Portugal tem “problema sério” de prisões sobrelotadas, diz Conselho da Europa
Relatório do Conselho da Europa coloca Portugal entre os oito países com as prisões mais lotadas na Europa em 2018.
Há cada vez menos presos na Europa, com a taxa de reclusão a cair 6,6% entre 2016 e 2018. Porém, em muitos países do Velho Continente as prisões continuam cheias, e Portugal é um dos países onde a sobrelotação é um problema, segundo o relatório SPACE, do Conselho da Europa, que avalia a estatística anual penal europeia, e que foi divulgado esta terça-feira.
Segundo o estudo realizado pela Universidade de Lausanne para o Conselho da Europa, que reúne informações de 44 estabelecimentos e administrações prisionais de vários Estados-membros, a densidade prisional na Europa permanece estável, a registar 91,4 presos por cada 100 lugares disponíveis.
Ainda assim, existem oito países europeus com um “problema sério” de sobrelotação nos estabelecimentos prisionais, entre eles Portugal, a registar um número de 105,9 reclusos por cada 100 lugares disponíveis no início de 2018. No topo estão a recém-criada Macedónia do Norte, seguida da Roménia, França e Itália.
Estes números dão conta do estado das prisões portuguesas até 31 de janeiro de 2018. Conclusões mais recentes já vieram da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, que dão conta de uma evolução positiva na tentativa de resolver este problema. Portugal fechou o ano passado com 12.934 reclusos, sendo a taxa de ocupação de 98,6%, segundo dados mais recentes, referentes a 31 de dezembro de 2018.
Apesar de a taxa se manter elevada, de acordo com os dados do Ministério da Justiça esta foi a primeira vez em vários anos que Portugal registou uma ocupação global das prisões que não está a ser ultrapassada.
Há menos presos, mas Portugal fica acima da média
Já o número geral de presos na Europa desceu entre 2016 e 2018 de uma mediana de 109,7 para 102,5 por cada 100.000 habitantes. Portugal encontra-se ligeiramente acima da média europeia (123,7), a registar 129,7 reclusos por 100.000 habitantes — ainda assim, uma redução de 2%.
Dos países onde a taxa de reclusão desceu mais, salienta-se a Roménia (-16%), a Bulgária (-15%), Noruega (-11,6), Finlândia (-9,9%) e Macedónia do Norte (-9,7%). Entre os países com taxas de reclusão particularmente elevadas mantém-se a Rússia, que regista 418,3 reclusos por 100.000 habitantes, a Geórgia, o Azerbaijão, a Lituânia e a Moldávia, por exemplo.
Não contando com os países com menos de 300.000 habitantes, as taxas mais baixas de reclusão registaram-se na Islândia (46,8), na Finlândia (51,1), na Holanda (54,4) e na Suécia (56,5).
A proporção de presos estrangeiros registada também caiu, em 4,8%, de 16,7% do total da população reclusa em 2016 para 15,9% em 2018. No entanto, em 15 países mais de 25% dos presos eram estrangeiros, números registados principalmente no norte e oeste da Europa. Em Portugal a percentagem de presos estrangeiros está nos 16%.
Tráfico de drogas e roubo são os crimes mais comuns
Segundo a média europeia, o tráfico de drogas e roubo entre 2016 e 2018 continuaram a ser os crimes pelos quais os reclusos foram presos com mais frequência, a registar 16,8% e 15,6%, respetivamente. Num lado mais positivo, Portugal é o país com a taxa mais baixa de presos por crimes relacionados com o tráfico de drogas, a registar 17,2%.
Ainda assim, entre estes dois anos a proporção de condenados por furto diminuiu 15% e os crimes de droga aumentaram em 9,7%. O número de presos condenados por delitos de drogas foi particularmente alto na Letónia, Geórgia, Grécia, Itália, Chipre, Azerbaijão, Estónia e Islândia, países que registaram mais de um quarto de reclusos presos por estes crimes.
Segundo o Conselho da Europa, em 2018 mais de um terço dos presos cumpria sentenças por crimes que envolveram violência. Nestes crimes inclui-se homicídio (13,1% dos presos), agressões (5,1%), violação e outras ofensas sexuais (7,5%) e roubo (10,5%).
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