CP tem mais 3,5 milhões por ano para alugar até dez novos comboios a Espanha
A CP poderá gastar mais 3,5 milhões de euros por ano no aluguer de seis a 10 novos comboios à Renfe, a empresa ferroviária espanhola. Já paga sete milhões por 20 unidades.
A CP – Comboios de Portugal poderá gastar até 3,5 milhões de euros nos novos alugueres de seis a 10 comboios à operadora espanhola Renfe, a quem é pago atualmente sete milhões de euros por ano por 20 composições. Após uma visita às oficinas de Campolide, em Lisboa, Carlos Nogueira, presidente da CP, recordou que a transportadora paga atualmente sete milhões por ano aos espanhóis por 20 unidades, alugadas ao preço de 350 mil euros cada.
Citando informações dadas pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins, no local, Carlos Nogueira indicava a base de preços para o “reforço do aluguer entre seis e 10 composições” e tendo em conta os atuais 350 mil euros por unidade “durante o tempo que for necessário para as novas composições, no âmbito do concurso internacional que irá ser aberto”. Assim, e mantendo-se estes valores, o aluguer de um máximo de 10 comboios poderá totalizar 3,5 milhões de euros.
O presidente da CP comentou ainda a necessidade de cumprir aspetos burocráticos dos processos, assim como a “carteira muito robusta” de encomendas dos fabricantes de comboios, pelo que a “CP vai entrar na fila”. “Daqui a três ou mais anos temos comboios [novos]”, acrescentou.
Durante esse período “importa reforçar o aluguer, que tem de ser com Espanha, que tem bitola [distância entre carris] ibérica” e é o único país que disponibiliza comboios a ‘diesel’, já que “cerca de um terço da infraestrutura” portuguesa está por eletrificar, referiu ainda.
O responsável sublinhou a importância de reforçar a componente da manutenção e reparação dada a vetustez do material circulante”.
“Temos material diesel, temos composições a fazer serviço com 62 anos e temos o nosso diesel restante com 50 e poucos anos. É muito tempo e exige uma manutenção permanente e contínua”, notou ainda o responsável, afirmando que os “problemas não são de hoje”.
Liberalização do mercado ferroviário: CP admite “parcerias estratégicas” com Espanha
O presidente da CP, Carlos Nogueira, admitiu também “parcerias estratégicas com a Renfe [operadora ferroviária espanhola]”, no âmbito da liberalização do mercado ferroviário, em 2019, que obrigará a “ser-se mais competente”.
Em declarações aos jornalistas, o responsável notou que a liberalização do mercado “é já amanhã”, a 1 de janeiro de 2019, e só “quem tem bons argumentos, quem é competente, quem tem boa performance e condições de gestão singrará no mercado”.
O Governo “não pode fazer grande coisa, não pode proteger o setor, a DGcom não deixa [direção de concorrência da União Europeia]”, pelo que a CP “tem que fazer o seu melhor”, disse o presidente da CP, enumerando “parcerias estratégicas com a Renfe, ter melhor material circulante, ter pessoal motivado e focado e alinhado”. “Temos que ser mais competentes”, sublinhou.
O gestor garantiu ainda que a “CP habilitou na altura própria o Governo, o acionista, com o quadro, com o framework para que decida como vai tratar o incumbente CP” quando o mercado ficar aberto, ao abrigo das regras europeias.
Governo assinala “desinvestimento” na CP na legislatura passada
Por sua vez, o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins, assinalou o “desinvestimento no grupo CP” no passado, com a redução em cerca de um terço de trabalhadores entre 2010 e 2015.
O governante previu que os efeitos da contratação de 102 trabalhadores para a EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário surjam em outubro e afirmou que as decisões no setor ferroviário refletem os “anos anteriores de desinvestimento, nomeadamente de 2015 para trás”.
“Basta ver em termos de recursos humanos, entre 2010 e 2015 os recursos humanos foram reduzidos em cerca de um terço. De 1.487 trabalhadores em 2010, em 2015 tínhamos 949 ao serviço”, assinalou aos jornalistas, depois de uma visita a uma oficina da EMEF, em Lisboa.
Garantindo que o transporte ferroviário é uma “prioridade” para o executivo, o governante enumerou as intervenções nas infraestruturas, que decorrem ao abrigo do programa Ferrovia 2020, assim como o aluguer do material circulante, cujos primeiros comboios a ‘diesel’ deverão chegar “no início do próximo ano”.
Está ainda a ser preparado o caderno de encargos para o lançamento do concurso para compra de novos comboios, que “será lançado nos próximos meses”, acrescentou o secretário de Estado, recordando que as últimas aquisições datam de 2002 para os suburbanos do Porto. O aluguer à operadora espanhola Renfe será acomodado pelo orçamento do grupo CP, que tem previstos 42 milhões de euros para investimento e manutenção de comboios este ano. Os contratos de aluguer deverão durar entre dois a três anos.
Sobre a reposição de horários, Guilherme W. d’Oliveira Martins referiu que na linha de Cascais acontecerá em setembro, enquanto na linha de Sintra o calendário aponta para outubro e no Oeste para novembro. As alterações são justificadas com necessidades e manutenções de material circulante.
(Notícia atualizada às 16h02 com declarações de Guilherme W. d’Oliveira Martins)
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