Preço das casas disparou. Mas não é preciso fazer nada, diz o FMI
O turismo levou os estrangeiros a comprarem cada vez mais casas em Portugal, o que fez disparar os preços do setor. Mas, para o FMI, "não é preciso nenhuma intervenção política imediata".
Não é novo que os preços das casas continuam a aumentar, embora a um ritmo que comece a mostrar sinais de desaceleração. Quem já reconheceu isso foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que defende que, apesar desse forte aumento dos preços — devido, sobretudo, aos estrangeiros –, não é necessário tomar medidas políticas para pôr um travão, pelo menos para já. Ainda assim, alerta que as autoridades nacionais devem acompanhar de perto o mercado e estar prontas a tomar medidas caso seja necessário.
A maioria das transações imobiliárias que fizeram disparar os preços das casas aconteceram em “locais-chave”, como Lisboa e Porto, e estiveram ligadas ao “forte crescimento do setor do turismo e aos investimentos diretos de não-residentes”, começa por referir o FMI, num relatório publicado esta sexta-feira. A presença — e o consequente peso — dos investidores estrangeiros começou a ser reforçada a partir de 2014, principalmente no mercado de luxo. Entre 2013 e 2017, 35% das compras superiores a 500 mil euros foram da responsabilidade destes não-residentes.
Contudo, a instituição até agora liderada por Christine Lagarde alerta que estes números podem não espelhar verdadeiramente o peso que os investidores internacionais têm no mercado imobiliário, uma vez que muitos compradores adquirem o estatuto de residente quando compram um imóvel. Exemplo disso são os vistos gold, que permitem a um cidadão estrangeiro obter uma autorização especial de residência em Portugal através de um investimento, por exemplo a compra de uma casa de valor igual ou superior a 500 mil euros.
Ainda assim, crédito habitação levanta preocupações
Neste sentido, e face aos preços das casas que continuaram a subir, a instituição financeira defende que “não é preciso nenhuma ação política imediata”, uma vez que “essas subidas variam de região para região”.
Mas há um fator que levanta preocupações ao FMI: os créditos concedidos para a compra de casa. “A maioria das transações imobiliárias não foi financiada com hipotecas”, lê-se no relatório. “Ainda assim, se a forte subida dos preços continuar, isto poderá levar a um aumento dos créditos à habitação (inclusive através de operações de refinanciamento), aumentando, ainda mais, a exposição da banca ao mercado imobiliário”.
Concluindo, a instituição sublinha que as casas continuam a estar cada vez mais caras — “apesar de alguns sinais recentes de arrefecimento” –, e que estes aumentos se devem à “forte procura dos não-residentes e ao turismo”. Mas ainda não é necessário agir. Contudo, “as autoridades portuguesas devem acompanhar de perto a evolução dos mercados hipotecários e estar prontas a ajustar as medidas macroprudenciais, se for preciso”.
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