Dívida aumentou, mas Portugal nunca pagou tão pouco para se financiar como em 2018
O reforço da confiança dos investidores no país e as condições domésticas e externas favoráveis fizeram baixar os custos de financiamento do país, no ano passado. A maturidade da nova dívida aumentou.
Portugal financiou-se, ao longo do ano passado, com os custos mais baixos de sempre. Num ano em que o “fardo” da dívida aumentou, o juro médio pago pelo país nas novas emissões caiu para 1,8% graças ao reforço da confiança dos investidores em resultado das condições favoráveis tanto internas como externas, revela o boletim mensal da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).
No final de dezembro de 2018, o valor da dívida direta do Estado totalizava 245,6 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 3,1% no total do ano. Apesar disso, os investidores exigiram menos juros ao país. O custo médio dos Bilhetes do Tesouro (BT), Obrigações do Tesouro (OT), Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) e Obrigações MTN emitidos ao longo do ano passado compara com 2,6% pagos em 2017.
Os juros têm vindo gradualmente a cair desde 2011, ano em que Portugal pediu o resgate financeiro e pagou uma média de 5,8% pela nova dívida. As novas emissões seguiram a tendência do custo da dívida portuguesa benchmark negociada em mercado secundário. Desde final de 2017 que a yield não ultrapassa a barreira dos 3%, estando atualmente nos 1,65%.
Um dos fatores apontados como fundamental para a descida nos custos de financiamento prende-se com as revisões em alta das avaliações das agência de rating, que foram passando Portugal para grau de investimento. Pela primeira vez em sete anos, a dívida nacional saiu do “lixo” pelas quatro principais agências de notação financeira em outubro de 2018.
O ano passado também ficou marcado pelo reembolso da totalidade do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ficou concluído a 10 de dezembro, com o pagamento de 4.700 milhões de euros, que atingiam a maturidade entre 2021 e 2024. A poupança estimada pelo ministério das Finanças com juros é de 100 milhões de euros, enquanto o pagamento foi feito com recurso a financiamento com maturidades mais longas, ou seja, o país aproveitou para baixar os custos de gestão da dívida e alongar o prazo médio.
A dívida portuguesa tem atualmente uma maturidade média de 7,8 anos, segundo indicam também os dados do IGCP, sendo que em 2018 as novas emissões voltaram a ser mais longas. Em linha com a estratégia levada a cabo por Cristina Casalinho à frente da agência (com emissões de dívida mais longa, recompra de títulos e operações de troca de Obrigações), o prazo médio dos novos empréstimos contraídos subiu para 10,3 anos, face a cerca de sete anos, em 2017.
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