Hub do Beato: Macedo Vitorino assessora este ‘gigante’ complexo de empresas
O Hub Criativo do Beato está em fase de reconversão para receber sedes de empresas em espaços de co-working. A Macedo Vitorino & Associados fez a assessoria.
Dos seus 35 mil metros quadrados, o Hub Criativo do Beato está em fase de reconversão para receber sedes de empresas em espaços de co-working. Mas não só: a ideia é trazer os lisboetas e estrangeiros para trabalhar fora de casa, ir a eventos culturais ou simplesmente passear num novo polo inovador e criativo na periferia da cidade. Para já, atrás da sua dinamização tem estado a Startup Lisboa e na assessoria jurídica a Macedo Vitorino. Fomos ver o que andam a preparar.
De um antigo complexo fabril do exército – onde se situava a ala sul da Manutenção Militar – nasceu o Hub Criativo do Beato ou HCB. É, pois, no Beato, zona ribeirinha oriental de Lisboa, e outrora sede de indústrias, onde a paisagem se confunde entre as fábricas abandonadas, o rio Tejo e novos espaços de lazer, desde restaurantes, cafés e bares, que começam a trazer uma nova vida e dinâmica àquela zona. Para muitos este já será o novo bairro cool situado entre o centro da cidade e o Parque das Nações. Mas estes 20 edifícios, distribuídos por cerca de 35 mil metros quadrados, prometem conferir um novo pulsar empreendedor a Lisboa.
Nos bastidores da dinamização deste hub está a Startup Lisboa, que, com a ajuda da Câmara Municipal de Lisboa a cargo de toda a infraestruturação do complexo, tem começado a selecionar as entidades e as empresas que se fixarão aqui. Atrás dessa escolha e do desenvolvimento do projeto está o ex-advogado José Mota Leal, project manager da Startup Lisboa, e que nos conta a origem deste polo criativo e o desafio que tem sido levá-lo para a frente.
“Este projeto nasce de uma intenção de Fernando Medina, na altura já presidente da Câmara de Lisboa, com dois grandes objetivos: primeiramente, criar um projeto que pudesse contribuir de forma marcante para desenvolver esta zona da cidade. Esta zona foi ao longo do século XX uma zona industrial. Funcionavam fábricas aqui e a atividade industrial foi gradualmente abandonando a cidade e deixando para trás uma área grande, socialmente deprimida e parcialmente abandonada. Passávamos por aqui a caminho da expo e ninguém parava no Beato e, por isso, havia a intenção da Câmara em ancorar o seu desenvolvimento”, explica. O segundo grande objetivo prendia-se com criar uma infraestrutura que ajudasse e desse mais força ao posicionamento de Lisboa. “Não apenas como cidade bonita, com bom tempo, gente simpática e onde se come bem, mas também como uma cidade tecnológica, empreendedora, criativa, aberta”.
Nos últimos anos de uso, estas fábricas foram perdendo relevância, deixou de haver um racional económico para manter o seu funcionamento. A última fábrica a encerrar foi precisamente a do pão, em 2011. Daí para cá este espaço estava abandonado, devoluto. A Câmara decidiu então negociar com o Estado, que é ainda proprietário do espaço
Segundo conta José Mota Leal, aqui funcionaram ao longo de todo o século XX, desde 1897, fábricas que produziam alimentação para as forças armadas a partir de cereal. “Fazia-se aqui farinha, e depois dessa farinha fazia-se pão, bolos de pastelaria, bolos secos, bolachas, tudo em enormes quantidades. A título de exemplo, na fábrica da massa produziam-se 18 toneladas de massa por dia, de esparguete e macarrão”.
“Nos últimos anos de uso, estas fábricas foram perdendo relevância, deixou de haver um racional económico para manter o seu funcionamento. A última fábrica a encerrar foi precisamente a do pão, em 2011. Daí para cá este espaço estava abandonado, devoluto. A Câmara decidiu então negociar com o Estado, que é ainda proprietário do espaço”. Foi assim que foi para a frente a ideia deste hub, que conta reunir no futuro cerca de três mil pessoas a trabalhar num espaço de inovação e sustentabilidade.
E é através de quatro eixos estratégicos que se organizam os objetivos do HCB: o primeiro é a produção de empreendedorismo, “ou seja, atrair para aqui incubadoras, co-works, investidores, co-living, com o pressuposto de não deslocalizar nada do que a cidade já tem. A ideia não é centrar num espaço projetos que já existissem na cidade, a ideia é trazer novos players e aumentar”. O segundo eixo centra-se nas atividades de investigação e desenvolvimento “queremos centros de competências, espaços de inovação abertos, spin-offs de universidades”, e o terceiro designa-se por scale ups and global companies, que passa por atrair algumas das grandes marcas globais – “as Googles deste mundo, por assim dizer”.
Por fim, o quarto eixo prende-se com as indústrias criativas. “Queremos atrair negócios muito centrados nas áreas de multimédia, do design, imagem, fotografa, som, arquitetura, moda… Atrair este tipo de empresas também porque achamos que se conseguirmos pôr à mesma mesa um engenheiro de software com alguém das indústrias criativas isso pode induzir só por si novos projetos”, esclarece o project manager.
Para criar uma comunidade vão também ser alocados vários serviços, como restaurantes, bares e cafés. “Tanto para os trabalhadores, como para os de fora, criando um novo spot da cidade. A ideia do hub é estar totalmente aberto e viver ao ritmo da cidade. Ir mudando a sua funcionalidade conforme o horário do dia, por isso, manter um horário alargado. Já estão a acontecer outros projetos aqui à volta”, refere. Todos os edifícios já receberam diversas propostas, e, na maioria dos casos, está já pronto o projeto geral que define os usos e funcionalidades para todos os edifícios. “Estamos agora a avançar com os processos de negociação para definir as entidades que vão ocupar os edifícios que faltam”.
Para já, empresas como as alemãs Factory e Mercedes Benz, escritórios da Web Summit, a nacional Super Bock e até a própria Startup Lisboa já estão confirmadas e com edifícios selecionados. E enquanto as obras não arrancam, prestes a começar, José Mota Leal fala dos eventos já desenvolvidos. “Quisemos desde já começar a marcar o projeto e atrair para aqui um conjunto de eventos para ajudar a posicionar o espaço e a torná-lo mais conhecido”, revela. Eventos como Sangue na Guelra, o World Press Photo, o Music Dance Fest e a Lisbon Beer Fest já pararam pelo Beato.
Macedo Vitorino — legal partner do HCB
Do lado da assessoria jurídica ao HCB, temos a sociedade de advogados Macedo Vitorino – seu legal partner. À conversa com a Advocatus, Guilherme Machado Dray, consultor deste escritório e especialista em direito do trabalho, civil e políticas públicas, conta como se tem desenvolvido esta parceria com o hub, desde a sua conceção como open-space para alocar empresas e startups até à gestão dos vários espaços e pessoas envolvidos.
“Temos uma longa tradição em trabalhar com investidores internacionais, a fazer uma advocacia de investimento e a dar-lhes apoio na área comercial, na fiscal, laboral, e na área societária. Está no nosso ADN fazer isso”, revela o advogado, que menciona ainda o apoio ao empreendedorismo que esta sociedade tem levado a cabo.
Tudo visto, um projeto destes como o HCB encaixa que nem uma luva. Esta parceria é uma forma de darmos o nosso apoio, o nosso know-how e expertise. Este movimento de trepidação em Lisboa é muito interessante e passa por nós. A cidade posiciona-se cada vez mais como cidade aberta, global, cosmopolita, com muitos jovens. E a parte internacional é boa para a produtividade do país. Queremos acompanhar isso.
“Tudo visto, um projeto destes como o HCB encaixa que nem uma luva. Esta parceria é uma forma de darmos o nosso apoio, o nosso know-how e expertise. Este movimento de trepidação em Lisboa é muito interessante e passa por nós. A cidade posiciona-se cada vez mais como cidade aberta, global, cosmopolita, com muitos jovens. E a parte internacional é boa para a produtividade do país. Queremos acompanhar isso”, faz saber.
Quanto ao apoio jurídico que prestam, para já, numa fase embrionária, passa pelo desenvolvimento do projeto, ao nível da sua execução, promoção e pela futura gestão do espaço. “É preciso para um espaço grande como aquele fazer uma seleção de quem se vai alocar ali. E nós damos apoio nesse sentido, em termos de referência, de criação de programas de concurso, de mecanismos de seleção, e depois, numa fase subsequente, entrar em negociação no que diz respeito à parte jurídica, e na formalização dos contratos de utilização. Portanto, nesta fase de execução e promoção, damos um apoio instrumental indireto jurídico, mas que é importante. E mais tarde quando estiver em operação haverá a necessidade de gerir o espaço”, explica o advogado.
Com uma equipa de seis pessoas a trabalhar no projeto, Guilherme Dray revela que o principal desafio neste momento é dar apoio para que o projeto passe para o terreno, que, com obras a iniciar em breve, se prevê que esteja pronto em meados de 2019. “É um projeto que foi já objeto de fase conceção, está em fase de implementação, e vamos dar apoio para que ele passe para o terreno — isto é, apoiar a selecionar todos os futuros e potenciais empreendedores. Agora é contratualizar com eles um conjunto de direitos e obrigações que passam, nomeadamente, por obrigações de criatividade, de preservação do espaço público, em termos ambientais, e um conjunto de atividades que eles vão ter de desenvolver no espaço. Esse agora é o principal desafio – ver tudo isto em operação”, remata.
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