Capgemini quer atingir 200 trabalhadores em Évora, mas falta pessoal qualificado
A empresa de consultoria e tecnologia pretende recrutar mais trabalhadores, com a inauguração do novo escritório, mas diz não haver pessoal qualificado para o efeito.
O grupo multinacional de tecnologias de informação Capgemini, que já emprega 70 pessoas em Évora, quer chegar aos 200 postos de trabalho na cidade, até 2020, mas queixa-se da falta de mão-de-obra qualificada na região.
A empresa de consultoria, serviços, tecnologia e transformação digital, presente em Évora desde setembro de 2014, inaugurou esta terça-feira as novas instalações do seu Centro de Excelência (CoE) na cidade alentejana. “Inaugurámos um escritório para 200 pessoas, o que significa que há um reforço da nossa aposta por Évora”, onde, “até agora, temos cerca de 70 pessoas”, disse à agência Lusa o vice-presidente executivo do grupo Capgemini, Paulo Morgado.
No “espaço de dois anos”, ou seja, até 2020, a multinacional planeia que o CoE de Évora atinja esses 200 trabalhadores, mas tem tido dificuldades em recrutar pessoal qualificado, destacou o responsável. “Tivemos alguma dificuldade em crescer porque a Universidade de Évora não nos disponibiliza tantas pessoas quanto as que gostaríamos”, assumiu Paulo Morgado.
Segundo o vice-presidente executivo, esta dificuldade não acontece noutros locais onde a Capgemini está fixada, nomeadamente em Espanha, porque “as universidades locais conseguem disponibilizar os alunos” suficientes “para incorporar na organização”. “Ainda assim, resolvemos apostar em Évora na expectativa de que a universidade consiga, não só atrair estudantes, mas retê-los”, porque alguns “entram, mas não acabam o curso”, frisou, explicando que são necessárias “50 a 60 pessoas, como mínimo, todos os anos”.
E a empresa, salientou Paulo Morgado, está disponível para recrutar, não só licenciados em Informática, mas também “pessoas de outro tipo de cursos”, desde que “tenham tido cadeiras de Programação”. Este é um dos “dois fatores críticos” que o grupo quer resolver em Évora. O outro, assinalou, é a existência de “condições para poder fixar” pessoas de outras regiões, porque a cidade precisa de “mais casas” ou de “casas com rendas mais acessíveis”.
O CoE de Évora visa apoiar clientes de língua portuguesa, inglesa, espanhola, francesa e alemã e atrair recursos técnicos e tecnológicos altamente qualificados, aproveitando o tecido empresarial, económico e social e as infraestruturas da cidade. O facto de se tratar de um concelho do interior do país não representa qualquer desvantagem, porque o CoE de Évora concorre com centros idênticos em Espanha e na Índia e situados fora dos grandes centros urbanos.
“Évora tem excelentes condições porque é perto de Lisboa e, muitas vezes, as equipas precisam de ir à sede principal”, referiu Paulo Morgado, defendendo que Portugal tem é de “continuar a fornecer recursos, que são os alunos portugueses, que se fixam à frente dos espanhóis no domínio do inglês e, portanto, podem trabalhar em qualquer parte”.
Na inauguração desta terça-feira, sobre a falta de mão-de-obra, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, defendeu que deve ser feita “uma aposta” por parte das instituições públicas portuguesas para “responder a uma atividade que pode crescer significativamente nos próximos anos”. O autarca notou ainda que Évora tem “uma qualidade de vida excelente”, mas admitiu que é preciso “criar condições para fixar pessoas” e “dar condições de habitabilidade que sejam atrativas” e com “um valor de custo de vida competitivo”.
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