Mesmo isolados, motoristas mantêm greve por “um mês, seis meses, um ano, o que for necessário”
Os motoristas decidiram manter a paralisação, continuando "a apelar à mediação" do Executivo. Falou aos jornalistas, Francisco São Bento e não Pardal Henriques, um dos principais rostos da greve.
Mesmo depois de ter perdido o principal aliado, o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) não cede e vai manter a greve, continuando “a apelar à mediação” do Executivo. “Estamos aqui duros como o aço”, garantiu o presidente dessa estrutura sindical, em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP 3. Francisco São Bento assegurou que os trabalhadores estão dispostos a continuar em greve “um mês, seis meses, um ano”, o tempo “que for necessário” até que as suas reivindicações sejam atendidas.
“Vamos continuar a apelar a esta mediação. Sabemos que é possível. Legalmente, está definida no Código do Trabalho esta opção. Portanto, vamos continuar a aguardar esta mediação para podermos voltar a negociar”, salientou o dirigente do SNMMP, esta sexta-feira. Isto depois do Executivo de António Costa ter reconhecido que não é viável levar a cabo negociações entre motoristas e patrões, já que estes últimos não aceitam dar esse passo até que a greve seja terminada.
Na quinta-feira, o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) aceitou levantar a greve, regressando agora à mesa das negociações com os patrões, uma vez que “a greve não surtiu os efeitos” esperados e que algumas das reivindicações já foram abordadas no acordo entre a Antram e a Fectrans.
Ainda assim, os motoristas de matérias perigosas decidiram, esta sexta-feira, prosseguir a luta, não se considerando isolados e prometendo manter o braço de ferro até que as suas reivindicações sejam atendidas. “Se o Governo e a Antram não se decidirem, estamos dispostos a um mês, seis meses, um ano, o que for necessário“, disse São Bento, defendendo que não está em causa “teimosia nenhuma”.
A partir de Leça da Palmeira, Manuel Mendes, outro dirigente do SNMMP, diz ao ECO que se sente “apunhalado” com o acordo assinado pelo SIMM. “Não foram honestos connosco. A decisão deles foi propositada. A mim nunca me enganaram”, afirma. Mendes também assevera que “para já é para continuar a greve”. “Toda a gente está disposta a manter a greve. Nunca tive o meu pessoal tão forte, tão bravo como neste momento“, garante.
De notar que, desde abril e durante os primeiros quatro dias desta greve, foi Pedro Pardal Henriques — vice-presidente e porta-voz do sindicato — a assumir o lugar de maior visibilidade, tendo ficado conhecido como um dos principais rostos desta causa. Esta manhã, o advogado esteve, contudo, ausente. Questionado sobre essa matéria, Francisco São Bento foi claro: “Pardal Henriques tem as suas questões pessoais, tem um escritório para gerir, não vive do sindicato“.
Esta paralisação arrancou na segunda-feira e é a segunda greve neste setor no espaço de quatro meses. Os motoristas estão em luta por aumentos salariais para 2021 e 2022, depois de um pré-acordo assinado em maio que prevê já aumentos salariais em 2019. O Governo declarou situação de crise energética e recorreu mesmo à figura da requisição civil para assegurar o cumprimento dos serviços mínimos. Os motoristas de matérias perigosas garantem que estão a seguir as orientações do Executivo, mas apenas nas oito horas diárias do horário de trabalho, isto é, recusam fazer trabalho suplementar para assegurar o abastecimento de todos os postos que foram destacados.
(Notícia atualizada às 10h50)
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