Fundador do Bruegel diz que euro ainda está em risco
Jean Pisani-Ferry afirma que ainda há muito a fazer pela união monetária, e que a crise ainda não foi ultrapassada. Sobre Portugal, afirma que o país foi visto de forma excessivamente negativa.
Jean Pisani-Ferry, fundador do think tank Bruegel sobre questões europeias, considera que a crise do euro ainda não terminou, e que há mudanças ainda fundamentais a fazer no euro, em termos de política monetária mas também financeira e social. Numa entrevista ao Público, o especialista sublinhou que a crise obrigou a União Europeia a agir, mas que esta ainda não terminou.
“Quando introduzimos o euro, em 1999, os governos disseram: está feito. A partir de agora podemos tirar os benefícios e ocuparmo-nos de outras coisas. Não estava feito”, disse Pisani-Ferry. Para o diretor do Bruegel, falta fazer mais, em especial nos planos económico e social, para proteger os interesses e a prosperidade partilhados num contexto internacional mais difícil, para proteger a moeda única das dificuldades que surgem em períodos mais desfavoráveis.
Mesmo a Alemanha, refere, se volta mais para a Europa devido às hostilidades externas. “Alguns olhavam para os parceiros europeus como um fardo. De repente, descobre que afinal a Europa lhe é indispensável num mundo muito mais hostil, onde as relações de força se tornaram muito mais importantes”, afirma. “A América de Trump é muito mais agressiva em relação à Alemanha do que em relação a muitos outros países, por razões sobretudo comerciais.” Isso faz com que Merkel e os próprios alemães queiram voltar-se mais para o euro.
O especialista não poupou elogios a Mario Draghi e ao BCE, que se opuseram à “ortodoxia alemã” para favorecer o euro, e não uns ou outros países.
Sobre Portugal, referiu que o país contrariou “o pessimismo geral com que era encarado”, que, ficou demonstrado, era excessivo. “Verifiquei recentemente que Portugal está à frente da Alemanha em matéria de crescimento das exportações, muito à frente de Espanha e ainda mais de França”, afirmou. “Ninguém nega que a recuperação nalguns países da zona euro é difícil e com custos sociais elevados – não tenho uma visão angélica da situação. Foram processos muito mais custosos do que teria sido possível fazer preventivamente e, mesmo, quando a crise foi desencadeada. Mas isso permite ser mais otimista sobre o futuro da zona euro”.
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