Três décadas em bolsa multiplicam Corticeira Amorim por dez
Deve a origem ao avô de Américo Amorim, que fundou em 1870 a fábrica de rolhas para garrafas de vinho do Porto. Após quase 150 anos, a Corticeira Amorim brinda 30 anos em bolsa a valer dez vezes mais.
Depois do BCP, da Mota-Engil, da Vista Alegre e da Ibersol, chega a vez de também dar os parabéns à Corticeira Amorim. A líder mundial de produtos de cortiça celebra este mês de abril 30 anos de vida em bolsa. No balanço dessas três décadas na bolsa nacional, pode dizer-se que “saltou a rolha” à Corticeira Amorim. Viu o seu valor de mercado multiplicar-se por dez vezes, para valer atualmente mais de 1,5 mil milhões de euros.
Mas a história da Corticeira é muito mais longa, e com altos e baixos. As suas origens remontam a 1870, ano em que o avô de Américo Amorim — António Alves Amorim — fundou a fábrica de rolhas para garrafas de vinho do Porto. 148 anos depois, o grupo transformou-se e cresceu, tendo registado só no ano passado mais de 700 milhões de euros em vendas em todo o mundo, onde é líder desde 1962 na produção de cortiça, com o mercado a atribuir-lhe atualmente uma capitalização bolsista de 1.511 milhões de euros.
Este valor corresponde a cerca de dez vezes mais a avaliação com que a empresa atualmente liderada por António Rios de Amorim se estreou no mercado acionista português a 19 de abril de 1988. Nessa altura, a capitalização bolsista da Corticeira Amorim combinada com a Amorim & Irmãos, a Champcork e a Ipocork, empresas com que se fundiu no ano seguinte ascendia ao equivalente a 165 milhões de euros.
A Corticeira Amorim entrou para a bolsa com cada ação a valer quatro contos e quatrocentos escudos, numa altura em que o mercado acionista português efervescia. Só no ano de arranque da sua história bolsista, para além da Corticeira Amorim, foram admitidas mais 33 empresas, que engrossaram para 158 o número de cotadas nacionais existentes no final daquele ano. Para ter uma noção, atualmente, a bolsa portuguesa tem apenas um terço dessas cotadas: mais especificamente 55.
Capitalização bolsista desde o início do século
Fonte: Euronext
Para além da Corticeira, em 1988 também se estrearam na praça bolsista nacional a Amorim & Irmãos, a Champcork e a Ipocork, empresas sobre as quais acabaria por lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) no ano seguinte. O ano de 1989 marcou ainda um aumento de capital da Corticeira Amorim, que passou dos 2,6 milhões de ações iniciais para 14 milhões.
Mas foi em 1993 que a empresa deu pela primeira vez o salto para o primeiro escalão do mercado acionista nacional, com a sua inclusão no PSI-20, naquele que foi o ano de estreia também para o índice de referência. Um salto que a cotada deu mais duas vezes, em 2004 quando voltou a ser reintegrada no PSI-20, acontecendo o mesmo em 2016, mantendo-se no índice desde essa altura.
O ano de estreia no PSI-20 é ainda marcado por um conjunto relevante de negócios a nível internacional para a empresa produtora de cortiça. Para além da constituição da Amorim France, a empresa agora liderada por António Rios Amorim, adquiriu a alemã Carl Meyes e a belga CDM. Estabeleceu ainda uma joint venture com a holandesa Kies Kurk.
Nos anos seguintes, seguiram-se várias outras aquisições, com a viragem do século a ser marcada por um aumento de capital e um stock split de 14 milhões para 133 milhões de ações, em 2000. No ano seguinte, em março de 2001, era dada uma grande viragem na liderança da Corticeira Amorim, com a passagem de testemunho de Américo Amorim para o atual CEO António Rios de Amorim.
O início do século, não foi contudo particularmente fácil para a vida da Corticeira Amorim, com a rolha de cortiça a entrar em declínio ao ver-se substituída por novos tipos de vedantes artificiais e metálicos. O contexto difícil do mercado da rolha de cortiça, também se refletiu em termos do desempenho bolsista da empresa.
Foram várias as decisões sobre a liderança de António Rios de Amorim que acabaram por permitir à empresa “dar a volta”. Este liderou a estratégia no investimento em I&D, departamento que foi criado em 2010, sendo investidos nos últimos 16 anos mais de 250 milhões de euros. O grupo já registou mais de 20 patentes.
Com este investimento e a confiança dos investidores, a Corticeira Amorim brindou todos em bolsa, tendo superado pela primeira vez mil milhões de euros de valor de mercado no início de agosto de 2016. Após o mínimo histórico estabelecido a 7 de abril de 2009, com as ações a recuarem até aos 56 cêntimos de euro, a Corticeira Amorim subiu, subiu até ao máximo histórico de 13,175 euros estabelecido a 20 de junho do ano passado — estão a valer 11,18 euros. Ou seja, em nove anos, as suas ações valorizaram mais de 2.000%.
Estrutura acionista da Corticeira
Houve ainda algumas alterações em termos de estrutura acionista que permitiram à Corticeira Amorim ganhar visibilidade no mercado. Em específico, duas colocações privadas realizadas, em 2015 (5,6% do capital) e 2016 (10 do capital), pelos três maiores acionistas que fazem parte do universo Amorim, e que permitiram aumentar o free float da Corticeira. Este passou de 10% em dezembro de 2014 para 25% no final de 2017.
Hoje em dia, 75% do grupo continua nas mãos de empresas associadas à família Amorim. Em específico, a Amorim Investimentos Participações (51%), a Investmark Holdings (14%) e a Amorim International Participations (10%).
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