Grupo Orey deixa setor financeiro
O ano passado Grupo Orey teve prejuízos de 2,04 milhões de euros, mas recuperou face os 12,8 milhões de euros negativos registados no resultado de 2016. Vai agora centrar-se nos transportes.
O Grupo Orey anunciou este sábado que se pretende focar na área dos transportes e logística e, por isso, quer “com a maior brevidade possível” sair do setor financeiro, vendendo a posição acionista na companhia que detém nesse mercado.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sociedade Comercial Orey Antunes informa que o Conselho de Administração aprovou “a decisão estratégica de focar a atividade da sociedade nas áreas de transportes e logística e serviços relacionados”, bem como “a decisão estratégica de sair do setor financeiro” e a de “adotar todas as medidas necessárias para alienar, com a maior brevidade possível, os ativos não operacionais, incluindo as responsabilidades com estes relacionadas”.
Ainda assim, estas deliberações “estão, naturalmente, sujeitas e dependentes da autorização do Banco de Portugal da alteração de tipologia da licença da Orey Financial”, que deixará de ser de instituição financeira de crédito para passar a ser de sociedade corretora, ressalva o grupo.
Acrescem “outras aprovações regulatórias que sejam legalmente ou regulamentarmente necessárias” para que o grupo consiga o seu objetivo final, que é a venda “na totalidade” da sua posição acionista na Orey Financial Sociedade Corretora.
“Para este efeito, os 100% do capital da futura Orey Financial detidos pela sociedade são valorizados em 400 mil euros, de acordo com as ofertas recebidas” pela Orey Inversiones Financieras (que já detém uma participação de 60%) e pela Consultoria & Inversiones Escorial (que é responsável pelos restantes 40%), explica o grupo, notando que as propostas já foram aprovadas pelo Conselho Fiscal.
Além da nova estratégia, o Conselho de Administração do Grupo Orey “aprovou a resolução do contrato de financiamento entre a sua participada Orey Investments Holding (OIH) e a Stichting Araras Finance Holding e a posterior venda, pela Stichting da Araras Finance BV à Orey Inversiones Financieras”, transação que também teve aval do Conselho Fiscal.
O grupo também apresentou ao mercado as suas contas relativas a 2017. O ano passado teve prejuízos de 2,04 milhões de euros, mas recuperou face os 12,8 milhões de euros negativos registados no resultado do ano anterior. No relatório divulgado pela Sociedade Comercial Orey Antunes à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), lê-se que “os resultados líquidos gerados no ano de 2017 ainda foram negativos em 2,04 milhões de euros”.
A empresa indica que “as unidades que se encontram em continuação, ou seja, as linhas de negócio estratégicas para o Grupo Orey apresentaram um resultado líquido do exercício de 6,06 milhões de euros, enquanto as unidades em descontinuação, das quais fazem parte a Orey Financial e o segmento de distressed assets [ativos depreciados], têm um impacto negativo de 9,69 milhões de euros”, notando que estes números fundamentam aquele resultado.
No ano passado, o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 4,50 milhões de euros, representando uma subida de 203,9%, já que o de 2016 tinha rondado os -4,33 milhões de euros.
No que toca às receitas operacionais, desceram 8,7% para 67,02 milhões de euros em 2017, variação que a empresa justifica com “as áreas de navegação e logística em Portugal e Espanha e a das representações técnicas navais e industriais”. Por seu lado, a margem bruta aumentou 6,7% para 19,74 milhões de euros no ano passado.
A contribuir para este acréscimo estão “projetos de maior diferenciação, nomeadamente em Angola”, explica o Grupo Orey, falando num “aumento da qualidade das receitas”.
Em sentido inverso, os custos operacionais baixaram 6,4% para 15,84 milhões de euros em 2017, redução que se deve à “execução do plano de reorganização e do esforço que o grupo tem vindo a fazer desde o início de 2016”, lê-se no relatório.
A companhia destaca que “esta combinação de subida de margem bruta e descida de custos operacionais levou a que o EBITDA operacional subisse 149,5% de 1,56 milhões de euros em 2016 para 3,89 milhões de euros em 2017”.
[Este foi] o ano em que se recentrou a estratégia da Orey nos transportes e logística, tendo sido tomada a decisão de vender o negócio financeiro e de acelerar o desinvestimento dos ativos não operacionais no Brasil, nomeadamente os projetos Araras e OpIncrível
A empresa aponta que este foi “o ano em que se recentrou a estratégia da Orey nos transportes e logística, tendo sido tomada a decisão de vender o negócio financeiro e de acelerar o desinvestimento dos ativos não operacionais no Brasil, nomeadamente os projetos Araras e OpIncrível”. Foi, também, “o ano em que se consolidou a reestruturação das operações e do balanço do grupo, sendo já visíveis na conta de exploração, nomeadamente ao nível do negócio ‘core’ [principal] – o transporte e logística -, e no balanço os resultados desse processo”, adianta.
O Grupo Orey conclui que, nos últimos dois anos, tem posto em prática uma reestruturação económica e financeira assente na redução de custos operacionais e de estrutura, na transformação da estrutura de balanço e da dívida financeira (reduzindo o montante e estendendo a maturidade) e ainda na descida do custo da dívida financeira.
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