Quem vai a Davos? Estes portugueses têm presença confirmada
Em 2018, o Governo esteve em peso, em Davos, com António Costa, Mário Centeno, Caldeira Cabral e Luís Filipe Castro Mendes (Cultura) que teve uma reunião informal. Este ano são só dois representantes.
A quarta revolução industrial vai estar no centro da estância de ski mais elitista do mundo. Os principais líderes mundiais, mas não só, vão discutir novas tecnologias como a inteligência artificial, computação quântica, impressão 3D e internet das coisas, na reunião do Fórum Económico Mundial que arranca terça-feira em Davos na Suíça. E Portugal não vai ficar à margem.
De acordo com os dados oficiais da organização, há sete portugueses inscritos, sendo que um deles é uma mulher. O ECO foi saber quem vai marcar presença este ano. A lista ainda pode engrossar até terça-feira, mas para já estão confirmados oito: António Guterres, na sua qualidade de secretário-geral das Nações Unidas, e Carlos Moedas, enquanto comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação. Ao nível do Executivo português, ao contrário dos últimos dois anos, António Costa não estará presente, e a representação política nacional é assegurada pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e pelo secretário de Estado da Internacionalização Eurico Brilhante Dias.
A nível empresarial Henrique Soares dos Santos, administrador não-executivo da Jerónimo Martins, volta a marcar presença no encontro e vai acompanhado por Pedro Veloso, vice-presidente da Sociedade Manuel dos Santos, que substitui José Soares dos Santos que esteve em Davos pelo menos nos últimos três anos. Confirmado está também António Mexia, CEO da EDP. A única mulher com presença confirmada é Cláudia Azevedo, próxima CEO da Sonae. O ECO tentou saber se Cristina Fonseca, cofundadora da Talkdesk, ia voltar pelo terceiro ano consecutivo, mas não foi possível obter resposta até à publicação deste artigo.
A discussão da globalização 4.0 e dos desafios para 2019 vão reunir mais de três mil participantes de todo o mundo dos mais diferentes setores de atividade: empresas, sociedade civil, academia, arte, cultura, media e governos. O participante mais novo tem apenas 16 anos e vem da África do Sul. Skye Meaker é fotógrafo da vida selvagem. O mais velho é David Attenborough, o conhecido apresentador de televisão, que já conta com 92 anos, que ficou conhecido pelo seu trabalho em torno das mudanças climáticas.
Segundo o relatório anual que o Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla em inglês) elabora, feito com base no Inquérito Global de Perceção de Risco de aproximadamente 1.000 especialistas e decisores, os riscos ambientais como os mais graves a curto, médio e longo prazo para a economia e coloca os eventos climáticos extremos (como inundações ou tempestades) como os riscos mais prováveis de acontecer nos próximos dez anos, seguindo-se o fracasso na mitigação e adaptação às alterações climáticas, as grandes catástrofes naturais (como terramotos, maremotos ou erupções vulcânicas), incidentes massivos de fraude ou roubo de dados, e acidentes cibernéticos em grande escala nos cinco primeiros lugares.
O relatório revela ainda que 88% dos inquiridos prevê ainda um deteriorar das regras e acordos comerciais multilaterais e 85% prevê um aumento dos riscos de “confrontos políticos entre as grandes potências” durante 2019. Estes números são interpretados pelo WEF como reflexo de uma ordem mundial “multi-conceptual”, que reflete mudanças nos equilíbrios de poder e em diferenças de “valores fundamentais” entre os vários protagonistas globais.
O presidente do WEF, Børge Brende, considera que o mundo está sem “força motriz” para contrariar o tipo de desaceleração à qual a atual dinâmica poderá conduzir, apelando para uma “ação coordenada e concertada” para “combater as graves ameaças” correntes.
As ausências de peso no encontro deste ano, que decorre entre 22 e 25 de janeiro, podem ser um sinal dessa falta de força motriz. O Presidente dos Estados já tinha anunciado que não estaria presente, mas agora é toda a delegação da Casa Branca que vai faltar devido ao shutdown, que é já o mais longo da história dos Estados Unidos, arrastando-se há 28 dias e afetando mais de 800 mil funcionários.
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Quem também não vai marcar presença é o Presidente francês, Emmanuel Macron. O Chefe de Estado, sob grande pressão por causa dos protestos dos coletes amarelos (um movimento que já se alastra a outros países europeus), prefere reunir-se com 150 patrões franceses e estrangeiros na cimeira “Escolha França”, em Versalhes, para discutir a atratividade francesa.
Outro dos líderes de peso que falha a reunião deste ano é Theresa May. A razão é só uma — o Brexit, que ajuda a alimentar as incertezas na economia mundial. A chefe do Executivo está a reunir com os líderes dos partidos da oposição, à exceção do dirigente trabalhista, Jeremy Corbyn, que fez saber que não dialogaria com May enquanto esta mantivesse “a catastrófica hipótese” de um Brexit sem acordo, para tentar encontrar um “plano B”. A ideia é ter um projeto de Brexit alternativo, para fazer o processo de divórcio do Reino Unido da União Europeia sair do impasse em que se encontra depois do chumbo, na terça-feira, pelo Parlamento britânico do acordo negociado entre Londres e Bruxelas.
Mas alguns analistas defendem que a ausência de figuras tão sonantes até pode ajudar a que as atenções se voltem para os verdadeiros problemas e para a discussão de possíveis soluções como por exemplo as Plataformas de Produção da quarta Revolução Industrial. A ideia é ajudar as empresas a satisfazerem as novas exigências do mercados misturando ativos físicos e digitais e juntando diversas empresas, e até mesmo consumidores, para aumentar o desempenho.
Ainda assim, os holofotes vão estar virados para o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, terá em Davos a sua primeira viagem internacional desde que tomou posse. Outras figuras relevantes são a chanceler alemã, Angela Merkel, os primeiros-ministros italiano, Giuseppe Conte; espanhol, Pedro Sánchez; holandês, Mark Rutte; japonês, Shinzo Abe; o vice-presidente chinês, Wang Qishan, entre muitos outros políticos, empresários e membros da sociedade civil.
(Notícia atualizada às 12h56 com a confirmação de António Mexia, CEO da EDP)
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