Caixa recua e continua a pagar juros abaixo de um euro nos depósitos
Banco anunciou na semana passada que ia deixar de pagar juros abaixo de um euro nos depósitos. Mas voltou atrás na decisão um dia depois de o Banco de Portugal ter manifestado a sua oposição.
Afinal, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai continuar a remunerar as poupanças mais reduzidas. O banco tinha anunciado há uma semana que ia deixar de pagar juros abaixo de um euro nos depósitos, o que ia penalizar sobretudo os pequenos aforradores. Mas voltou atrás nesta decisão, isto um dia depois de o Banco de Portugal ter manifestado a sua oposição.
“A CGD tomou boa nota da comunicação efetuada pelo Banco de Portugal. Em face da expectativa criada, a Caixa decidiu acolher a recomendação sobre a medida que entraria em vigor no dia 1 de agosto”, disse fonte oficial do banco.
Acrescentou a mesma fonte que a medida era sobretudo ditada por razões de “natureza de eficiência operacional e não tanto por razões de rentabilidade“. “O banco procurava minimizar o elevado número de lançamentos, muitas vezes dando origem a comunicação escrita, de montantes de baixa materialidade para os Clientes. Exemplo: Depósito de cinco mil euros, a 6 meses, o juro líquido será de 0,27 euros”, explicou ainda.
Tudo que fosse juro bruto inferior a um euro nas contas de depósitos o banco deixaria de pagar a partir de 1 de agosto, informou a CGD numa carta enviada na semana passada aos seus clientes.
Mas a alteração na política de pagamento de juros não agradou a muitos, incluindo o supervisor liderado por Carlos Costa, soube o ECO. Uma posição que já foi inclusivamente transmitida ao banco público. “O Banco de Portugal já transmitiu à CGD a sua posição relativamente à política de pagamento de juros de depósitos a prazo recentemente anunciada por esta instituição de crédito”, afirmou fonte oficial do supervisor.
Não pagar juros abaixo de um euro ia prejudicar apenas os pequenos depositantes da CGD, cujas poupanças deixariam de ser remuneradas com a nova regra. Feitas as contas, só os clientes com mais de 6.667 euros continuariam a receber os juros pelo dinheiro depositado no banco público, uma situação que mereceu a crítica da associação de defesa dos consumidores. “Não é correto o que a Caixa está a fazer. Isto significa que todos os depósitos com prazo de um ano e abaixo de 6.670 euros não vão render qualquer juro, penalizando os pequenos aforradores. É por isso é que é imoral. O banco público devia incentivar as poupanças”, afirmou ao ECO o economista da Deco António Ribeiro.
Face a esta situação, o Bloco de Esquerda também se insurgiu contra esta prática. Mariana Mortágua classificou a medida de “comissão encapotada que penaliza as poupanças mais baixas”, contrariando aquilo que são “os desígnios de um banco público”.
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