Crédito fácil pode abalar estabilidade financeira, alerta o FMI
Os vários anos de crédito fácil podem vir a penalizar o crescimento económico, mas também aumentar a probabilidade de uma nova crise na banca. O aviso é deixado pelo FMI.
A política acomodatícia adotada pelo Banco Central Europeu (BCE) nos últimos anos deixou marcas no setor bancário. As instituições financeiras aproveitaram a onda de alívio das condições financeiras para cederem crédito fácil às famílias e empresas. Mas isto comporta um risco: se os bancos continuarem a ceder demasiados empréstimos podem vir a abalar a estabilidade financeira. O alerta é deixado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) num dos capítulos analíticos do World Economic Outlook divulgados esta terça-feira. Ou seja, o crédito fácil pode vir a penalizar o crescimento da economia, mas também aumentar a probabilidade de uma nova crise na banca.
“O longo período de alívio das condições financeiras vivido nos últimos anos criou receios de que os intermediários financeiros e investidores, numa procura por retorno, cederam demasiado crédito a devedores de maior risco, o que pode colocar em causa a estabilidade financeira“, afirma a entidade liderada por Christine Lagarde. Estes receios devem-se, explica o FMI, a “recentes sinais de determinados países de que períodos de taxas de juro baixas e condições financeiras fáceis podem levar a uma deterioração dos critérios de cedência de crédito”. E, consequentemente, a um aumento do risco de incumprimento destes empréstimos.
"O longo período de alívio das condições financeiras vivido nos últimos anos criou receios de que os intermediários financeiros e investidores, numa procura por retorno, cederam demasiado crédito a devedores de maior risco, o que pode colocar em causa a estabilidade financeira.”
A banca continua a limpar créditos do balanço. No total do ano passado, o malparado encolheu em 9,3 mil milhões de euros, tendo registado a maior queda trimestral de sempre no final de 2017.
Para o fundo, é preciso monitorizar o risco associado aos créditos de maneira a que as autoridades consigam mitigá-lo de forma atempada. Caso contrário, isto pode vir a penalizar “o crescimento do Produto Interno Bruto e aumentar a probabilidade de novas crises e stress no setor bancário”.
O Banco de Portugal também está preocupado com a evolução da concessão de crédito às famílias. Decidiu, por isso, recomendar aos bancos a imposição de limites a alguns dos critérios usados na avaliação de solvabilidade dos clientes. Em causa estão três medidas preventivas da iniciativa do regulador a aplicar nos novos contratos de crédito.
Em concreto, a criação de limites para o rácio entre o montante do financiamento face ao valor do imóvel que serve de garantia (LTV), o estabelecimento de um teto máximo para o rácio entre os encargos com créditos e o rendimento familiar, bem como uma limitação à maturidade dos empréstimos.
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