Petróleo nos 70 dólares atira gasóleo para novos máximos

A escalada dos preços do petróleo vai pesar nos bolsos dos condutores nacionais. Os combustíveis vão voltar a aumentar na próxima semana, com o gasóleo a poder avançar 1,5 cêntimos.

Vêm aí novos aumentos de preços nos combustíveis. Com a escalada das cotações do petróleo nos mercados internacionais, as petrolíferas vão agravar o valor de venda nos postos de abastecimento nacionais, com o litro do gasóleo a sofrer um aumento de 1,5 cêntimos. A gasolina também vai ficar mais cara.

O Brent atingiu, na última sessão, uma cotação máxima de 70,79 dólares por barril, nível a que não se assistia desde dezembro de 2014. O Brent segue, esta sexta-feira, a corrigir desse máximo, mas continua a cotar perto dos 70 dólares. Está nos 69,18 dólares, de acordo com dados da Reuters.

Perante esta subida das cotações, tanto o gasóleo como a gasolina aceleraram nos mercados internacionais. O preço médio da tonelada métrica de ambos os combustíveis subiu face à semana passada, o que se vai traduzir num novo aumento dos valores de venda nos postos de abastecimento nacionais.

O gasóleo, o combustível mais utilizado no mercado nacional, vai registar o maior aumento. De acordo com dados obtidos pelo ECO, o litro do diesel deverá sofrer um agravamento de 1,5 cêntimos por litro na próxima semana. Assim, o valor de venda nos postos deverá distanciar-se ainda mais dos 1,30 euros. Pode ficar perto de 1,35 euros, um máximo desde, pelo menos, 2015.

No caso da gasolina, a tendência será a mesma, embora a perspetiva seja para um agravamento menos expressivo. Os preços deverão aumentar em meio cêntimo. Sendo assim, o litro de gasolina deverá acelerar do preço médio de 1,51 euros atual, segundo a DGGE, isto depois de ter ficado inalterado esta semana.

(Notícia atualizada às 9h22 com mais informação)

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Trump chama “países de merda” ao Haiti e El Salvador

  • Lusa e ECO
  • 12 Janeiro 2018

O Presidente dos EUA questionou durante uma reunião com deputados na Casa Branca "por que razão temos todas estas pessoas de países de merda a virem para aqui?".

O Presidente dos Estados Unidos qualificou El Salvador, Haiti e várias nações africanas, que não identificou, de “países de merda”, sinalizando que preferia abrir as portas a imigrantes procedentes de países como a Noruega.

“Por que razão temos todas estas pessoas de países de merda a virem para aqui?”, afirmou Donald Trump, durante uma reunião com deputados na Casa Branca, segundo meios de comunicação social norte-americanos, como o jornal The Washington Post, que cita fontes familiarizadas com o encontro.

O Presidente dos Estados Unidos recorreu ao calão, com a expressão shithole countries, depois de dois senadores lhe terem apresentado um projeto de lei migratório ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemente retirados do Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão.

O TPS é um benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes indocumentados, que não podem regressar aos países devido a conflitos civis, desastres naturais ou outras circunstâncias extraordinárias, permitindo-lhes trabalhar no país com uma autorização temporária.

Donald Trump sugeriu, na réplica, que os Estados Unidos deviam atrair mais imigrantes de países como a Noruega, com cuja primeira-ministra se reuniu na véspera.

Os deputados presentes na reunião ficaram chocados com os comentários, de acordo com o jornal, que não esclareceu se o Presidente norte-americano se referia também à Nicarágua e não identificou os países africanos em causa. O jornal Los Angeles Times também corroborou a informação, acrescentando que, antes de proferir o insulto, Trump exclamou: “Para que é que queremos haitianos aqui? Para que é que queremos todas estas pessoas de África aqui?”

Raj Shah, um porta-voz da Casa Branca, não negou que Donald Trump tenha feito as referidas declarações quando questionado sobre o assunto. “Certos políticos de Washington escolhem lutar por países estrangeiros, mas o Presidente Trump sempre lutará pelo povo norte-americano”, afirmou Raj Shah, num comunicado reproduzido por diversos meios de comunicação social.

“O Presidente Trump luta para conseguir soluções permanentes que tornam o nosso país mais forte, ao dar as boas-vindas àqueles que possam contribuir para a nossa sociedade, fazer crescer a nossa economia e integrar-se na nossa grande nação”, afirmou o porta-voz da Casa Branca. Trump “sempre rejeitará as medidas temporárias, débeis e perigosas que ameacem as vidas dos norte-americanos que trabalham duro, e que prejudiquem aqueles imigrantes que procuram uma vida melhor nos Estados Unidos através de uma via legal”, acrescentou.

O projeto de lei negociado por seis senadores de ambos os partidos, republicano e democrata, prevê a eliminação da chamada “lotaria dos vistos”, programa eletrónico que seleciona aleatoriamente imigrantes de países com baixas taxas de migração para os Estados Unidos. Anualmente, cerca de 50 mil pessoas entram no país através desse programa que abre caminho à cidadania norte-americana e que beneficia maioritariamente países de África.

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Merkel e Schulz chegam a acordo. Governo à vista na Alemanha

  • ECO
  • 12 Janeiro 2018

Merkel e Schulz já chegaram a acordo sobre a criação de uma coligação que desbloqueia o impasse governativo que a Alemanha tem vivido, nos últimos meses. 

O impasse no Governo da Alemanha está perto de ser desfeito. Merkel e Schulz já chegaram a um princípio de acordo para desbloquear o impasse, vivido nos últimos meses, segundo a Reuters. Nas primeiras horas desta sexta-feira, o CDU e o SPD traçaram o primeiro plano para uma coligação formal.

Nas próximas semanas, espera-se que os partidos comecem as conversações, o que assinala o fim da incerteza relativamente ao papel da Alemanha nos assuntos internacionais e à continuação de Angela Merkel no cargo de cancheler.

Antes de a coligação ser efetivamente forjada, os líderes do SPD precisavam ainda de receber ‘luz verde’ dos membros do partido, no congresso que vai acontecer a 21 de janeiro… e nem todos são a favor desse elo, já que governar com os conservadores do CDU poderá significar o agravamento do estado enfraquecido em que já se encontra esta força política.

As eleições de setembro colocaram Merkel numa posição debilitada e obrigaram a chanceler a recorrer ao apoio do SPD para reforçar a “grande coligação”, depois da aliança com os Verdes e o FDP ter caído por terra.

Angela Merkel está há 12 anos no poder. A sua continuação no cargo representa a preservação tanto da sua autoridade pessoal como da própria Alemanha, nomeadamente no seio da União Europeia.

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Jerónimo Martins abre o apetite na bolsa. PSI-20 sobe

A Jerónimo Martins revelou um crescimento de 12% nas vendas do quarto trimestre de 2017. Superou as expetativas.

A Jerónimo Martins dá vida à bolsa de Lisboa, com uma subida acima do 1,5% na abertura. A praça lisboeta abre assim no verde, embora resultados mais positivos sejam travados pelo desempenho negativo da Galp, com perdas de quase 1%.

A empresa de Soares dos Santos arranca em alta, a valorizar 1,78% para os 16,87 euros por título. Ontem após o fecho, a Jerónimo Martins reportou as vendas preliminares do quarto trimestre de 2017, apresentando um crescimento de 12% que superou em 2% as estimativas CaixaBank BPI Research e do consenso do mercado.

As vendas em Portugal e na Polónia suportaram os ganhos, confinando os resultados mais desapontantes ao mercado colombiano. De acordo com os analistas do CaixaBank, este mercado definirá o sentimento dos investidores daqui em diante. Já a apreciação da moeda polaca joga a favor da cotada: “é possível que as estimativas do resultado por ação aumentem (entre 2% e 3%)”, preveem os analistas.

O PSI-20 segue com ganhos de 0,20% para os 5655,730 pontos. BCP também ajuda à maré positiva da bolsa, com uma valorização dos títulos de 0,50%, para os 30,23 cêntimos. A subida é modesta à conta da Galp, que pesa negativamente no índice. Segue a cair 0,92% para os 16,13 por ação.

Nota negativa também para os CTT, que registam uma quebra de 0,31% para os 3,83 euros. A empresa de correios viu no dia anterior os critérios no serviço postal universal a serem apertados pelo regulador, a Anacom. Em comunicado à imprensa, os CTT dizem que esperam que os novos critérios definidos pela Anacom para o serviço postal universal não comprometam sustentabilidade do negócio.

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Crianças de Lisboa vão poder usar cartão escolar nos transportes públicos gratuitamente

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2018

As crianças de Lisboa vão poder usar o cartão escolar para viajar gratuitamente na Carris e no Metro, uma medida que a câmara quer implementar junto dos alunos do primeiro ciclo em setembro.

As crianças de Lisboa vão poder usar o cartão escolar para viajar gratuitamente na Carris e no Metro, uma medida que a câmara quer implementar junto dos alunos do primeiro ciclo em setembro, alargando depois a outros ciclos.

“A partir da Páscoa” irá avançar um projeto-piloto em dois agrupamentos da cidade “que ainda não estão escolhidos”, mas a câmara pretende que, em setembro, “seja universal nas escolas básicas a existência de um cartão escolar que permite não só identificar o aluno na escola, mas aceder aos transportes públicos de Lisboa”, avançou à agência Lusa o vereador da Educação e dos Direitos Sociais.

Atualmente, os passes para a rodoviária Carris e Metropolitano já são gratuitos para crianças até aos 12 anos, mas o Ricardo Robles admite que o cartão possa chegar a alunos mais velhos. “Em setembro de 2018 queremos implementá-los em todos os alunos do primeiro ciclo e em setembro de 2019 queremos alargar depois aos ciclos seguintes”, referiu Ricardo Robles.

"Em setembro de 2018 queremos implementá-los em todos os alunos do primeiro ciclo e em setembro de 2019 queremos alargar depois aos ciclos seguintes.”

Ricardo Robles

Vereador da Educação e dos Direitos Sociais.

“Ainda não estabelecemos até onde será, mas o objetivo é ser uma coisa progressiva, segundo, terceiro [ciclos], secundário (…), mas é um faseamento no tempo que ainda não temos definido, e portanto vamos articular também com o vereador da mobilidade”, acrescentou. Uma vez na posse dos cartões, os cerca de 15 mil alunos do primeiro ciclo de Lisboa poderão usar este sistema na Carris e no metro.

Com esta medida, explicou o vereador “deixam de ser os pais a ter de pedir” o passe para as crianças, pelo que os mais novos “desde que estejam na escola, passam a ter o cartão” para os transportes públicos automaticamente. Na opinião do autarca, “esta é uma ideia que parece muito simples, e é simples, mas que cria um instrumento importante para as escolas”, uma vez que quando existem atividades fora da escola é necessário que os alunos se façam acompanhar de títulos de viagem já carregados ou dos seus passes.

“Se os alunos já tiverem este instrumento, que é o cartão da escola que lhes permite andar nos transportes públicos, cria uma dinâmica diferente de atividades fora da escola, e acho que isso é muito interessante”, advogou o bloquista. Esta medida insere-se também numa política de tentar atenuar o impacto dos movimentos pendulares para as escolas, que têm um “grande pico ao início da manhã e ao final da tarde em zonas muito específicas da cidade, e que criam uma pressão muito grande”.

Questionado sobre o investimento necessário para aplicar a medida, o eleito do BE apontou que “está a ser calculado pelo vereador da Mobilidade, mas para já é só a execução física do próprio cartão, e portanto o valor de investimento é muito reduzido”.

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Rio derrota Santana, mas é esmagado por Costa

  • ECO
  • 12 Janeiro 2018

Rui Rio parecer ser o vencedor claro das eleições diretas do PSD, que acontecem este sábado. No caso das legislativas, o portuense continua longe de António Costa.

O desfecho das eleições diretas do partido social-democrata parece claro. Rui Rio é o favorito a vencer a corrida marcada para este sábado, segundo uma sondagem feita pela Aximage para o Correio da Manhã e Jornal de Negócios. Apesar de conquistar o voto de confiança dos inquiridos no que diz respeito à presidência do PSD, o autarca do Porto não consegue reunir o apoio necessário para vencer António Costa, nas eleições legislativas.

Dos 600 entrevistados para a pesquisa, 69% consideram que Rui Rio será um melhor presidente para o partido, face aos 22,5% que escolhem Santana Lopes para o cargo. A folga diminui, no entanto, quando se consideram apenas os inquiridos que se dizem inclinados a votar laranja, em caso de legislativas: 60,4% dizem, neste caso, decidir-se pelo portuense, crescendo o apoio ao antigo presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para 37,1%.

A popularidade de Rui Rio não resiste, no entanto, perante o primeiro-ministro. No caso das eleições legislativas, entre o autarca e António Costa, os entrevistados dizem pretender escolher o último — que recolhe 55,7% das intenções votos — conseguindo o primeiro apenas o apoio de 33% dos inquiridos. Embora seja negativo para Rio, esse resultado revela uma ligeira recuperação do autarca e uma descida do atual chefe do Executivo face ao último mês do ano passado. Por outro lado, Santana reúne ainda menos suporte frente a António Costa do que Rui Rio, arrecadando apenas 19% das intenções de voto. Neste caso, 71% dos entrevistados avança que escolheria o socialista.

Quanto aos inquiridos que se dizem inclinados a votar no PSD, na corrida legislativa, 75,6% das intenções de voto vão para Rio, que vence a Costa (que consegue apoio apenas de 7,8% dos entrevistados). Neste cenário, o portuense ganha a Costa, mas Santana mantém-se derrotado: conquista o voto de confiança de 29,8% dos membros da amostra contra os 75,6% de Costa.

Esta sondagem foi realizada a 6 e 9 de janeiro, pelo que os entrevistados não puderem ponderar as suas escolhas com base nos debates mais recentes entre Rio e Santana na TVI e na TSF. À data, apenas um dos encontros tinha sido realizado (na RTP) e tinha sido o último o escolhido pelos analistas como vencedor.

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CGD atira comissões aos jovens. Dá bónus nos créditos

  • ECO
  • 12 Janeiro 2018

Os clientes jovens vão passar a pagar a comissão de manutenção de conta a partir de maio. Dois meses depois, no crédito, passa a haver isenção por amortização antecipada para quem pedir um novo.

Se tem entre 26 e 29 anos e é cliente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai deixar de estar isento da cobrança de comissão de manutenção de conta. Esta é uma das alterações previstas pelo banco liderado por Paulo Macedo e que vão entrar em vigor a partir de maio. Mas há mais: a partir desse mês, quem fizer levantamentos ao balcão com a caderneta vai passar a pagar um euro. O crédito à habitação e ao consumo também vai assistir a algumas mudanças, mas neste caso para beneficiar os clientes. A CGD vai passar a isentar o pagamento da comissão de reembolso antecipado a quem solicitar um novo financiamento.

Os clientes jovens da CGD estiveram até agora isentos “da comissão de manutenção as contas cujos titulares possuam o cartão Megacartão Jovem (a idade limite de acesso a este cartão é de 29 anos)”. Uma isenção que termina a 1 de maio, de acordo com o novo preçário publicado no site do banco estatal, escreve o Jornal de Negócios (acesso pago). Ou seja, as contas cujos titulares possuam o Megacartão Jovem passam a pagar uma comissão de manutenção mensal de 4,95 euros, mais imposto do selo de 4%. Os encargos totalizam, assim, 5,148 euros.

Para além de perderem esta isenção, os clientes do banco liderado por Paulo Macedo com idades compreendidas entre os 26 e 29 anos vão ainda assistir a um aumento da anuidade do cartão de débito de 17%. Passa de 12,48 euros para 14,56 euros.

Levantar dinheiro com caderneta ao balcão? Vai custar um euro

A utilização da caderneta para operações ao balcão da CGD também vai sofrer alterações, de acordo com o novo preçário do banco estatal citado pelo Jornal de Negócios (acesso pago). A partir de maio, quem fizer levantamentos ao balcão com a caderneta vai passar a pagar um euro.

Mas há exceções: segundo a CGD, esta comissão não ser aplicada no caso de a máquina da rede Caixa não existir ou se estiver avariada, se houver “manifesta incapacidade do cliente para a atualização de dispositivos automáticos”, se o levantamento for feito numa conta com crédito de pensão de valor inferior a 1,5 vezes o salário mínimo nacional e que o primeiro titular tenha uma idade igual ou superior a 65 anos e, por fim, se os levantamentos sejam em conta base caderneta (até três movimentos por mês) ou em conta de serviços mínimos bancários com suporte em caderneta.

CGD incentiva clientes a trocar de casa

As alterações não se ficam por aqui. Há ainda uma outra: a partir de julho, a CGD vai passar a isentar o pagamento da comissão de reembolso antecipado do crédito à habitação a quem solicitar um novo empréstimo para a compra de casa nos três meses seguintes. O mesmo acontece no crédito ao consumo, refere o Jornal de Negócios (acesso pago).

Portanto, os clientes que queriam fazer o reembolso antecipado de todo o valor em dívida têm que fazer face ao pagamento de uma comissão. Esta taxa é de 2% no caso dos empréstimos a taxa fixa e de 0,5% no financiamento a taxa variável. A este valor acresce o imposto do selo de 4%. Daqui a seis meses, esta despesa vai deixar de ser cobrada para os clientes que peçam novos créditos, desde que de valor igual ou superior ao liquidado.

“É dispensada a cobrança de comissão aos clientes que já tenham proposto novo crédito imobiliário de valor igual ou superior ao montante em dívida do empréstimo a liquidar, desde que o mesmo se encontre autorizado e seja contratado nos três meses subsequentes”, refere a CGD na alteração do preçário.

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Se Rio ganhasse, “Costa estava nas suas sete quintas”

  • ECO
  • 12 Janeiro 2018

"Eu vim para mudar o país por causa de António Costa", afirma Santa Lopes, discordando da posição do seu opositor na corrida à liderança do PSD.

A dias das eleições para a liderança do PSD, nas quais enfrenta Rui Rio, Santana reforça em entrevista que não pretende aliar-se a Costa e critica o opositor pela posição que tem nesta matéria.

Se Rui Rio fosse eleito — espero que tal não aconteça — António Costa estava nas suas sete quintas“, diz Santana ao Público (acesso pago). O candidato à liderança do PSD discorda da posição de Rio, que afirmou que se o PS ganhar as eleições com minoria, não fecha a porta a coligações, a bem das “boas relações” entre partidos.

Eu vim para mudar o país por causa de António Costa

Santana Lopes

Candidato à liderança do PSD

Santana assume uma postura mais intransigente: “Eu vim para mudar o país por causa de António Costa”, afirma, embora diga que não pretende centralizar “os males todos” nos seus opositores políticos. “Quero é fazer no país aquilo em que acredito“, esclarece.

Uma das questões com as quais se mostra em desacordo é a legislação laboral. “Se voltamos agora a mexer em matérias como a precariedade, a contratação coletiva está em cima da mesa, os bancos de horas… onde é isto nos leva? A afugentar os investidores”, assinala. Na sua opinião, “Temos de fazer tudo para facilitar o investimento, a confiança em Portugal”.

Santana comentou ainda um assunto que tem estado na ordem do dia: o futuro de Joana Marques Vidal à frente da Procuradoria Geral da República e a participação da Santa Casa no Montepio. Elogia a procuradora-geral da República e defende a renovação do mandato. “Se a questão se pusesse neste momento, com certeza que sim [deveria continuar]”.

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Aviação reportou 37 incidentes com ‘drones’ em 2017, mais do dobro face a 2016

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2018

Segundo dados da Autoridade Nacional da Aviação Civil, a aviação reportou 37 incidentes com ‘drones’ em 2017.

A aviação reportou 37 incidentes com ‘drones’ em 2017, mais do dobro face a 2016, segundo dados da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), um ano após a entrada em vigor do regulamento sobre a utilização destes aparelhos.

O regulamento da ANAC, em vigor desde 13 de janeiro de 2017, proíbe o voo de ‘drones’ (veículo aéreo não tripulado) a mais de 120 metros de altura e nas áreas de aproximação e de descolagem dos aeroportos.

Em 2013 e 2014 não há registos deste tipo de incidentes, enquanto em 2015 a ANAC recebeu reportes de cinco ocorrências, número que mais do que triplicou para 17 em 2016.

Dos 37 incidentes reportados em 2017 – 36 pela aviação civil e um por um avião militar nacional -, a maioria aconteceu nas proximidades dos aeroportos de Lisboa e do Porto, onde estes aparelhos violaram o regulamento e apareceram na vizinhança, nos corredores aéreos de aproximação aos aeroportos ou na fase final de aterragem, a 400, 700, 900 ou a 1.200 metros de altitude, de acordo com alguns dos relatos das tripulações.

No ano passado registaram-se 22 incidentes com ‘drones’ nas proximidades do Aeroporto de Lisboa, 11 nas proximidades do Aeroporto do Porto, dois perto do Aeródromo de Cascais, um no Aeroporto da Madeira e houve um avião da Força Aérea Portuguesa, um Hércules C-130, que reportou, em junho, um ‘drone’ a cerca de 450 metros à vertical de Espinho, distrito de Aveiro.

Na resposta enviada à agência Lusa, a ANAC diz ainda que ao longo do último ano instaurou 15 processos de contraordenação e reencaminhou nove queixas para o Ministério Público.

Um dos incidentes de 2017 ocorreu em 10 de setembro, quando um A-320 da Easyjet descolou do Aeroporto do Porto, com destino ao aeroporto de Luton, Londres, reportou um ‘drone’ no caminho de descolagem, a 750 metros de altitude.

Quatro dias antes, em 06 de setembro, um A-319 da TAP, proveniente de Madrid, cruzou-se com um ‘drone’ a 430 metros de altitude, no momento em que o Airbus já estava na final para aterrar no Aeroporto de Lisboa.

Na ocasião, fontes aeronáuticas disseram à Lusa que o ‘drone’ esteve a cerca de 30 metros da aeronave, na zona de Alcântara, obrigando a tripulação a realizar “manobras de evasão” para evitar a colisão com o aparelho, descrito pelos pilotos como sendo de “dimensões consideráveis”.

Uma das ocorrências mais graves verificou-se em 06 de agosto, quando a presença de um ‘drone’ nas proximidades do Aeroporto de Lisboa obrigou dois voos a abortarem a aterragem, tendo um deles divergido para o Aeroporto do Porto.

Nesse dia, um avião da companhia aérea Ryanair, proveniente de Marselha, “foi instruído” pela torre de controlo a abortar uma primeira aterragem quando já estava na fase final da mesma, tendo aterrado uns minutos depois sem qualquer problema.

O outro avião, da Easyjet, proveniente de Paris, depois de também ter abortado a aterragem, no seguimento das instruções dadas pelos controladores aéreos, optou por divergir para o Aeroporto do Porto.

A NAV – Portugal, entidade responsável pela gestão do tráfego aéreo, acrescentou que as aterragens no Aeroporto de Lisboa “estiveram suspensas entre as 18:40 e as 18:52” e que o incidente com o ‘drone’ “atrasou a aterragem de outros cinco voos”.

Passado um ano, a ANAC faz um “balaço positivo” da aplicação do regulamento, “atendendo ao número de solicitações” recebido para realização de voos, que carecem de autorização, bem como para a clarificação de dúvidas e esclarecimentos, notando “um crescimento gradual da consciencialização para a utilização segura e conforme” destes aparelhos.

Neste período, o regulador respondeu a 1.479 pedidos de informação/esclarecimentos via email, emitiu 998 autorizações para a operação de ‘drones’ e indeferiu outras 64.

Diploma em fase final

O Governo revelou que está em “fase final de elaboração” o decreto-lei que visa estabelecer a obrigatoriedade do registo de ‘drones’, impõe um seguro de responsabilidade civil e cria um regime sancionatório.

“O diploma encontra-se em fase final de elaboração, após o período de consulta pública, na qual foram recebidos muitos e pertinentes contributos”, refere o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, em resposta enviada à agência Lusa.

O anteprojeto do decreto-lei que visa estabelecer um regime de registo e de seguro de responsabilidade civil obrigatório aplicável aos ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) esteve em consulta pública entre agosto e outubro, tendo recebido 70 comentários, sobretudo de particulares, segundo a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).

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Facebook vai dar prioridade a conteúdos pessoais em detrimento dos de empresas

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2018

As mudanças no funcionamento da plataforma estão orientadas para melhorar e tornar mais valiosas as experiências dos utilizadores da rede social.

A rede social Facebook anunciou, na quinta-feira, que vai dar prioridade aos conteúdos publicados por familiares e amigos dos utilizadores em detrimento dos que têm ‘carimbo’ de empresas, marcas ou meios de comunicação social.

O anúncio foi feito pelo fundador e conselheiro delegado do Facebook, Mark Zuckerberg, que indicou que as mudanças no funcionamento da plataforma estão orientadas para melhorar e tornar mais valiosas as experiências dos utilizadores da rede social.

“Recentemente, temos recebido comentários da nossa comunidade [de utilizadores] de que o conteúdo público, ‘posts’ de empresas, marcas e meios de comunicação, está a excluir os momentos pessoais que nos levam a conectarmo-nos mais com os outros”, afirmou, numa publicação no seu perfil oficial no Facebook.

É fácil perceber como chegámos aqui. Vídeo e outros conteúdos públicos têm explodido no Facebook nos últimos dois anos. Dado que há mais conteúdos públicos do que ‘posts’ dos nossos amigos e familiares, o equilíbrio do que aparece no ‘feed’ de notícias afastou-se da coisa mais importante que o Facebook pode fazer, ajudar a conectarmo-nos uns com os outros”, escreveu Mark Zuckerberg.

O fundador do Facebook afirmou ainda que há evidências resultantes de estudos académicos a esta tendência que sinalizam que este desequilíbrio não é positivo.

“As investigações mostram que quando usamos as redes sociais para nos conectarmos com pessoas com as quais nos preocupamos isso pode ser bom para o nosso bem-estar. Podemos sentirmo-nos mais ligados e menos sozinhos, e isso tem uma correlação com os índices de felicidade e saúde a longo prazo”, sustentou.

“Por outro lado, ler artigos ou ver vídeos de forma passiva, mesmo que sejam de entretenimento ou informativos, pode não ser tão bom”, acrescentou.

Zuckerberg afirmou que o Facebook encetou as mudanças nesta direção no ano passado, e adiantou que os utilizadores da rede social vão começar a ver em breve mais publicações no seu mural de familiares, amigos e conhecidos.

Segundo os mais recentes dados oficiais, correspondentes a setembro de 2017, o Facebook contava com uma média de 1.370 milhões de utilizadores ativos diariamente.

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Governo diz que 50% do alojamento local em Portugal foi registado nos últimos dois anos

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2018

A secretária de Estado do Turismo afirma que todos os números do setor disponíveis até outubro de 2017 "são ótimos" e revelam "o dinamismo" que se vive em Portugal.

A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, disse que 50% das unidades de alojamento local existentes em Portugal foram registadas nos últimos dois anos.

Ana Mendes Godinho, que destacou na tomada de posse da direção da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) que todos os números do setor disponíveis até outubro de 2017 “são ótimos” e revelam “o dinamismo” que se vive em Portugal, afirmou que “50% das empresas de animação turística surgiram em 2016 e 2017 e que 50% das unidades de alojamento local registadas em Portugal registaram-se em 2016 e 2017″.

Lembrou ainda entre outros números – como o já anunciado da criação de emprego pelo turismo e o facto de as receitas turísticas até outubro já terem superado as de 2016 – que “surgiram 80 novos hotéis nos últimos dois anos” e que a perspetiva “é de crescimento nos próximos anos”, o que mostra a confiança e o grande dinamismo que se sente por parte dos investidores, que acreditam” em Portugal.

"50% das empresas de animação turística surgiram em 2016 e 2017 e que 50% das unidades de alojamento local registadas em Portugal registaram-se em 2016 e 2017.”

Ana Mendes Godinho

Secretária de Estado do Turismo

No final de 2017, o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, disse à Lusa que quase um terço dos estabelecimentos de alojamento local registados no ano passado dizem respeito “única e exclusivamente” a legalizações, devido à obrigação de as plataformas eletrónicas exigirem o número de registo.

“Com a nova legislação que obrigou as plataformas a exigirem os números de anúncios, o número de legalização teve um crescimento importantíssimo. Estima-se que este ano, das novas aberturas, que foram cerca de 18 mil, 6.500 digam respeito única e exclusivamente a esta ação de legalização”, disse, advogando que esta “foi talvez das ações de legalização mais importantes e com maior efeito que já se fizeram até hoje”.

Segundo dados do Registo Nacional de Estabelecimentos de Alojamento Local (RNAL), disponibilizado pelo Turismo de Portugal, o alojamento local em Portugal mais do que quadruplicou nos últimos três anos, passando de cerca de 13 mil estabelecimentos registados até 2014 para mais de 55 mil espaços hoje existentes um pouco por todo o país. Até 15 de dezembro de 2017 estavam registados 55.345 espaços desta tipologia de empreendimentos turísticos, localizados maioritariamente nos concelhos de Lisboa (10.611), Porto (4.881) e Albufeira (4.815).

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Dijsselbloem e Centeno: o que os une e o que os separa

  • Margarida Peixoto
  • 12 Janeiro 2018

Jeroen Dijsselbloem passa esta sexta-feira a pasta de presidente do Eurogrupo a Mário Centeno. O ECO recuperou o percurso dos dois líderes até ao aperto de mão que é esperado para hoje.

Uma vez eleito pelos pares, demorou até chegar a sua vez de usar palavra, na primeira conferência de imprensa como presidente do Eurogrupo. Primeiro limitou-se a sorrir. A pasta tinha sido entregue a um “novato” e questionavam-se as ideias que tinha para o futuro da zona euro. A diferença entre a confiança do presidente cessante e a inexperiência do recém-escolhido era evidente. A descrição não é de Mário Centeno naquela tarde de 4 de dezembro de 2017, quando foi escolhido para liderar os ministros das Finanças do euro, mas sim de Jeroen Dijsselbloem, a 21 de janeiro de 2013.

Hoje ninguém diria, mas foi assim que os jornais mostraram o holandês, quando foi eleito pela primeira vez para liderar o grupo dos ministros das Finanças do euro. “Um novo, menos poderoso, líder do euro”, publicou o Spiegel, no dia seguinte. E justificava: “A mudança geracional da segunda-feira foi óbvia para todos, com Juncker e Dijsselbloem, o velho e o novo, lado a lado. O primeiro, um veterano confiante da cena política de Bruxelas que testemunhou o nascimento do euro (…). O outro, um desconhecido novato que só se tornou ministro das Finanças no seu país há três meses”.

Na tarde de 4 de dezembro de 2017, Mário Centeno também não foi capaz de esconder o nervosismo. “Obrigada Jeroen, obrigada… É uma honra ser o próximo presidente do Eurogrupo. Também gostava de agradecer aos meus antigos colegas do grupo, especialmente àqueles que estiveram presentes na corrida…”, disse o ministro das Finanças português, hesitante.

Mas Centeno parte com uma vantagem: é verdade que provém de uma economia pequena, mas é um ministro conhecido. É certo que a imprensa internacional escreveu que Centeno toma poucas vezes a liderança nos debates das reuniões do Eurogrupo, mas o ministro português é a personificação da “história tremenda de sucesso”, nas palavras do comissário Pierre Moscovici, que Europa precisa de contar.

Esta sexta-feira, Jeroen Dijsselbloem e Mário Centeno, ambos com 51 anos, encontram-se às 12 horas de Paris (11h em Lisboa) para a transição de pastas. A partir de sábado, o português será o novo presidente do Eurogrupo, responsável por conduzir as discussões dos ministros das Finanças do euro e por representar a posição do bloco perante as restantes instâncias internacionais. Mas os seus percursos são manifestamente diferentes.

O académico e o político

Na bagagem, Mário Centeno traz já dois anos de experiência num Governo socialista minoritário, que chegou ao poder através de um entendimento inédito na cena política portuguesa entre as esquerdas. Até agora, Centeno tem conseguido a missão, que parecia impossível, de agradar às esquerdas nacionais, e às regras europeias, em simultâneo.

Já quando Dijsselbloem agarrou o Eurogrupo, a poucos meses de completar 47 anos e com apenas três meses de experiência como ministro das Finanças, tinha ainda quase tudo por provar.

Antes de chegar ao Governo, o holandês era deputado, formado em 1991 em economia agrícola, pela Wageningen University. Tinha também um diploma em gestão, pela University College de Cork, na Irlanda. Mas o seu currículo académico era visto como magro — o oposto do que acontece agora a Centeno.

A reputação de Dijsselbloem era, sobretudo, de estratega, nos bastidores da política holandesa. Entre 1993 e 1996 tinha sido consultor do Partido Trabalhista no Parlamento holandês, tendo acumulado durante dois daqueles anos funções como membro da câmara municipal de Wageningen. Enquanto Dijsselbloem ganhava experiência política, nos anos 90 Mário Centeno esteve dedicado à academia.

Harvard foi uma revolução na minha forma de ver a economia em quase tudo. Tornei-me muito mais sensível à relação entre a economia e as pessoas.

Mário Centeno

Revista Visão, 12 novembro, 2015

O português concluiu a licenciatura em Economia, pelo ISEG, em 1990, e em 1993 obteve o grau de mestre em matemática aplicada. Foi depois que partiu para Harvard, nos Estados Unidos, onde se tornou mestre em 1998 e dois anos depois doutor em Economia. À revista Visão contou que Harvard foi “uma revolução” na sua “forma de ver a economia em quase tudo”. Diz o ministro das Finanças que se tornou “muito mais sensível à relação entre a economia e as pessoas”.

Dijsselbloem tinha as mãos na massa no que toca à gestão de recursos humanos. Nesse mesmo ano, em 2000, o holandês cumpria o último de um período de quatro anos à frente do departamento de pessoal do Ministério da Agricultura, Natureza, Gestão e Pescas.

Foi em 2002 que Dijsselbloem chegou ao Parlamento — estava Mário Centeno no recato do departamento de estudos económicos do Banco de Portugal. Entre 2007 e 2008 o holandês destacou-se como presidente da comissão parlamentar para a reforma da Educação. Nessa altura, tinha já Centeno conquistado o lugar de diretor-adjunto do seu departamento.

Dijsselbloem em provas de fogo, Centeno em aquecimento

Dois meses depois de Dijsselbloem chegar à liderança do Eurogrupo, a Business Insider escrevia que o novo presidente tinha assustado os mercados. O Spiegel ia mais longe: dizia que o ministro holandês tinha tido um “falso arranque” e questionava-se sobre se estaria à altura do desafio. Tinha chegado a primeira prova de fogo para Dijsselbloem: o Chipre.

Na noite de 24 de março de 2013, o Chipre fechou um acordo com as instituições europeias para resgatar o seu sistema financeiro. No dia seguinte, Dijsselbloem disse o que não podia ter dito: “O que fizemos na noite passada é aquilo a que chamo afastar os riscos. Se há um risco num banco, a nossa primeira questão deveria ser ‘Ok, o que é que vocês vão fazer em relação a isso? O que podem fazer para se recapitalizar?’ Se o banco não o conseguir, então falamos com os acionistas e os obrigacionistas, vamos pedir-lhes que contribuam para a recapitalização do banco, e se necessário os depositantes sem seguro”.

Os mercados leram nas palavras de Dijsselbloem um novo modus operandi para a Europa e, apesar de um dos objetivos ter sido proteger o Estado cipriota e evitar acentuar a crise de dívidas soberanas, entraram em stress. A competência de Dijsselbloem foi posta em causa.

Entretanto, em Portugal, Mário Centeno testemunhava a crise a partir do banco central nacional, de onde via o mercado de trabalho degradar-se para níveis históricos. Em janeiro tinha publicado o ensaio “O Trabalho, uma visão de mercado”, onde propunha a criação de um contrato único de emprego, “com períodos experimentais longos, mas com mecanismos de pré-aviso de despedimento que facilitem a procura de um novo emprego”, entre outras ideias. A taxa de desemprego atingiria os 17,5% no primeiro trimestre de 2013 em Portugal.

Em janeiro de 2013 Mário Centeno publicou um ensaio editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, intitulado “O Trabalho, uma visão de mercado”.ECO

Mas a bota mais difícil de descalçar para as instituições europeias não era Portugal — era a Grécia. A 26 de janeiro de 2015 Dijsselbloem dá um aperto de mão a Yanis Varoufakis e diz que está pronto para trabalhar com o recém-eleito Governo de extrema-esquerda do Syriza.

Bastariam dois meses para a imprensa internacional dar conta da tensa relação entre os dois ministros das Finanças. Varoufakis negou, mas a Business Insider chegou a noticiar que os dois líderes quase chegaram a vias de facto. Não foi a única: o Libération citou uma fonte que presenciou a cena: “Foi inacreditável. Acreditámos verdadeiramente que iam andar à briga.”

No verão de 2015 Varoufakis chega a um beco sem saída. Perante o incumprimento das exigências e da austeridade da Comissão Europeia (uma atuação que viria, anos depois, a ser criticada pelo Tribunal de Contas Europeu), a 30 de junho a Grécia entra em default e falha um pagamento de 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional. A 1 de julho, Dijsselbloem confirma que não havia acordo para estender o financiamento aos gregos e que o programa que estava em curso expirou.

Nesse verão, Centeno estava em estágio para o Governo. A 21 de abril era a estrela do grupo de “12 sábios” que prepararam o cenário macroeconómico que serviria de base ao programa eleitoral com que os socialistas se queriam apresentar nas legislativas, marcadas para outubro. Centeno era visto como um reputado economista do Banco de Portugal e a mensagem que os socialistas queriam passar era a de uma alternativa, credível, às medidas de austeridade de Passos Coelho e Paulo Portas.

Os resultados eleitorais e a formação de um Governo minoritário, em outubro de 2015, foi a primeira verdadeira provação política com que Centeno se confrontou. Sem votos para formar Governo sozinho, António Costa conseguiu o apoio do Bloco de Esquerda, PCP e os Verdes, consagrado em três acordos, mas num formato inédito em Portugal. Não era um Governo de coligação, nem o entendimento configura o clássico acordo de incidência parlamentar. Para além de ser a primeira vez que a esquerda se uniu para apoiar um Executivo socialista minoritário.

A inovação deixou tanto os mercados, como a Comissão Europeia desconfortáveis. E Centeno chega a ministro das Finanças sob uma desconfiança evidente, com um sistema financeiro ainda por estabilizar — o Banif estava a estourar, a Caixa ainda não estava recapitalizada, o Novo Banco não estava vendido.

Jeroen Dijsselbloem, então presidente do Eurogrupo, cumprimenta o ministro das Finanças português na sua presença numa reunião do grupo dos ministros da moeda única.Olivier Hoslet / EPA 7 dezembro, 2015

Ao longo de 2016 Centeno enfrentaria a promessa de sanções ao país, por não ter colocado o défice abaixo de 3% em 2015. Os reparos do então ministro das Finanças alemão sobre o percurso português eram frequentes. “Portugal foi muito bem-sucedido até ao novo Governo”, disse Wolfgang Schauble, em outubro de 2016.

Em março de 2017 o Banco Central Europeu criticou a falta de ação de Portugal para atacar os seus desequilíbrios macroeconómicos. No dia seguinte, Dijsselbloem deu o pontapé de saída para os primeiros rumores que viriam a dar Mário Centeno como o seu possível substituto no cargo de presidente do Eurogrupo: juntou na mesma frase uma distinção entre países do norte e do sul, bebidas, mulheres e pedidos de ajuda.

Em Portugal, a retoma económica ajudava o ministro das Finanças. Mário Centeno acabou por conseguir agradar a gregos e a troianos: implementou as medidas de devolução faseada de rendimentos e ainda superou as metas orçamentais.

Capítulo a capítulo, Portugal foi superando as barreiras suficientes para escrever a tal “história tremenda de sucesso”. A economia voltou a crescer, o desemprego regressou a menos de dois dígitos, o défice foi cumprido, o Procedimento por Défice Excessivo foi encerrado. Embora o apuramento de contas ainda não esteja fechado, o primeiro-ministro já disse que o défice seria de 1,2% em 2017, um valor que supera todas as metas.

Naquela tarde de 4 de dezembro, Dijsselbloem foi, ironicamente, o primeiro a dar Centeno como o vencedor, ainda antes de a eleição ter acontecido. Questionado pelos jornalistas sobre um possível período de transição entre líderes, Dijsselbloem respondeu: “Não, porque eu termino o mandato no dia 12 e Centeno começa no dia 13”. Perante gargalhadas dos jornalistas, mostrou-se atrapalhado e corrigiu-se: “Eu não sei disto, claro. Por favor não me cite”.

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