A nova sede da Apple vai deixar algumas maçãs de fora
A nova sede da Apple foi inaugurada em 2017 mas os funcionários continuam em negociações com a empresa sobre as mudanças de escritórios. Pelos vistos, a "nave espacial" não tem espaço para todos.
A Apple inaugurou em abril de 2017 a sua nova sede, em Silicon Valley. O Apple Park, como é chamado, resulta de um projeto idealizado por Steve Jobs, com a capacidade para receber 12 mil colaboradores. O problema é que, quase um ano depois, vários funcionários continuam em negociações com a empresa para se mudarem para os novos escritórios, e tudo devido à falta de espaço para todos.
Semelhante a uma nave espacial, a nova sede da Apple foi inaugurada no início deste ano, num investimento que rondou os cinco mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros). O novo edifício, referido por muitos como “o anel”, está localizado a cerca de 4,8 quilómetros da antiga sede em Cupertino, na Califórnia. O problema é que, no total, a empresa conta com 25 mil, e não há espaço para todos na nova sede.
Objetivo é reunir todas as pessoas num só lugar? Parece que não…
Oito meses depois, vários funcionários da Apple revelam ao Business Insider (conteúdo em inglês) que continuam em negociações com a empresa sobre as suas mudanças para os novos escritórios. Alguns deles sabem que estão em processo de mudança, mesmo que ainda estejam à espera de uma data, mas outros já suspeitam que deverão continuar nas antigas instalações por ainda não terem recebido qualquer informação sobre o assunto. “Aqui ninguém é informado sobre nada, a menos que precise realmente de saber. E se não está em processo de mudança, então não precisa de saber“, disse um funcionário da Apple, ao Business Insider.
Este é um problema que tem gerado problemas maiores no funcionamento interno da “marca da maçã”, originando uma espécie de separação por hierarquias. A nave espacial tem um lugar garantido para a maioria das posições de topo da empresa, como o CEO Tim Cook, várias equipas de desenvolvedores de software e de design, que irão ocupar alguns dos melhores locais do quarto andar do edifício.
No entanto, os cargos de “menor relevo”, como os funcionários da App Store ou do retalho, deverão continuar nos antigos escritórios, o que significa que estas pessoas terão de recorrer constantemente aos serviços de transporte da empresa quando for necessário comparecer nas reuniões. “A maioria dos que aqui continuam usam regularmente uma carrinha para se deslocar para as reuniões, desperdiçando tempo e espaço”, contou um funcionário. “Qualquer um pensaria que um dos pontos principais de um campus de cinco mil milhões de dólares fosse reunir todas as pessoas num só lugar”.
Os funcionários que tiveram a sorte de se mudarem para o Apple Park vão ter ainda acesso a um número maior de vantagens sobre os restantes colegas. Nas novas instalações de 28 milhões de metros quadrados, há espaços de restauração, ginásio, um teatro para apresentações e ainda um enorme jardim com árvores de fruto. Contrariamente, nos antigos escritórios, as únicas opção de almoço passam por máquinas de venda automática.
“Ter tantas disparidades na qualidade do ambiente de trabalho por toda a empresa, cria uma certa hierarquia que incomoda e a falta de cultura de empresa unida”, disse um dos funcionários. “O Facebook, a Google e o Airbnb esmagam a Apple neste aspeto”.
Ainda assim, de acordo com o Business Insider, provavelmente existem certas razões para estas separações terem acontecido. Muitos dos “projetos especiais” da Apple operam nas áreas da saúde, realidade aumentada e robótica havendo, então, a necessidade de serem separados da sede por questões de segurança e confidencialidade.
A terceira construção mais cara do mundo
Os cinco mil milhões de dólares investidos na construção desta nova sede da Apple, tornaram-na no terceiro edifício mais caro do mundo, de acordo com a consultora imobiliária Emporis. Em primeiro lugar está o arranha-céus Abraj Al Bait, em Meca, que custou 15 mil milhões de dólares (12,7 mil milhões de euros) e, logo depois, o hotel casino Marina Bay Sands, em Singapura, que custou 5,5 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros).
De acordo com um estudo da Google, as primeiras projeções do edifício, em 2011, estimavam um investimento inferior a três mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros), o que acabou por não acontecer. Ainda que a empresa tenha dito que procurava encontrar maneiras de reduzir os custos antes da construção, o certo é que isso não foi possível. E tudo porque Steve Jobs insistia que a nave espacial tinha de ter certos toques estéticos que a tornassem “única e linda” e “mais cara”, escrevia a Bloomberg.
O Apple Park é 100% sustentado a energia solar e, à sua volta, estão mais sete mil árvores de fruto e plantas, sendo que 80% dos escritórios possuem espaços verdes. Para reduzir o consumo elétrico, a nave espacial é constituída por três mil vidros curvos, permitindo a entrada de luz natural. Conforme disse Jony Ive, responsável pela equipa de Design da Apple, os funcionários terão à sua disposição cerca de mil bicicletas e carros de golfe elétricos para se deslocarem no interior da sede.
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