“Trocar dívida cara por barata faz todo o sentido”, diz o empresário Carlos Barbot
Crescimento económico, défices em sucessivos mínimos históricos e uma estratégia de reembolsos antecipados ao FMI permitiram reduzir a dívida pública, mas continua em níveis excepcionalmente elevados.
O crescimento económico acima da média da Zona Euro nos anos mais recentes e a redução do défice para sucessivos mínimos históricos desde o 25 de abril de 1974 têm permitido a Portugal reduzir o seu nível de dívida pública em relação ao PIB desde o segundo ano do Governo. Mas o Governo também tem apostado em pagar mais cedo aos credores internacionais que financiaram o resgate de 2011, aproveitando as taxas de juro baixas praticadas nos mercados. Segundo o empresário Carlos Barbot, das Tintas Barbot, essa é uma estratégia que faz todo o sentido.
Desde que chegou ao Terreiro do Paço que Mário Centeno teve ‘arrufos’ com os credores internacionais. Primeiro nas negociações com a Comissão Europeia em 2016, que o obrigaram a tomar mais medidas para corrigir o défice — entre eles o aumento dos preços dos combustíveis –, depois nas sucessivas projeções e análises feitas ao país tanto pelas equipas europeias — Comissão, Banco Central Europeu e Mecanismo Europeu de Estabilidade — como pela equipa do Fundo Monetário Internacional.
Por isso não foi de estranhar que o ministro das Finanças tenha decidido pagar mais cedo ao FMI, de tal forma que o empréstimo já foi todo pago e as equipas de Washington já não vêm a Lisboa reavaliar os progressos a cada três meses. Mas esse não foi o único critério. Os empréstimos ao FMI eram significativamente mais caros que os dados pelos parceiros europeus e até face ao praticado no mercado. Emitindo nova dívida para pagar o empréstimo ao FMI permitiu também reduzir a fatura com juros do país.
Segundo o empresário Carlos Barbot, das Tintas Barbot (a terceira maior empresa do setor em Portugal), “trocar dívida cara por barata faz todo o sentido”, mas não deve ser a única coisa para ajudar a reduzir a dívida pública. Então que caminho deve ser seguido para ir mais além?
“Depende onde queira encolher. Se a ideia é aumentar os impostos, não me parece que se deva ir por aí. Se for diminuir a despesa pública faz todo o sentido. É lógico e evidente que o que falta fazer no público foi o que se fez no privado: racionalizar e cortar custos. O peso do Estado em cima da Nação é muito grande”, considera o empresário.
Carlos Barbot diz que no Estado, como em todas as empresas, “há sempre gorduras a mais e há que cortá-las”.
Caso o Governo consiga atingir a meta para a dívida pública prevista para este ano, terá conseguido cortar mais de 10 pontos percentuais à dívida pública em relação ao PIB, passando dos 128,8% do PIB que encontrou quando começou a governar em 2016 aos 118,7% do PIB com que prevê terminar este ano.
Se este objetivo não oferecer resistência, Portugal estará em cumprimento com as regras orçamentais europeias a que está vinculado, porque ainda está num período transitório que se segue a todos os países que abandonam, com sucesso, um Procedimento dos Défices Excessivos. Mas no próximo ano a história já será diferente. Com a regra da dívida pública a aplicar-se na totalidade a Portugal, a Comissão Europeia já antecipa dificuldades e pede ao Governo que faça mais, começando já este ano.
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