“Esta é uma remodelação em circuito fechado”, diz Marques Mendes
A remodelação confirmada este domingo transforma Pedro Nuno Santos num super ministro e torna o Governo mais fechado, mais coeso já a pensar nas eleições que se avizinham.
A remodelação governamental oficialmente anunciada este domingo foi feita “em circuito fechado”, “com prata da casa” e representa uma deriva à esquerda, defende Marques Mendes no seu comentário semanal. Para o responsável esta é a remodelação de Pedro Nuno Santos, que vê o seu poder reforçado com a passagem de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares a ministro da Infraestruturas e Habitação. “Um super ministro”, diz Marques Mendes reiterando a ideia defendida a semana anterior quando avançou em primeira mão alguns dos nomes que iriam em que António Costa ia mexer.
Na prática não haverá grandes mudanças no funcionamento do Governo, nem grandes iniciativas, defende Marques Mendes. “Para obras não há tempo porque as eleições estão à porta. Mas vai mudar a componente política. O Governo fica com uma maior coesão política. Fica um Governo de combate político“, defende, “a pensar nas eleições”.
O comentador defende que há sinais de uma viragem à esquerda. “A ala esquerda do PS ganha peso neste Governo. Vê-se com Pedro Nuno Santos que fica um super-ministro e com Duarte Cordeiro que fica com uma pasta essencialíssima que são os Assuntos Parlamentares“, afirma. “Esta é a remodelação que confirma o peso político de Pedro Nuno Santos. Sobe a ministro, fica com competências enorme, num Ministério que, bem gerido, é altamente popular, sobretudo porque agora vai arrancar o investimento público”, antecipa Marques Mendes.
Quanto à escolha das pessoas abrangidas pela remodelação, Marques Mendes frisa que “são tudo pessoas da confiança de António Costa”, o que “é uma característica das remodelações” do primeiro-ministro, para além de serem “sempre forçadas pelos acontecimentos”. Mas desta vez, António Costa está também a prosseguir um segundo propósito: “dar palco a todos os que podem vir a ser seus sucessores”, isto porque António Costa deixará a liderança dentro de quatro ou cinco anos, antecipa Marques Mendes.
Fernando Medina herdou a Câmara de Lisboa de António Costa e tem contado sempre com o apoio do primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos, que é considerado o grande delfim, passa a super-ministro, Pedro Marques sai para o Parlamento Europeu como líder da lista — “se ganhar as eleições terá grande estatuto” — e, “neste quadro falta apenas Ana Catarina Mendes que agora não foi para o Governo porque é precisa no partido para preparar as eleições, mas será ministra se o PS ganhar as eleições em outubro”.
A acreditar nas sondagens, se as eleições fosse hoje, o PS estava ainda mais longe da maioria absoluta. Marques Mendes citou a sondagem de fevereiro da Aximage, para o Correio da Manhã e Jornal de Negócios que revela que o PS voltou a baixar nas intenções de voto. A sondagem dá 36% de votos ao PS quando há um ano lhe dava 40%. Também o PSD volta a baixar 0,3%, uma quebra ligeira, mas tendo em conta que o mês passado já estava no valor mais baixo de sempre, a tarefa de Rui Rio para recuperar eleitorado não será fácil até porque o PSD não está a conseguir capitalizar as perdas do PS, sublinha o comentador. De acordo com a sondagem, o PSD está com 24% dos votos, contra 26% do ano anterior.
Já o CDS está muito próximo dos 10%. Mas para Marques Mendes, o partido de Assunção Cristas conseguirá capitalizar mais o eleitorado se continuar “a confrontar o primeiro-ministro com as questões que existem, a apresentar propostas alternativas e a verbalizar os descontentamento e não tanto com iniciativas como a moção de censura” apresentada na sexta-feira. “Neste momento não tem sentido, é virtual, artificial”. “É um bocadinho fogo-de-artifício”, diz Marques Mendes.
(Notícia atualizada com mais informação)
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