BRANDS' TRABALHO Será a Inteligência Artificial livre de preconceitos de género?
Marta Santos, EY Associate Partner, People Advisory Services, diz que a Inteligência Artificial veio para ficar
A Inteligência Artificial veio para ficar. De forma tão vertiginosamente rápida que, a nível mundial, nos últimos dois anos, muitas organizações tiveram de fazer uma profunda revisão da sua estratégia. Um estudo da EY, em 2017, indicava que 74% dos CEO’s participantes não tinham a automatização de processos num horizonte de curto prazo… Os resultados de 2018 revelam que 73% já adotaram, ou estão em vias de introduzir, Inteligência Artificial nas suas organizações.
Na verdade, é provável que em 5 anos possamos ter carros que não precisam de condutor, frigoríficos que podem fazer as encomendas do que está em falta, aulas dadas por robots… Mas, de acordo com o Fórum Económico Mundial, em 2018 faltavam ainda 108 anos para que possamos ter igualdade entre homens e mulheres a nível da saúde, da educação, a nível económico e político! O cenário é ainda pior se olharmos especificamente para a paridade económica: 202 anos para a paridade de género no mercado de trabalho.
Como é possível que o mundo esteja a evoluir de forma exponencial a tantos níveis, nomeadamente a nível tecnológico, mas continue a andar para trás nas questões de género? É preciso garantir que a Inteligência Artificial não replica este cenário para o futuro. Mas como?
De acordo com estudos da UNESCO, menos de um terço da força de trabalho mundial na área técnica é feminina. No campo da Inteligência Artificial, apenas 22% dos trabalhadores são mulheres.
A Inteligência Artificial é alimentada por gigantescos volumes de dados – são a base da sua capacidade inicial.
Se as bases de dados de imagens disponíveis associam as mulheres com tarefas domésticas e os homens com desporto, os estudos realizados até agora (EY) revelam que os softwares de reconhecimento de imagem não só replicam estes dados, como os amplificam.
A Inteligência Artificial, podendo ser uma aliada da promoção da diversidade nas empresas, através de processos de seleção baseados apenas nas competências e experiências desejadas, podem, por outro lado, ser uma força contrária, se introduzirmos fatores de descriminação no algoritmo de escolha inicial.
Se os dados que introduzimos forem enviesados, como é que que IA pode não ser?
Ao contrário dos humanos, os algoritmos não podem combater de forma consciente os preconceitos que lhes são incutidos. Assim, tem de partir de nós a influência consciente para garantir que a tecnologia é uma força motriz de um mundo que caminha para a paridade de género.
Mais mulheres nas áreas das Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (STEM) será um primeiro passo. Atualmente, apenas 20% dos estudantes mundiais nas STEM são mulheres.
É preciso aliciar as mulheres, desde meninas, paras estas áreas. É preciso encontrar formas eficazes de atrair e reter talento feminino nestas áreas, é preciso desenvolver as competências tecnológicas e digitais das trabalhadoras, é preciso garantir que as mulheres têm acesso a posições de liderança!
É preciso promover a diversidade e a inclusão nas equipas tecnológicas, digitais, de inovação, de gestão, de transformação…
É preciso equipas multidisciplinares e inclusivas em todas as fases de desenvolvimento de Inteligência Artificial. Devem avaliar a validade e fidedignidade dos dados, testar os algoritmos, verificar a evolução dos resultados, de forma a que a IA seja uma aliada da paridade de género.
É preciso aumentar o cromossoma X da tecnologia!
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