Wall Street vacila com medo do Congresso

Os principais índices norte-americanos fecharam em queda, com os investidores de pé atrás depois de ter sido adiada a votação do projeto de lei do programa de saúde da administração de Donald Trump.

O sentimento negativo marcou a negociação dos principais índices bolsistas norte-americanos que encerraram a sessão desta quinta-feira em terreno ligeiramente negativo. Numa sessão que foi condicionada pela expectativa em relação à votação do projeto de lei do programa de cuidados de saúde da administração de Donald Trump, a notícia de que esta já não se realizaria hoje, acabou por ditar o desfecho negativo da sessão bolsista norte-americana.

O S&P 500 terminou a sessão a perder 0,11%, para os 2.345,96 pontos, enquanto o Dow Jones deslizou 0,02%, até aos 20.656,58 pontos. Já o tecnológico Nasdaq desvalorizou 0,07%, para os 5.817,69 pontos, quedas que refletiram os receios dos investidores relativamente às reticências que o adiar da votação do projeto de lei do programa de cuidados de saúde da administração de Donald Trump poderá ter sobre a prossecução das políticas pró crescimento, promovidas na campanha eleitoral pelo candidato republicano, já que faz antecipar a oposição por parte do Congresso dos Estados Unidos. A votação poderá acontecer já nesta sexta-feira.

O deslize das ações norte-americanas está a ser condicionado pela travagem dos ganhos dos títulos do setor financeiro e pela queda das tecnológicas.

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Fundos especulativos ficaram com 41% da emissão da CGD

Maioria da emissão de dívida subordinada da CGD ficou mãos de investidores estrangeiros, com os hedge funds a ficarem com uma parcela de 41%, confirmou a CGD em comunicado enviado à CMVM.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi ao mercado para obter 500 milhões de euros através de títulos de dívida subordinada, com grande parte da emissão a ficar nas mãos de fundos especulativos. Segundo o comunicado enviado à CMVM pela CGD, esta quinta-feira, 41% dos 500 milhões de euros foram adquiridos por hedge funds, enquanto as gestoras de ativos ficaram com a maior parcela: 49%. Nas mãos de investidores portugueses ficou uma pequena parcela do montante total — 14% — enquanto a maior parte rumou a investidores do Reino Unido (59%).

“A CGD concretizou hoje a emissão em mercado de valores mobiliários representativos de fundos próprios adicionais de nível 1 (Additional Tier 1), no montante de 500 milhões de euros, junto de mais de 160 investidores institucionais”, confirma a CGD no comunicado enviado à CMVM, acrescentando que “o montante final alocado aos investidores institucionais nesta emissão da CGD foi distribuído por gestoras de ativos (49%), hedge funds (41%) e seguradoras (5%) e com uma origem geográfica diversa, com destaque para o Reino Unido (59%), Portugal (14%), Suíça (8%), Espanha (6%) e França (5%)”.

No comunicado, o banco público confirma a procura elevada tal como já tinha sido antecipado por fontes próximas da operação, com a procura a ascender a 2.000 milhões de euros. “Na sequência do roadshow concluído em 22 de março, a procura dos investidores pelos títulos revelou-se elevada e consistente, tendo o livro de ordens alcançado um montante global superior a 2.000 milhões de euros, mais de quatro vezes o montante da emissão”, diz a Caixa.

a taxa acabou por não descer muito face aos termos iniciais, com essa a fixar-se nos 10,75%, tal como a Bloomberg já tinha antecipado. “A taxa de juro do cupão fixou-se em 10,75%, claramente abaixo do intervalo inicial de preço (entre 11% e 11,5%), refletindo a referida procura o conjunto de riscos intrínsecos deste tipo de instrumentos, a ausência de emissões similares de emitentes nacionais, o fato da CGD não ser um banco cotado em Bolsa, bem como as recentes comunicações de agentes de mercado”, refere a esse propósito a Caixa.

A CGD tinha revelado, antes da operação, que no roadshow realizado nas principais praças europeias sentiu “um forte interesse” dos 120 investidores institucionais com quem esteve reunido. Investidores estes que demonstraram “profundo conhecimento acerca da CGD e do setor financeiro português”.

Esta transação permite concluir a segunda fase do Plano de Recapitalização da CGD, num montante total de 3.000 milhões de euros, no decorrer deste mês.

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Carlos Costa: Salgado já não era idóneo em janeiro de 2014

O governador do Banco de Portugal disse a Ricardo Salgado, em janeiro de 2014, que já não tinha condições para continuar no BES. E que, diz, seria responsabilizado pelos atos na área não financeira.

O governador do Banco de Portugal diz que foi em janeiro de 2014 que fez saber a Ricardo Salgado que já não tinha condições para se manter à frente do Banco Espírito Santo (BES). Na comissão de Orçamento e Finanças (COFMA) sobre a atuação do banco central na resolução do BES, Carlos Costa diz que lembrou Salgado que tinha de assumir as responsabilidades resultantes dos atos na área não financeira.

Carlos Costa esclarece que foi logo no início de 2014 que retirou a idoneidade a Ricardo Salgado. Na comissão sobre a atuação do Banco de Portugal no processo de resolução BES, a deputada bloquista Mariana Mortágua recorda a última audição de Carlos Costa, em que lhe perguntou se não retirou a idoneidade a Ricardo Salgado porque não podia ou porque não queria. Na altura, Carlos Costa disse que não podia, face à legislação de então.

“Mantém essa resposta?”, pergunta a deputada do Bloco de Esquerda. Carlos Costa responde: “O objetivo do Banco de Portugal é assegurar o melhor governo das instituições. Nem sempre aquilo que se ambicionava era possível”. Mariana Mortágua insiste: “Alguma vez disse a Ricardo Salgado que ele já não tinha idoneidade?” “Claro que sim”, confirma Carlos Costa. E quando disse isso? “Em janeiro de 2014?”, pergunta Mortágua. “Exatamente”, diz o governador. Então, por que não agiu antes? “Uma coisa é ter a presunção, outra coisa é ter a confirmação legal”, afirma o governador.

Carlos Costa dá mais detalhes sobre a conversa com Salgado: “Em 17 de janeiro de 2014, lembrei a Ricardo Salgado que os atos que praticava fora da área financeira eram avaliados por questões de idoneidade. Tinha de assumir as responsabilidades resultantes” desta área.

O governador está no Parlamento pouco mais de dois anos depois da falência do BES. O governador explica, numa primeira fase da audição, a definição de perímetros e medidas tomadas no âmbito do processo de resolução do Banco Espírito Santo e a situação atual do Novo Banco. Numa segunda parte, prestará contas sobre a atuação do banco central na resolução do banco que faliu no verão de 2014.

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Vender Novo Banco em 2015? Governo tinha um “cutelo em cima da cabeça”

O governador do Banco de Portugal diz que não vender o Novo Banco em 2015 foi acertado. Um Governo que tinha "um cutelo em cima da cabeça tinha de jogar com o tempo e a oportunidade", diz.

Carlos Costa defende que não vender o Novo Banco em 2015 foi o “acertado” para o banco e para a economia. O governador do Banco de Portugal explica na comissão de Orçamento e Finanças (COFMA) que o banco central não fez uma recomendação de venda, como fez agora, porque as “condições oferecidas não eram as melhores”. E acrescenta que o Governo teve de jogar com o tempo e as oportunidades, já que tinha um “cutelo em cima da cabeça”.

Não vender o Novo Banco em 2015 “foi acertado para o banco e para a economia”, diz Carlos Costa aos deputados na COFMA. O governador do Banco de Portugal refere que um “Governo que tinha um cutelo em cima da cabeça tinha de jogar com o tempo e oportunidade”.

Questionado por Carlos Silva, do PSD, sobre a razão pela qual o banco de transição não foi vendido nessa altura, o governador do Banco de Portugal dá três motivos. Em primeiro lugar, “em 2015, os riscos no balanço do Novo Banco ainda não estavam mapeados. Isto é importante porque o comprador, quando compra, compra com incerteza, se esses riscos não estão mapeados”.

Em segundo, “ainda não estavam definidos, pelo quadro do Mecanismo Único de Supervisão, quais eram os rácios de capitais que tinham de ser cumpridos. Existir um rácio de 10% ou 12% é muito diferente para um comprador, porque determina a injeção de capital que terá de fazer”.

“O terceiro é a própria situação do comprador. Tínhamos dois compradores de origem chinesa. O primeiro afastou-se, o segundo manteve-se em negociações exclusivas mas foi apanhado pela crise da bolsa de Shangai. Nunca nos explicou por que não avançou com uma oferta vinculativa mas, tendo nós um ano para cumprir a venda, não havia nenhuma razão para assumir esse risco”, explica Carlos Costa.

O governador esclarece também que as condições não eram as melhores. “O Banco de Portugal não decidiu não vender, decidiu não fazer uma recomendação de venda, como hoje fez. Porque entendíamos que as condições oferecidas não eram as melhores e, além disso, havia um ano concedido pela Direção-Geral da Concorrência que valia a pena aproveitar. A decisão foi acertada quer para o banco, quer para a economia portuguesa”, acrescenta.

Carlos Costa está no Parlamento pouco mais de dois anos depois da falência do BES. O governador explica, numa primeira fase da audição, a definição de perímetros e medidas tomadas no âmbito do processo de resolução do Banco Espírito Santo e a situação atual do Novo Banco. Numa segunda parte, prestará contas sobre a atuação do banco central na resolução do banco que faliu no verão de 2014.

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CGD: Regulamento aprovado e audições só a partir de 18 de abril

  • Lusa
  • 23 Março 2017

Segunda comissão parlamentar de inquérito sobre banco público aprovou esta tarde o regulamento e os partidos têm até terça-feira às 12h00 para pedirem documentação e audições.

A segunda comissão parlamentar de inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos aprovou hoje o seu regulamento e os diversos partidos têm até às 12:00 de terça-feira para pedirem documentação e requererem as audições.

O social-democrata José Pedro Aguiar-Branco, que preside aos trabalhos, estimou também que as audições entretanto requeridas só serão efetuadas a partir de 18 de abril e que as reuniões ordinárias serão realizadas sempre pelas 18:00 de cada quinta-feira.

Já na próxima terça-feira, 28 de março, após a receção dos diversos pedidos por parte dos grupos parlamentares, a sua análise e diligências necessárias ficarão a cargo da mesa e dos coordenadores, numa reunião de cúpula, agendada para as 17:00.

Relativamente ao regulamento, em tudo semelhante a outras comissões de inquérito, houve uma proposta do PCP que foi aprovada pela maioria (PS, BE PCP) contra a vontade de PSD e CDS-PP, no sentido de o quórum se registar com a presença de três partidos e não de quatro, além das presenças aritmeticamente necessárias.

Atualmente, está em funcionamento uma comissão de inquérito, constituída ainda na anterior sessão legislativa, que se debruça sobre a gestão da CGD desde o ano 2000 e sobre os motivos que estão na origem da necessidade de recapitalização do banco público.

Um dos pontos centrais da nova comissão – e que está expresso no requerimento que a fundamenta – será apurar se “é verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues]”, o que tem sido negado por Mário Centeno.

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BCP com ordem para avançar

O disparo de 5% das ações do banco liderado por Nuno Amado foi o principal destaque num dia em que o PSI-20 valorizou mais de 1%.

O BCP foi a estrela da sessão bolsista lisboeta no dia em que o Caixa BI deu ordem de subida às suas ações, ao atribuir-lhes um potencial de valorização de 50% face à atual cotação. As ações do banco acabaram por disparar perto e 5%, ajudando o PSI-20 a terminar a sessão com o melhor registo desde o dia 1 de março.

O índice bolsista nacional terminou a ganhar mais de 1%, com a maioria das suas cotadas com sinal positivo. O PSI-20 acompanhou o desempenho dos principais pares bolsistas do Velho Continente que foram animados pelas mineiras e pela banca.

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Ainda tem idoneidade enquanto governador? “Claro que sim”

O governador do Banco de Portugal considera que tem os requisitos necessários para continuar no cargo. Isto numa altura em que é questionado porque não retirou a idoneidade a Ricardo Salgado.

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal.Paula Nunes / ECO

“Considera que ainda reúne os requisitos necessários de idoneidade? Claro que sim.” É assim que o governador do Banco de Portugal responde ao PCP a na comissão de Orçamento e Finanças sobre a definição de perímetros e medidas tomadas no âmbito do processo de resolução do Banco Espírito Santo e a situação atual do Novo Banco. Uma audição que se vai dividir em duas fases. Numa segunda parte, Carlos Costa irá prestas contas sobre a atuação do banco central na resolução do banco que faliu no verão de 2014.

Pouco mais de dois anos depois da falência do BES, o governador do Banco de Portugal regressa ao Parlamento para falar sobre o processo de resolução do banco de onde resultou o Novo Banco. Questionado pelo deputado comunista Miguel Tiago se “considera que, nos termos da lei, ainda reúne os requisitos necessários” relativamente à sua própria idoneidade, Carlos Costa é direto: “Claro que sim”. Esta é a resposta do governador que se vê envolto numa polémica que gira em torno da reportagem da SIC, o “Assalto ao Castelo”. O castelo, entenda-se, é o Banco de Portugal, descrito como “uma fortaleza protegida pelas muralhas do segredo”.

Nesta reportagem, o governador do Banco de Portugal é acusado de ter tido acesso a informação que lhe teria permitido afastar Ricardo Salgado muito antes da derrocada do GES, no verão de 2014. “O Banco de Portugal tem sido transparente e leal. Entreguei todas as informações que foram pedidas. O conselho de administração do Banco de Portugal trabalhou sempre em unanimidade. Em todos os atos, sempre que não houve limites legais à partilha, a informação foi partilhada”, argumenta o governador aos deputados.

Carlos Costa insiste na resposta que já tem dado por várias vezes. “Não se despoleta um processo de retirada de idoneidade se não se tem a segurança jurídica sobre esse mesmo processo”, começa por dizer. Para que pudesse iniciar esse processo, o Banco de Portugal precisaria que se reunissem três condições: “ter factos comprovados, que esses factos configurem uma situação relevante do ponto de vista sancionatório, e era preciso que tivesse transitado em julgado”, enumera.

RERT? “Não podíamos fazer nada”

Sobre o RERT (regimes excecionais de regularização tributária), Carlos Costa diz que o Banco de Portugal teve conhecimento desse processo porque o próprio Ricardo Salgado deu conhecimento disso. “Havia possibilidade de fazer alguma coisa disso? Não, porque a entrega dos RERT não podia, de forma nenhuma, ser usada. Se tivéssemos, nessa altura, querido fazer apelo a essa circunstância, estávamos limitados pela lei, que diz claramente que esse facto não pode ser usado contra o declarante”.

“A jurisprudência nessa matéria, referida a essa época, é muito clara. Não é apenas porque o governador tem uma intuição ou um facto, que pode retirar a idoneidade. Era preciso que houvesse uma condenação com trânsito em julgado”, continua o governador. E termina: “Retirar a idoneidade é um ato de grande gravidade. Estou convencido, e não serei o único porque há um ilustre constitucionalista que o escreveu, que o Banco de Portugal tem atuado de forma segura”.

Carlos Costa continuará a responder aos deputados quando, por volta das 19h, começar a segunda parte desta audição. Desta vez no âmbito do pedido feito pelo Banco de Portugal que “dirigiu à Comissão para prestar contas sobre a atuação do banco central, defender a sua reputação e proteger a confiança do público na eficácia e na diligência da supervisão bancária acerca da resolução do Banco Espírito Santo”, como se lê no site do Parlamento.

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Custo das emissões do Estado sobe para 3,4% este ano

Fruto das condições mais adversas do mercado, o custo da nova dívida de Portugal aumentou dos 2,5% para os 3,4% no início deste ano.

Cada ida de Portugal ao mercado de dívida desde o início do ano está a custar mais aos cofres públicos. O IGCP quantificou esta quinta-feira o aumento dos encargos com as novas emissões realizadas este ano: o custo médio da nova dívida emitida em 2017 subiu para 3,4%, face à taxa de 2,5% que o Tesouro português pagou em média no ano passado.

Portugal já arrecadou pouco mais de um terço do financiamento de longo prazo previsto para 2017. Mas as condições que tem encontrado desde o início do ano têm sido mais adversas, ao ponto de atirar o custo da nova dívida para máximos desde 2014, ano em que a taxa se fixou nos 3,6%, segundo o boletim mensal do instituto que gere a dívida pública.

Além disso, o custo médio das novas emissões encontra-se já acima do custo médio do stock da dívida, que se situava no final do ano passado nos 3,2%.

Custo da dívida direta do Estado

Fonte: IGCP (valores em %)

Desde o início do ano, a agência que gere a dívida pública já angariou um total de 5.292 milhões de euros com a venda de Obrigações do Tesouro, com custos mais elevados. Durante o mesmo período, também levantou 4,25 mil milhões em Bilhetes do Tesouro.

Os analistas têm desvalorizado esta subida dos encargos com a nova dívida. A equipa de research do BPI dizia esta semana que “em 2017, apesar da previsível subida no custo da dívida emitida, não deve haver haver motivos para preocupações face às taxas de juro atuais, tendo em conta que a taxa de juro média paga pelo Estado português está bem ancorada abaixo de 4%”.

“Mesmo assumindo um custo hipotético de 5,5% nas futuras emissões (média anual), será preciso chegar até 2019 para a taxa de juro média superar os 4%”, reforçou o BPI.

O aumento do custo de financiamento acompanha o agravamento das taxas de juro praticadas em mercado secundário este ano. A yield implícita nas obrigações a dez anos, a referência no mercado, negoceia atualmente à volta dos 4,2%, comparados com os 3,76% registados no final de 2016.

Vários fatores têm concorrido para este aumento das taxas, desde as perspetivas para a inflação, a redução do ritmo de compras do Banco Central Europeu (BCE), até fatores mais específicos relacionados com Portugal, nomeadamente as fragilidades do setor financeiro e dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida, conforme têm apontado regularmente as agências de notação financeira internacionais.

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Função Pública também quer mudanças nas pensões antecipadas

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 23 Março 2017

FESAP não aceita que as medidas que beneficiam as longas carreiras contributivas se cinjam à Segurança Social.

A Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) também quer alterações nas pensões do Estado que permitam beneficiar as longas carreiras contributivas. O Governo anunciou ontem as linhas gerais do novo modelo de reformas antecipadas que vai ser aplicado na Segurança Social e, apesar de não ter afastado alguma convergência com o regime da Função Pública, explicou que não era esse o modelo que estava neste momento a ser trabalhado.

“Depois de o Governo ter legislado no sentido de possibilitar que os elementos das forças militares possam reformar‐se antecipadamente com 60 anos de idade e 40 de descontos, sem qualquer penalização, e de ser agora claro, através das palavras do Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, que serão implementadas medidas no sentido de despenalizar as reformas antecipadas no setor privado, torna‐se incompreensível que o mesmo não seja feito para os trabalhadores da Administração Pública, uma vez que, no seu programa, é o próprio Governo a considerar inaceitáveis as penalizações em vigor”, afirmou a FESAP em comunicado.

A estrutura liderada por José Abraão quer reunir-se com os ministros do Trabalho e das Finanças para discutir o assunto. “De acordo com a imprensa, Vieira da Silva terá dito explicitamente que algo será feito no sentido da despenalização na Administração Pública, mas não para já, invocando o facto de os trabalhadores do setor público estarem sob a alçada do regime autónomo da Caixa Geral de Aposentações, pelo que a FESAP reitera a necessidade de se realizar urgentemente reuniões tanto com o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, como com o Ministro das Finanças (ambas solicitadas há já algum tempo)”, continua o comunicado.

O modelo ontem apresentado pelo ministro Vieira da Silva prevê o fim do fator de sustentabilidade mas admite, ao mesmo tempo, o ajustamento no corte de 0,5% por cada mês de antecipação face à idade legal de reforma. E quem tiver mais de 48 anos de descontos poderá abandonar precocemente o mercado de trabalho sem qualquer corte. Pegando no atual regime transitório, a reforma antecipada será uma via aberta para pessoas com mais de 60 anos de idade e 40 de descontos, além dos regimes específicos (como o de desemprego), que se mantêm.

“A despenalização das longas carreiras contributivas para efeitos de aposentação antecipada dos trabalhadores da Administração Pública tem sido uma constante nas reivindicações da FESAP, que não aceita as violentas penalizações que se verificam atualmente na Administração Pública”, adianta ainda o comunicado da federação.

“Depois de se terem verificado, nos últimos anos, milhares de aposentações antecipadas com penalizações que chegaram, nalguns casos, a cerca de 50%, os trabalhadores da Administração Pública não aceitarão que se mantenha o fator de sustentabilidade de 13,88% e penalizações de 6% ao ano nas suas pensões antecipadas e, indignados, certamente encontrarão as formas mais adequadas de demonstrarem o seu descontentamento junto do Governo caso este não venha a negociar com as organizações sindicais, já este ano, a justa despenalização das carreiras contributivas mais longas”, conclui a FESAP.

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Moody’s mantém rating da CGD com perspetiva “estável”

  • Lusa
  • 23 Março 2017

A agência de notação financeira manteve o rating do banco público, deixando-o com perspetiva "estável". Entende que o processo de recapitalização é crítico para o banco liderado por Paulo Macedo

A agência de notação financeira Moody’s decidiu manter o ‘rating’ da Caixa Geral de Depósitos (CGD) inalterado em “B1”, com ‘outlook’ (perspetiva) “estável”, na sequência dos resultados de 2016 recentemente anunciados e das metas do plano de reestruturação.

O ‘rating’ de “B1” é relativo à dívida de longo prazo e aos depósitos do banco público, vincou em comunicado a Moody’s Investors Service.

Quanto ao processo de recapitalização em curso, a Moody’s entende que o mesmo é “crítico” para a estabilização da capacidade de absorção de perdas da CGD e para a execução da transformação estrutural até 2020, que visa o regresso à rentabilidade do banco estatal.

A CGD fechou esta quinta-feira a emissão de dívida subordinada no montante de 500 milhões de euros, uma parte importante da operação de recapitalização em curso no banco público. No prazo de 18 meses será realizada a restante emissão de dívida, de 430 milhões de euros.

A emissão de dívida faz parte do processo de recapitalização do banco, com o objetivo de aumentar o seu capital em cerca de 5.000 milhões de euros, o que servirá para assumir maiores níveis de imparidades (perdas potenciais, nomeadamente com créditos), cumprir rácios de capital (indicadores de solvabilidade da instituição) mais exigentes e ainda fazer face aos custos da reestruturação que será feita (sobretudo saída de pessoal, nomeadamente através de reformas).

Do valor total do aumento de capital, já foi executada a primeira fase, que equivale a cerca de 1.300 milhões que vieram de operações contabilísticas (a integração da ParCaixa e a conversão para capital das obrigações contingentes subscritas pelo Estado em 2012, os chamados ‘CoCos’).

Já o restante valor de 2.700 milhões vai ser uma injeção de dinheiro direta do Estado e cerca de 1.000 milhões de euros de emissão de dívida subordinada que conta para efeitos de capital.

A CGD apresentou prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros em 2016, mais de dez vezes o resultado negativo de 171 milhões de euros de 2015.

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Um quinto dos desempregados transitam para a pensão

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 23 Março 2017

Livro Verde sobre as Relações Laborais, apresentado na quarta-feira, faz um retrato do mercado de trabalho.

Parte “substancial” dos desempregados que esgotam o subsídio de desemprego não volta ao mercado de trabalho porque transita para a pensão. De acordo com dados do Livro Verde sobre as Relações Laborais, nesta situação estão 20,4% dos desempregados que chegaram ao fim da prestação no decurso de 2015.

“Uma parte substancial destes beneficiários com prestação terminada, principalmente entre os de idade mais avançada, não regressa ao mercado de trabalho porque se torna pensionista. No universo de beneficiários que esgotaram o prazo de atribuição da prestação em 2015, um quinto era pensionista da Segurança Social em 2016“, diz o documento.

Porém, a percentagem de pessoas que regressa ao mercado de trabalho é maior — “cerca de 40% estavam já a trabalhar por conta de outrem, ao passo que 8% estavam enquadrados enquanto trabalhadores independentes”, continua o Livro Verde. Há ainda a ter em conta 1,6% de desempregados que voltaram a receber prestações de desemprego, “estando aqui incluídos os primeiros beneficiários de uma nova prestação criada ao abrigo da Lei do Orçamento do Estado de 2016 que visa precisamente apoiar os desempregados de longa duração cujo subsídio social de desemprego tenha expirado um ano antes e para os quais se mantenham as condições de atribuição”.

Fonte: Livro Verde Sobre as Relações Laborais

Outros pontos em destaque

O Livro Verde sobre as Relações Laborais faz um retrato do mercado de trabalho e aborda múltiplas áreas. Estas são algumas das conclusões:

Horários flexíveis. Só cerca de 23,7% dos trabalhadores por conta de outrem cumpre um horário de trabalho normal, sem recurso a qualquer tipo de modalidade de flexibilidade. Quer isto dizer que aproximadamente 76% está abrangido por modelos de flexibilidade (nomeadamente adaptabilidade, banco de horas ou horários concentrados).

Despedimentos. O número é reduzido mas os despedimentos durante o período experimental parecem ganhar peso. Se, em dezembro de 2011, 1,7% dos subsídios de desemprego iniciados tinham por base a denúncia no período experimental, aquele valor avança para 3,3% em dezembro de 2015. Esta percentagem já ultrapassa a dimensão dos despedimentos coletivos. Sem surpresa, a maior parte dos subsídios de desemprego iniciados tem origem no fim de contratos a termo.

Sindicalização. Há 377 associações sindicais registadas no Continente, entre sindicatos, federações, uniões e confederações. Os dados, de 2015, apontam por outro lado para 384 associações de empregadores. Em 2014, 19% das empresas declaravam ser filiadas em associações de empregadores. Mas apenas 3,7% indicava ter trabalhadores sindicalizados. De acordo com os dados do Livro Verde, só 9,2% dos trabalhadores eram sindicalizados em 2014.

Recibos verdes. O número de trabalhadores independentes que recebem 80% ou mais dos seus rendimentos de uma única entidade empresarial — o que pode indiciar um caso de “falso recibo verde” — aumentou em 2015. Nesse ano, existiam 41.399 “recibos verdes” nessa situação, número que compara com 32.655 no ano anterior ou 28.445 em 2013. Ainda assim, o número de trabalhadores independentes considerados economicamente dependentes era mais elevado em 2011, quando ultrapassou os 60 mil.

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PS vota contra proposta do PCP para a criação de comissão eventual sobre dívida

  • Lusa
  • 23 Março 2017

Posição final dos socialistas foi definida logo após ter terminado o debate de urgência requerido pelo PCP sobre dívida pública.

O vice-presidente da bancada socialista João Paulo Correia afirmou hoje à agência Lusa que o PS vai votar contra a proposta do PCP para a criação de uma comissão eventual sobre endividamento público e externo nacional.

A posição final dos socialistas foi definida logo após ter terminado, esta tarde, em plenário, o debate de urgência requerido pelo PCP sobre dívida pública.

Tal como a agência Lusa adiantou, os socialistas demarcam-se da iniciativa da bancada comunista, que deverá ser objeto de votação na sexta-feira, por considerarem que a missão de acompanhamento da dívida pública portuguesa cabe à Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças.

No limite, segundo a bancada do PS, apenas se justificaria a criação de um grupo de trabalho sobre dívida no âmbito da Comissão de Orçamento e Finanças.

Por outro lado, o deputado independente do PS Paulo Trigo Pereira, em declarações agência Lusa, defendeu que, pela parte dos socialistas, a análise referente ao endividamento público e externo do país “já está feita”.

Em conferência de imprensa, na passada terça-feira, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, defendeu que o problema do endividamento público e externo do país coloca Portugal numa situação de dependência externa muito significativa e sobretudo com dificuldades em dar resposta a problemas económicos como o apoio aos setores produtivos”.

João Oliveira justificou a proposta do PCP no sentido de ser criada uma comissão eventual com a necessidade de se dar “um tratamento institucional”, ao nível da Assembleia da República, a um “dos constrangimentos centrais que se colocam ao país”.

Na sequência dos acordos para a formação do atual executivo, no final de 2015, o PS formou um grupo de trabalho com o Bloco de Esquerda sobre o peso da dívida na economia portuguesa.

Esse grupo de trabalho — do qual fazem parte João Galamba e Paulo Trigo Pereira pelo lado dos socialistas, e Francisco Louçã e Pedro Filipe Soares do lado do Bloco de Esquerda — prepara-se já para elaborar o relatório final.

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