Retrato às condições laborais: muitas horas, intensidade e em ambiente de risco é realidade para muitos trabalhadores
Prazos apertados e intensidade laboral é uma realidade apontada no estudo, assim como os vários profissionais sujeitos a um trabalho físico de risco.
Uma em cada seis pessoas trabalha mais de 48 horas por semana na União Europeia sendo que, na Turquia, são mais de metade os trabalhadores a fazerem-no. Além desta grande diferença entre países, o relatório “Working conditions in a global perspective”, um trabalho conjunto da Organização Internacional do Trabalho e da Eurofound, analisou a qualidade do emprego tendo por base o ambiente físico, a intensidade do trabalho, a qualidade do tempo de trabalho, o ambiente social, as competências e a evolução profissional, as perspetivas e os ganhos.
Os dados mostram que é frequente a exposição a riscos físicos. Mais de metade dos inquiridos diz estar sujeito a movimentos repetitivos de mãos e braços, enquanto duas em cada quatro pessoas relatou trabalhar frequentemente num ambiente de altas ou baixas temperaturas.
Prazos apertados e uma elevada intensidade de trabalho são regra para 50% das pessoas que trabalham nos EUA, Turquia, El Salvador e Uruguai, uma realidade que afeta um terço dos trabalhadores da UE. Esta intensidade é tendencialmente reportada por quem tem um horário laboral exigente. E é estimado que 25 a 40% das pessoas tenham empregos com exigências emocionais. Por outro lado, perto de 70% avaliaram positivamente o desempenho das suas chefias e referiram ter um elevado nível de apoio social por parte de colegas (embora com algumas exceções de país).
Independentemente do país, são sempre as pessoas com menos instrução as que menos acesso têm a oportunidades para aumentar e desenvolver as suas competências. E numa análise ao acesso a formação no emprego, Portugal é o sétimo pior classificado no universo da UE 28. Apesar de a UE, juntamente com os EUA e o Uruguai, terem percentagens elevadas (entre 72 a 84%) de formação em contexto laboral.
Em todos os 41 países analisados (28 são da UE), as mulheres ganham significativamente menos do que os homens e estão sobrerrepresentadas na extremidade mais baixa da distribuição de rendimentos.
No espaço da UE, conclui o estudo, embora se tenham registado melhorias em muitas dimensões do trabalho, ainda há áreas que requerem intervenção significativa. Afinal, uma grande parte dos trabalhadores (mais homens do que mulheres) relatam ter sido expostos a riscos físicos no trabalho, apesar do progresso relatados em alguns.
Outra realidade europeia é o aumento das desigualdades entre os trabalhadores. Os empregos com “menor qualidade” são maioritariamente ocupados por trabalhadores com baixo nível de escolaridade e por mais mulheres do que homens.
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