Grécia é o cliente mistério “112” que deu rombo de 770 milhões a BCP e BPI
Entre os grandes devedores dos bancos portuguesa está o cliente "112". É a Grécia. País deu um rombo de 770 milhões de euros ao BCP e BPI, quando credores tiveram de perdoar dívida em março de 2012.
Há devedores e devedores na banca portuguesa e entre os maiores está a Grécia. É o cliente “112” da lista divulgada pelo Banco de Portugal. Os gregos deram um rombo de 766 milhões de euros ao BCP e BPI, depois do maior perdão de dívida da história concedido ao país em março de 2012, aquando do segundo resgate financeiro internacional a Atenas.
O Banco de Portugal apresentou esta terça-feira uma lista dos grandes devedores dos bancos portugueses que tiveram de pedir apoio público face aos problemas financeiros em que se encontravam. O supervisor não divulgou os nomes dos devedores, apenas códigos numéricos e as perdas que provocaram aos bancos. Ainda assim, é possível desvendar a identidade de alguns clientes faltosos através do cruzamento de dados.
Foi esse o caso do cliente “112” — que, por ironia, foi um dos motivos pelos quais o BCP e o BPI tiveram de ligar para o número de emergência, solicitando ajuda ao Estado de 3.000 milhões e 1.500 milhões de euros, respetivamente.
A partir das informações disponibilizadas ontem ao final da tarde pelo Banco de Portugal, ficou-se a saber que o cliente “112” gerou um prejuízo de 408 milhões de euros ao BPI. Quem seria este cliente misterioso? Momentos depois, o banco desfazia as dúvidas através de um comunicado enviado às redações: as perdas com dívida grega ascendiam a 408 milhões, representando 80% do total de perdas reportadas (508 milhões). A lista divulgada pelo supervisor indica que a exposição inicial do BPI a este cliente “112” era de 480 milhões de euros.
O BPI não foi o único banco português a perder dinheiro com cliente “112”. Este grande devedor (já sabemos que é a Grécia) também figura na lista dos grandes devedores em incumprimento do BCP. Aqui o rombo foi de 358 milhões de euros, com a dívida grega a representava 30% das perdas reportadas pelo banco na altura (2012) liderado por Nuno Amado.
Tanto BPI como BCP pediram apoio estatal naquele ano, tendo recorrido à linha de recapitalização disponibilizada pelo Estado. Foram financiados através das obrigações de capital contingente, os chamados CoCos. Ambos os bancos já devolveram toda a ajuda que obtiveram, e com juros.
Em 2012, em plena crise económica, financeira e social, a Grécia e a troika acordaram um perdão de dívida no valor de 200 mil milhões de euros. Foi a maior reestruturação de dívida de sempre, com o setor privado (bancos, fundos de investimento entre os credores) a ser chamado a suportar as perdas.
BES Angola deu perda de 2,9 milhões ao Novo Banco
No Novo Banco também há um grande devedor que já foi identificado. Trata-se do cliente com o código 130. Este grupo económico gerou uma perda de 2.941 milhões de euros ao banco liderado por António Ramalho. Quem é? É o BES Angola, segundo avançou o Expresso. Representava 83% das perdas totais da instituição em junho de 2018.
O Novo Banco tem vindo a ser socorrido com fundos públicos, por via do Fundo de Resolução, que detém 25% da instituição. Só este ano, o Tesouro português emprestou 850 milhões de euros no âmbito da garantia pública que foi acordada aquando da venda de 75% aos americanos do Lone Star.
Segundo a lista do Banco de Portugal, a exposição inicial do Novo Banco ao BES Angola era de 3.328 milhões de euros. Cerca de 170 milhões de euros já tinham sido reembolsados. A exposição da instituição portuguesa ao banco angolano era de apenas 546 milhões em junho do ano passado.
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