Hong Kong quer construir ilhas artificiais para colmatar falta de habitação
Com cada vez menos habitações disponíveis, o Governo chinês decidiu construir quatro ilhas artificiais em Hong Kong para alojar mais de um milhão de pessoas. Mas a ideia deixa muitos de pé atrás.
Naquele que é considerado o mercado imobiliário mais caro do mundo mas, ao mesmo tempo, com mais falta de habitações, o Governo pensou numa solução muito peculiar. Construir ilhas artificiais de forma a criar mais zonas de construção, que serão capazes de alojar mais de um milhão de pessoas. Contudo, esta ideia não agrada à maioria das pessoas, uma vez que requer um investimento de quase 60 milhões de euros.
O plano é simples: construir quatro ilhas artificiais para colmatar a falta de habitações existentes no país, escreve o Cinco Días (conteúdo em espanhol). No projeto denominado “Lantau Tomorrow Vision” está inserida a ideia de construir 1.700 hectares entre a ilha de Lantau e a de Hong Kong, com o objetivo de criar até 400 mil habitações com capacidade para cerca de 1,1 milhões de pessoas a partir de 2032.
Esta ideia aparece depois de o Governo chinês ter fracassado na tentativa de construir casas em algumas das cidades mais caras do país. Além disso, o Executivo pretende construir cidades mais inteligentes e com baixas emissões nestas novas ilhas, alimentadas por energia renovável e sem transportes poluentes.
No entanto, o projeto está a debater-se com várias dificuldades, entre elas o custo. Concretizar esta ideia custará, pelo menos, 56 milhões de euros, diz o jornal espanhol, citando o South China Morning Post. Mas esse valor ainda pode vir a duplicar. E, nesse sentido, a maioria das pessoas estão contra a construção destas ilhas artificiais. Três dias após ser anunciado o projeto, cerca de 6.000 pessoas protestaram nas ruas da cidade.
Mas, também a nível ambiental foram levantadas questões. Em aberto está um debate sobre se o facto de a ilha ser sustentada com energia renovável compensará os danos causados ao meio ambiente. “Todo o meio ambiente será destruído”, disse Patrick Yeung, responsável de conservação dos oceanos do World Wildlife Fund (WWF).
À medida que os cidadãos continuam desanimados face aos elevados preços das casas, a oferta de habitação tem vindo a ser cada vez mais escassa e, atualmente, o tempo de espera por uma casa chega aos 5,5 anos, o valor mais elevado desde 2000. A procura está também a ser intensificada pelo aumento de migrantes, sendo as ilhas a “maneira mais eficiente e rápida de os acomodar”, explica Sonny Lo, professor da Universidade de Hong Kong.
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