Ana Lehman sobre calçado: “Não queremos concorrer em mercados massificados”
De visita à maior feira de calçado do mundo, a secretária de Estado da Indústria aproveitou para visitar algumas da 90 empresas lusas presentes. "Este setor teve uma evolução notável", disse.
A secretária de Estado da Indústria não tem dúvidas: o setor do calçado é um exemplo a ser seguido. “Esta indústria pode-se gabar de há quatro décadas estar na vanguarda”, sublinhou Ana Teresa Lehman, em declarações aos jornalistas na maior feira de calçado do mundo, a MICAM. E para quando o destronamento dos italianos no pódio dos preços? “Temos um caminho próprio a percorrer”, respondeu a governante, explicando que Portugal não quer concorrer nos mercados “massificados e indiferenciados”.
De visita à feira que decorre até dia 19 de setembro, em Milão, Ana Teresa Lehman aproveitou para visitar os stands de algumas das cerca de 90 empresas que, este ano, integram a comitiva nacional. “Temos aqui uma representação que orgulha Portugal”, realçou.
A secretária de Estado fez questão de notar que, nos últimos oito anos, foram criadas mais 290 empresas e 10 mil postos de trabalho, neste setor. Tal evolução foi também marcada por um “aumento consistente das exportações” e do preço médio, “o que denota qualidade, inovação e um modelo competitivo”, acrescentou a mesma responsável.
Portugal tem ocupado o segundo lugar no pódio dos preços desta indústria a nível internacional, sendo superado pelos produtos italianos. O preço médio de exportação dos sapatos lusos ronda os 26 euros, praticamente o triplo do praticado a nível mundial, mas ainda significativamente abaixo dos quase 48 euros italianos. “Temos vida própria. O nosso objetivo não é seguir os italianos, é ter uma afirmação consistente da qualidade e inovação”, enfatiza Lehman, questionada sobre a possibilidade do calçado português conquistar a posição cimeira desse ranking.
“Não queremos concorrer em mercados massificados e indiferenciados. Queremos concorrer nos mercados de topo, nos mais exigentes e no segmento inovador“, sublinhou ainda nesse sentido a governante.
Nos primeiros sete meses do ano, o preço médio do calçado português registou uma quebra. Apesar de as exportações terem avançado cerca de 3%, registou-se uma diminuição de 1% no valor arrecadado, “o que equivale a dizer que houve um recuo do preço médio”, explica ao ECO o diretor de comunicação da Associação dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), Paulo Gonçalves.
O responsável afirma que esta evolução se explica pela aposta em materiais alternativos ao couro, mais baratos, o que se “insere na estratégia do setor”. Gonçalves sublinha ainda: “2018 será um novo ano de afirmação do calçado português nos mercados internacionais”.
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