BCE afasta subida dos juros em 2018. Draghi critica EUA por comentários sobre dólar
Draghi garantiu que ainda não prepara terreno para acabar com os estímulos. Subida de juros só em 2019, estimou o presidente do BCE que deixou críticas à Mnuchin por causa da queda do dólar.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) vê poucas hipóteses de uma subida das taxas de juro ainda este ano e afastou a ideia de inversão no discurso oficial que sinalizasse o fim dos estímulos monetários. “Ainda não podemos declarar vitória”, sublinhou Mario Draghi esta quinta-feira numa conferência de imprensa dominada pela excessiva valorização do euro e pelas críticas ao secretário de Estado do Tesouro americano.
Draghi começou logo por clarificar aquilo que os mercados vinham interpretar como o início do fim dos estímulos na Zona Euro, depois de as atas da última reunião ter revelado que dentro do Conselho de Governadores houvesse quem achasse necessário uma mudança no discurso do BCE.
“Vários membros ficaram surpreendidos com a reação dos mercados às atas. E pediram-me para clarificar: não há diferença entre as atas e a conferência de dezembro sobre o nosso guidance“, disse o italiano. Aliás, “discussões sobre o guidance não começaram na verdade”, assegurou. Mais tarde, questionado sobre se via o BCE a subir juros este ano, Draghi foi bem claro: “Com base na informação de hoje e na projeção atual, vejo muito poucas probabilidades de que as taxas de juro sejam aumentadas este ano”.
Isto apesar de ter adiantado que a economia cresceu a um ritmo “sólido” e que a expansão económica evidenciada na segunda metade de 2017 “foi acima do esperado”.
Ao mesmo tempo que Draghi manifestava otimismo quanto à economia, o euro acelerava e acelerava para superar os 1,25 dólares, renovando máximos de mais de três anos. E o tema da excessiva valorização da moeda única acabaria por ocupar grande parte do encontro com os jornalistas.
Draghi foi respondendo que não faz parte do mandato do BCE fixar um objetivo para a taxa de câmbio — porque o banco central está mandato para controlar a estabilidade dos preços com a meta de cerca de 2% para a inflação — mas não deixou de evidenciar que um euro mais forte é “uma fonte de incerteza”.
Mas as perguntas os jornalistas sobre o tema não se ficariam por aqui. Poucos minutos depois, o presidente do BCE foi chamado a comentar as declarações do secretário de Estado do Tesouro americano, Steve Mnuchin, que disse esta quarta-feira que os EUA recebiam com agrado uma desvalorização do dólar devido ao seu impacto nas exportações. Draghi não mencionou nomes e foi cuidadoso na linguagem, mas a crítica foi enviada para o outro lado do Atlântico.
“Nós vamos abster-nos de desvalorizações competitivas e não vamos direcionar as nossas taxas de câmbio para fins competitivos. Reafirmamos o nosso empenho em comunicar claramente as posições políticas, evitar políticas orientadas para o exterior e preservar a estabilidade financeira global”, disse Draghi, lembrando por duas ocasiões aquilo que foi acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em outubro sobre guerras cambiais.
"Nós vamos abster-nos de desvalorizações competitivas e não vamos direcionar nossas taxas de câmbio para fins competitivos. Reafirmamos o nosso empenho em comunicar claramente as posições políticas, evitar políticas orientadas para o exterior e preservar a estabilidade financeira global.”
Draghi lembrou que parte da valorização da moeda única é natural pois evidencia a recuperação da região. Mas outra parte da recente volatilidade do euro foi causada “por outra pessoa” que utilizou linguagem… que não reflete os termos de referência que tinha sido acordados”.
Estes comentários de Draghi pouco impacto tiveram nos mercados. Uma hora depois do fim da conferência, o euro valoriza 0,87% para 1,2512 dólares.
Euro impressiona Draghi
Fonte: Reuters
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