudo, pelo setor financeiro. Já o tecnológico Nasdaq avançou 0,08%, para os 6.138,71, enquanto o industrial Dow Jones ganhou 0,21%, para os 20.937,91 pontos.

O índice industrial foi ajudado pelas cotadas do setor petrolífero, num dia em que a matéria-prima negociada em Nova Iorque valorizou perto de 1%, estando a negociar acima da fasquia dos 51 dólares por barril. O petróleo tocou mesmo em máximos de um mês, numa altura em que os mercados antecipam o anúncio do prolongamento do corte de produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que deverá ser feito na quinta-feira.

Em terreno positivo esteve também a moeda norte-americana. O dólar valorizou perto 0,5% contra o euro, para 1,12 dólares, a beneficiar também do plano anunciado pelo governo de Trump.

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Por que há tantos portugueses no Luxemburgo? 1.999 euros

O Presidente da República inicia esta terça-feira uma visita de três dias ao país onde mais de 16% da população residente é portuguesa. O que atrai os portugueses ao Luxemburgo?

“Quando um Presidente de Portugal vem ao Luxemburgo, é sempre uma festa”. A acreditar nas palavras do ministro luxemburguês dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Rebelo de Sousa prepara-se para ser recebido em festa quando, esta manhã, aterrar no grão-ducado, acompanhado por membros do Governo português.

O Presidente da República vai estar no país até quinta-feira para se encontrar com altos cargos luxemburgueses e participar no programa “Diálogos com a Comunidade”. Depois da Bélgica e do Reino Unido, a terceira edição deste programa vai discutir com a comunidade portuguesa no Luxemburgo assuntos como a tributação do património e fiscal, o ensino do português e igualdade de género.

Quem é esta comunidade? E por que escolhem o Luxemburgo?

Mais de 92 mil cidadãos de nacionalidade portuguesa vivem no Luxemburgo, o que equivale a mais de 16% da população residente no país. Para além destes, há que contar com a segunda e terceira gerações de portugueses. Desde 2013 que o Luxemburgo tem caído entre as escolhas dos emigrantes portugueses, mas, todos os anos, mais de 3.500 portugueses continuam a emigrar para lá. Apenas 4% da população portuguesa no Luxemburgo tem o ensino superior completo — um número que começa a aumentar, com a nova vaga de emigração qualificada. Condições financeiras, apoios do Estado e boas perspetivas de futuro ajudam a que a comunidade se mantenha por lá.

“Em pouco tempo, as pessoas conseguem ter uma estabilidade financeira positiva e, consequentemente, uma vida emocional estável. Conseguem dar uma vida bem melhor aos filhos e ter uma perspetiva de futuro bem melhor”, diz ao ECO Soraya Monteiro, que viveu no Luxemburgo entre 2007 e 2014, e onde começou a trabalhar aos 15 anos.

Começando pela “estabilidade financeira positiva”. O Luxemburgo é um dos países com menor taxa de desemprego na Europa, a rondar os 6%, e paga o salário mínimo mais elevado da União Europeia: 1.999 euros. É um cenário bem diferente do que se encontra em Portugal, onde a taxa de desemprego está nos 10% e o salário mínimo nacional é de 557 euros.

Luxemburgo tem o salário mínimo mais alto da União Europeia

Fonte: Eurostat. Dados relativos a 1 de janeiro de 2017. O salário mínimo nacional em Portugal é de 557 euros. O gabinete de estatísticas contabiliza os subsídios de férias e de Natal.

Em contrapartida, o Luxemburgo tem um custo de vida bem mais elevado. A renda de um apartamento com um quarto no centro da capital custa uma média de 1.300 euros, baixando para perto de 1.000 euros fora do centro. Isto quando o salário médio praticado no país ronda os 2.700 euros.

Para fazer face a esta situação, o Governo luxemburguês concede, desde janeiro de 2016, um subsídio de renda de até 300 euros a famílias com baixos rendimentos. Este ano, os critérios de acesso a este subsídio vão ser reavaliados e o limite mínimo de rendimentos poderá baixar.

Já as contas de eletricidade, aquecimento e água ultrapassam os 200 euros por mês, num apartamento com 85 metros quadrados, enquanto um passe mensal custa 25 euros. A comunidade portuguesa é uma das mais afetadas por estes custos elevados. Em 2015, os emigrantes portugueses foram os que mais recorreram às cantinas sociais da associação “Stëmm vun der Strooss” (“Voz da Rua”), que serve refeições a sem-abrigo e pessoas em situação precária.

Ainda assim, o retrato da segunda e terceira gerações de portugueses a viver no Luxemburgo está a mudar e a comunidade está a tornar-se mais qualificada. “A maioria das pessoas veio sem nada e trabalhava na construção, mas, hoje, a segunda e terceira gerações trabalham também nos serviços, nos bancos, nos seguros”, o que mostra que a integração é “um grande sucesso”, dizia, há um ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo.

“São poucos os que não seguem estudos superiores, porque há uma ajuda do Estado para todos os estudantes”, lembra Soraya Monteiro, que pinta um país acolhedor para os jovens. No país onde “o clima não permite ter uma vida social ativa”, onde “tudo fecha cedo” e onde “a juventude não tem muito para fazer”, é “normal os estudantes trabalharem, porque ganha-se bem e porque os estudantes não descontam para o Estado”. A diferença em relação a Portugal? “Sobretudo, os salários, que permitem aos estudantes terem dinheiro suficiente para terem uma vida mais autónoma, e os horários, que são vantajosos para quem estuda”.

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Trump quer cortar 3,6 biliões de despesa em 10 anos

  • Lusa
  • 23 Maio 2017

Os maiores cortes na despesa acontecem no apoio aos mais necessitados. Já as forças militares vão receber mais dinheiro.

A proposta de orçamento da Casa Branca apresentada esta terça-feira prevê um corte da despesa do governo americano em 3,6 triliões de dólares (mais de 3,2 biliões de euros) nos próximos 10 anos, eliminando proteções sociais e aumentando as despesas militares. O orçamento ainda tem, contudo, de ser aprovado pelo Congresso, devendo sofrer grandes alterações na Câmara dos Representantes e no Senado, ambos controlados pelo partido Republicano.

Os maiores cortes na despesa acontecem no apoio aos mais necessitados, incluindo uma redução de 1,4 biliões no Medicaid (o programa que fornece cuidados de saúde a pessoas de classe baixa sem seguro de saúde) e cerca de 192 mil milhões em vales de comida.

A despesa aumenta no lado dos esforços militares. O Pentágono deverá receber um aumento de 52 mil milhões de dólares, enquanto a Segurança Nacional deverá contar com 1,6 mil milhões de dólares dedicados ao início da construção do muro com o México em 2018.

Desta forma, Trump cumpre a promessa de campanha de não fazer cortes na segurança social e Medicare (programa que fornece cuidados de saúde para idosos).

 

Numa declaração enviada à agência Lusa, o congressista republicano David Valadão disse que “com a dívida nacional a subir para 18 biliões de dólares e um défice anual de 500 mil milhões, os EUA precisam reduzir a despesa federal para proteger a economia para a próxima geração de americanos”.

Neste plano orçamental, Trump garante que, com uma taxa de crescimento otimista de 3% (superior à prevista pelo Congresso, que se fica pelos 1,9%), o equilíbrio orçamental seria alcançado no final da década.

 

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Impugnação à resolução do BES vai a julgamento

  • Lusa
  • 23 Maio 2017

Com argumentos diferentes, todos pedem o mesmo: que seja anulada a deliberação de 3 de agosto do Banco de Portugal, que levou à resolução do BES e criação do Novo Banco.

O Tribunal Administrativo de Lisboa escolheu julgar apenas um dos 20 processos que pedem a impugnação da resolução do Banco Espírito Santo (BES). A sentença que resultar deste julgamento será válida para os restantes processos, já que todos defendem a nulidade da deliberação do Banco de Portugal.

A decisão foi tomada pelo juiz-presidente Benjamim Barbosa, num despacho a que a Lusa teve acesso, datado do início deste mês.

No documento, o juiz diz que há cerca de 20 processos pendentes no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa que pedem a impugnação da deliberação do Banco de Portugal de 3 de agosto de 2014, que levou à resolução do BES e à constituição do Novo Banco. Apesar de os argumentos serem diferentes, a questão central é a mesma, pelo que é necessário que seja “dada uma só resposta jurisdicional a tal questão”, até para “evitar a prolação de decisões contraditórias que só desprestigiam a justiça”.

O juiz recorre, assim, ao Código do Processo nos Tribunais Administrativos para fazer uso do mecanismo de resolução de processos em massa e decidir dar andamento apenas a um processo, evitando anos de litigação em tribunal.

“Feita uma análise e reanálise exaustiva aos diversos processos verifica-se que o processo em que a questão é debatida em maior extensão, quer no domínio dos factos, quer no âmbito da aplicação do direito, é o processo n.º 2586/14.3BELSB, pelo que entendemos que deve ser este o processo selecionado, pese embora a sua enorme complexidade”, lê-se no despacho a que a Lusa teve acesso.

Quanto aos restantes processos, é determinado que fiquem suspensos à espera da sentença do processo selecionado.

O processo que será julgado diz respeito a uma ação que pede a anulação da deliberação do Banco de Portugal e que foi colocada por 19 fundos de investimentos internacionais, que têm como mandatário o advogado Nuno da Silva Vieira. A Lusa contactou o advogado, que não quis prestar declarações.

Ainda no despacho, o juiz Benjamim Barbosa mostra-se preocupado com o “atraso significativo” verificado na resolução destes processos, ainda em primeira instância, o que relaciona com a sua complexidade. Contudo, acrescenta, essa “complexidade não justifica a eternização dos mesmos”, considerando que a demora nestes processos “ultrapassou já a fronteira da razoabilidade”.

“A sua repercussão mediática, a magnitude das questões que neles se discutem bem como os interesses que lhes subjazem, permitem afirmar que há um inegável interesse público no desfecho tão atempado quanto possível dos mesmos”, refere o juiz, defendendo que há “urgência” nestas sentenças.

Ainda no despacho, o juiz-presidente dá dez dias para o exercício do contraditório, o que se aplicará tanto aos mandatários dos restantes processos como à entidade em causa, o Banco de Portugal. A Lusa contactou fonte oficial do Banco de Portugal, mas, até ao momento, não foi possível obter qualquer comentário.

Além disso, fica sem efeito um despacho anterior em que juiz decidiu o envio do mesmo processo para o Supremo Tribunal Administrativo.

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“A banca portuguesa tem excesso de liquidez”

Paulo Macedo diz que a última década foi uma "década perdida para o setor". Que os lucros dos próximos anos não vão compensar perdas passadas, mas que a banca está melhor. E tem excesso de liquidez.

Paulo Macedo traçou o cenário negro que a banca portuguesa viveu nos últimos anos no 3º Encontro Fora da Caixa, que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) faz com clientes. Mas o presidente executivo da CGD está agora mais confiante para o futuro. Diz que o setor já se recompôs. E tem “excesso de liquidez”, pelo que quer dar crédito mas “a bons projetos”.

O presidente executivo do banco estatal fez o retrato daquilo a que chama “a década perdida para o setor”, dizendo que os lucros “dos próximos cinco anos não vão compensar as perdas dos últimos cinco”. “Houve uma transferência [de riqueza] dos acionistas da banca para os acionistas das empresas insolventes”, atirou no encontro que decorreu em Lisboa, na Aula Magna.

Atualmente, Macedo mostra-se otimista e diz que a banca já tem “excesso de liquidez”. O rácio de transformação da banca, hoje em dia, ronda ou está abaixo dos 100%. O da CGD está em 90,6% e, segundo Paulo Macedo, isto aumenta a segurança dos bancos. “A Caixa quer conceder crédito a bons projetos. Tem liquidez e um bom rácio de transformação”.

Para Lisboa, onde decorreu este encontro, Macedo diz que a CGD tem 25% de quota e que tem disponíveis “quatro mil milhões para renovação de linhas de crédito” na região.

Sobre o futuro, diz que a CGD é um “banco sólido”. “Estaremos aqui daqui a dois, cinco ou dez anos, mais próximos dos clientes. A administração está serena, mas pronta para a luta”, garante. Isto numa altura em que o banco está a encerrar balcões. Em relação à geografia da CGD, Macedo disse que “França é rentável e próxima dos emigrantes”. Quanto a Almeida, “não há qualquer dúvida, não há qualquer dado novo”, apontando no sentido de que a decisão de encerrar o balcão é irreversível. Mas diz que o banco tem vindo “a satisfazer as necessidades das pessoas”.

A nível interno, Paulo Macedo refere que a CGD abriu este ano um programa de reformas e pré-reformas “em condições ímpares” e os trabalhadores não só “estão a aderir”. O plano de recapitalização do banco estatal que foi acordado com Bruxelas prevê que a CGD reduza em 2.500 o número de colaboradores.

Já no final, à conversa com os jornalistas, Macedo qualificou de “excelente notícia” a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), já que “dá margem de manobra ao país e aumenta a confiança na banca”. Mais importante que o PDE é, para Macedo, o rating da República, “devido à ligação entre a notação da CGD e a do país”.

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Estes portugueses podem ser os melhores da Europa. Basta votar

Entre os nomeados das 26 categorias a concurso estão cinco nomes nacionais. As votações decorrem online. Vencedores são conhecidos a 13 de junho.

Unbabel, Hole19, Uniplaces, Carlos Silva (fundador da Seedrs) e Beta-i são os cinco nomeados portugueses e potenciais vencedores dos prémios europeus para as melhores startups, empreendedores e aceleradores da conferência The Europas.

Organizada por Mike Butcher, jornalista do TechCrunch, a conferência celebra anualmente o que de melhor se faz na Europa em matéria de empreendedorismo. As votações estão abertas online. Os vencedores das 26 categorias serão conhecidos a 13 de junho.

Veja os melhores momentos da edição do ano passado:

Pode votar aqui nos nomeados.

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Formação e competências são imperativos para o crescimento

Crescer é um imperativo da economia nacional. Para isso, dizem os empresários, é necessário apostar na formação e nas competências. Até porque a mão-de-obra começa a escassear.

O crescimento temporário não resolve os problemas estruturais da economia“. A frase é de Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga, e foi proferida durante a sessão “O dilema do crescimento”, uma iniciativa da Associação Industrial do Minho e da Associação Missão Crescimento. Mas, para crescer, é preciso apostar na formação e nas competências, numa altura em que vários setores de atividade começam a queixar-se da falta de mão obra.

Numa altura em que os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de um crescimento do PIB para os três primeiros meses do ano de 2,8%, o tema do crescimento ganha novos contornos.

Carlos Oliveira diz que “o modelo económico do país foi alterado” e foi isso que levou a que, desde 2011, as exportações tivessem crescido cerca de 6/7 pontos percentuais. O presidente da InvestBraga salientou ainda durante a sua intervenção que não existem setores tradicionais e de alta e baixa tecnologia. “O que existem são setores inovadores”, afirma.

Ainda a propósito do aumento das exportações registado em Braga, e que fez com que o concelho esteja no top ten das exportações nacionais, Carlos Oliveira acrescenta: “Este top ten será rapidamente ultrapassado”.

Para Carlos Oliveira, “todo o crescimento da Delphi e da Bosch está alicerçado em conhecimento e são as empresas e os empresários que tornam relevantes as dinâmicas de crescimento”.

De resto, a ideia do papel central do crescimento económico estar dependente dos agentes privados vem desembocar na ideia defendida por Jorge Marrão, presidente da Associação Missão Crescimento. Marrão defende que o problema do crescimento é do “regime político” e dos dogmas que foram criados ao longo dos anos.

Para Jorge Marrão, as políticas públicas são sempre muito paternalistas, mas o que devem fazer é “criar condições, ou melhor, fazer o terreno para os empresários. Alguém há de sobreviver”.

"As empresas têm uma forma de serem escrutinadas, a falência. Quem é incompetente tem que sair.”

Jorge Marrão

Presidente da Associação Missão Crescimento

De resto, Marrão defende que “as empresas têm uma forma de serem escrutinadas: a falência. Quem é incompetente tem que sair”.

Tempo da mão-de-obra barata acabou

E aos empresários, o que os assusta e preocupa verdadeiramente? António Carlos Rodrigues, presidente executivo da construtora Casais e representante da Ordem dos Engenheiros do Minho, deu a sua visão. O problema, afirma, passa pela formação e pelas competências.

A Casais, que curiosamente completa esta terça-feira 59 anos de vida, diz que “falta mão-de-obra em Portugal”.

Para António Rodrigues “a construção e a engenharia civil estão condenadas a aumentar a produtividade porque deixamos de ser mão-de-obra barata. Aliás, agora já nem mão- de-obra temos”.

O problema, diz o homem forte da Casais, resolve-se através da “importação e integração de mão-de-obra”. E como exemplo dá o caso alemão: “Sabem integrar muito bem a mão-de-obra que vão buscar fora”.

Para António Rodrigues, “no nosso caso temos a lusofonia e portanto só temos que trabalhar a parte profissional porque a língua não é um problema”. Ainda assim, deixa alguns avisos aos aspetos burocráticos que é preciso resolver para que esta solução possa ser incrementada.

A Casais, de resto, criou há uns anos o passaporte das competências com o objetivo de saber exatamente o que cada um dos seus trabalhadores faz. Mas António Rodrigues diz que isto “devia ser uma competência do Estado”. “O mercado continua ainda hoje a ser muito desregulado”, assegura.

“Não podemos subir salários a qualquer um, devia haver um reconhecimento de competências e não devia ser eu a ter que criar o meu próprio sistema”.

A falta de mão-de-obra qualificada não é um problema apenas do setor da construção. Outros setores de atividade, nomeadamente a metalomecânica, têm vindo a queixar-se do mesmo.

Para Rui Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas, o problema resolve-se através do ensino profissionalizante. “Algo que existiu em Portugal e que a Câmara de Comércio Luso-Alemã efetivou nos anos 90 com sucesso”.

Rui Martinho defende que este é um sistema que existe em países como a Alemanha e a Áustria e que, em Portugal, é mais do que necessário”. Até porque, acrescenta: “Não aproveitar esses jovens é um erro”. De resto, o erro estende-se também a cursos universitários que “não se adequam ao mercado de trabalho e que não têm empregabilidade sequer no mercado europeu”.

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O Governo autoriza despedimentos? Não, mas pode permitir que mais pessoas recebam subsídio

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 23 Maio 2017

Quando o contrato termina por acordo, há quotas no acesso ao subsídio de desemprego. A limitação desaparece se o Governo reconhecer o estatuto de empresa em reestruturação.

O Primeiro-Ministro afiançou esta terça-feira que “não dará qualquer autorização” para despedimentos na Altice, aludindo assim a uma notícia do semanário Expresso, que afirma que o Executivo já foi abordado, ainda que informalmente, para avançar com um plano de cortes na PT.

Mas o que significa exatamente esta “autorização”? O que está aqui em causa é o pagamento de subsídios de desemprego a trabalhadores que rescindem por mútuo acordo. A legislação institui quotas nestes casos, o que significa que há trabalhadores que podem ficar sem proteção social caso aceitem a rescisão. E isto tem naturalmente efeitos no próprio processo de negociação: sabendo que ficará sem emprego e sem subsídio, o trabalhador pode acabar por resistir ao acordo. Mas também há forma de alterar este travão: pedindo ao Governo que reconheça o estatuto de empresa em reestruturação.

O que está em causa?

Entre outros critérios, o subsídio é pago a quem perdeu o emprego de forma involuntária e descontou durante, pelo menos, 12 meses nos últimos dois anos. No conceito de desemprego involuntário, são consideradas as rescisões por acordo que tenham por fundamento motivos que permitam recorrer a despedimento coletivo ou extinção de posto de trabalho, embora com quotas:

  • Nas empresas com até 250 trabalhadores, o subsídio de desemprego abrange até três trabalhadores ou até 25% do quadro de pessoal, em cada triénio;
  • Nas empresas com mais de 250 trabalhadores, o subsídio pode chegar a 62 trabalhadores ou até 20% do quadro de pessoal, com um limite de 80 trabalhadores em cada triénio.

No entanto, a legislação também define como desemprego involuntário os contratos que cessam por acordo noutras condições específicas, nomeadamente quando estão em causa motivos de reestruturação, viabilização, recuperação ou situação económica difícil da empresa. Para escapar às quotas, os empregadores podem assim solicitar ao Governo o estatuto de empresa em reestruturação, se demonstrarem que é preciso ultrapassar as quotas impostas para garantir a viabilidade. Para isso têm de contar com um despacho favorável dos Ministérios do Trabalho e Economia.

No sábado, o Expresso noticiou que a Altice já abordou, ainda que informalmente, o Governo para avançar com um plano de emagrecimento agressivo na PT. O objetivo seria rescindir contrato com cerca de três mil trabalhadores, garantindo acesso ao subsídio. Fonte oficial da PT negava a existência de conversas, até informais, sobre este cenário, e o Ministério do Trabalho negava a entrada de qualquer pedido, afirmava na altura o Expresso. Esta terça-feira também não tinha chegado qualquer requerimento, confirmou entretanto o ministério de Vieira da Silva ao ECO.

Em entrevista à Lusa, o presidente executivo da Altice, Michel Combes, garantiu ainda que “não há planos de despedimento coletivo” na PT Portugal e afirmou que existem “muitos rumores” sobre a empresa.

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Estado conclui venda da ex-Qimonda à Amkor Technology

A Nanium (ex-Qimonda) já não é gerida pela Aicep. O Governo concluiu a venda da companhia à Amkor Technology, recuperando 8,9 milhões em incentivos concedidos e que ainda não tinham sido reembolsados.

O Governo anunciou a conclusão da vendeu da Nanium, a empresa que nasceu da falência da Qimonda, aos norte-americanos da Amkor Technology. A Nanium era detida em 17,88% pela AICEP em representação do Estado, somando ainda duas participações de 41,06% detidas pelo BCP e pelo BES.

Segundo um comunicado, a operação permite recuperar mais de 8,9 milhões de euros em créditos remanescentes concedidos como incentivos no âmbito do programa de incentivos à modernização da economia e do sistema de incentivos do QREN. O Estado prevê recuperar ainda, “de forma gradual, a componente capital investida na empresa, resultante do processo de insolvência da Qimonda”.

A Nanium atraiu a Amkor Technology pelos “produtos de alta qualidade tecnológica” que fabrica. A empresa de Vila do Conde ainda hoje fornece “soluções de embalagens de semicondutores”, um negócio de interesse para os norte-americanos sedeados no Arizona. “A solução agora encontrada é estratégica e económica e financeiramente vantajosa para o Estado e para os trabalhadores da empresa”, lê-se na nota enviada às redações.

“A aquisição da Nanium pela Amkor é um passo sólido para a viabilidade e crescimento a médio e a longo prazo da empresa, enquadrada num grupo que é o segundo maior do setor a nível mundial, com um volume de negócios, em 2016, de 3.900 milhões de dólares. É de sublinhar que ficam desde logo protegidos os cerca de 550 postos de trabalho, muitos deles altamente qualificados, numa empresa emblemática para a região norte do país e para a economia nacional, representando mais de 35 milhões de euros de exportações”, refere o gabinete do secretário de Estado da Internacionalização.

Por fim, o Governo considera que a operação, proposta pela Aicep, visa “evitar futuros investimentos” de dinheiros públicos na empresa, ou a “consequente perda de valor em decurso das suas permanentes necessidades”. “A Amkor, pela sua dimensão e capacidade financeira, tem condições para assegurar os significativos investimentos que a Nanium requer nos próximos anos, única forma de manter a sua competitividade internacional”, conclui o documento.

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