O que estão a dizer académicos e políticos nas redes sociais sobre as europeias?
Nas europeias de domingo, o PS venceu as eleições e o PSD saiu derrotado. Nas redes sociais, quem percebe do tema tem avançado algumas pistas sobre o que pode acontecer a seguir. O ECO foi ver.
As eleições europeias deste domingo puseram académicos e protagonistas políticos a comentar nas redes sociais os resultados, deixando pistas sobre o que a nova distribuição de votos pode significar tanto em relação a eleições anteriores como face aos atos eleitorais que se seguem.
Aqui fica um roteiro com as pistas deixadas pelos especialistas:
PAN decisivo para o PS
Nuno Garoupa, o investigador e professor universitário, contabiliza que nas legislativas de outubro o PAN pode conseguir eleger pelo menos seis deputados, podendo até chegar aos sete. A ser assim, o PAN pode transformar-se num ator central caso o PS vença sem maioria absoluta. O investigador acredita que o PS está condenado a ficar-se pelos 35% não saindo do “poucochinho” – “não chega para maiorias absolutas”, diz através do seu Facebook num outro post onde analisa os resultados das europeias.
Pedro Magalhães, que é especialista em sondagens, ilustra através de um mapa como se distribuíram os votos do PAN pelo território.
Tweet from @PCMagalhaes
Na mesma linha, Paulo Pedroso, ex-ministro socialista antecipa que o PAN pode assumir uma posição de relevo. “A geringonça desbloqueou a alternância esquerda-direita. O PAN pode desbloquear as alternativas de governo ao centro, sem os partidos parlamentares da esquerda nem da direita. Não é um desejo meu, é a antecipação de um novo cenário possível na governabilidade do país”, afirma na sua conta pessoal no Facebook.
Já quanto ao desempenho do PS e dos partidos à direita, Paulo Pedroso deixa uma espécie de alerta. “O PS com uma subida eleitoral moderada face a 2014 conquistou uma grande vitória, sobretudo devida à incapacidade da direita de se reencontrar como alternativa.”
Pequenos podem safar-se nas legislativas
O Livre, de Rui Tavares, não chegou ao Parlamento Europeu, mas pode conseguir um lugar em São Bento, nas legislativas de 6 de outubro. Garoupa acredita que “o Livre tem condições para meter dois deputados em outubro – Lisboa e Porto. Tem de encontrar o discurso certo para não dispersar os votos que teve” no domingo. Rui Tavares faz as mesmas contas: “Os resultados de hoje permitiriam em legislativas eleger dois deputados”.
Tweet from @ruitavares
Bloco falhou terceiro deputado
A noite foi de festejos para o Bloco de Esquerda mas Nuno Garoupa deixa alguns alertas. O partido de Catarina Martins não passou a barreira dos 10% e não elegeu o terceiro eurodeputado que teve em 2009. “O PAN concorre abertamente no voto de protesto”, diz o especialista.
CDU precisa de nova liderança
É certo que a CDU conseguiu eleger dois eurodeputados, tantos como o Bloco, mas está em tendência de redução. Face a 2014 perdeu um representante, enquanto o Bloco ganhou um. No entanto, a CDU perdeu 188.364 votos. Garoupa defende que a CDU precisa de uma nova liderança para “competir com o Bloco e o PAN no voto de protesto”.
PSD e CDS repetem maus resultados em outubro
Nuno Garoupa defende ainda que o centro-direita perdeu base de apoio em 2013 que não voltou a recuperar. PSD e CDS precisam de uma “recomposição”, mas esta só pode acontecer depois das eleições de outubro. “Até lá será mais do mesmo. E com os mesmos resultados [da] noite [de domingo]”, atira.
Quem está no Governo saiu a ganhar desta vez
Há 20 anos que o partido no poder não vencia umas eleições europeias, mas o número de vezes em que isso aconteceu passou agora estar equilibrado. Em oito eleições para o Parlamento Europeu, em metade venceu o partido no Governo. Mas o que Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS), explica num gráfico publicado na sua conta do Facebook é que é a primeira vez que um partido vê a percentagem de votos subir nas europeias face às legislativas.
Abstenção cresce com desgaste dos partidos tradicionais
O ex-ministro de Passos Coelho, Miguel Poiares Maduro, avança na sua conta de Facebook uma explicação para o elevado nível de abstenção, que voltou a marcar um recorde de 68,6% em contraciclo com a Europa onde baixou. “Em Portugal o desgaste dos partidos tradicionais, e a sua dificuldade de adaptação aos novos temas políticos, não se tem expresso tanto através do sucesso de novos partidos políticos mas sim no crescimento da abstenção”. O professor universitário explica que ao PS “bastou um resultado poucochinho” para ter uma “significativa” vitoria. Quanto ao PSD “não há como esconder o resultado particularmente negativo”.
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