PAN defende transporte público gratuito até aos 18 e passe de cinco euros até aos 25 anos. Conheça as propostas do partido
Entre as medidas inscritas no programa eleitoral para as legislativas do PAN está um aumento do IVA da hotelaria para 13% para financiar cultura. Conheça as propostas do partido.
O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) incluiu no seu programa eleitoral uma medida que prevê a gratuitidade dos transportes públicos para estudantes até aos 18 anos e a criação de um passe de cinco euro para os jovens até aos 25. O programa eleitoral do partido, dado a conhecer esta sexta-feira pelo porta-voz, André Silva, prevê ainda um aumento do IVA na hotelaria como forma de financiar a cultura.
As propostas do PAN para as legislativas de outubro incluem “a gratuitidade dos serviços de transportes públicos para todos os estudantes com idade igual ou inferior a 18 anos e criação de um passe com o custo de cinco euros para os estudantes com idade igual ou inferior a 25 anos”.
De acordo com o partido (que conseguiu representação parlamentar nas últimas legislativas), está é “uma medida que representa a sequência lógica do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos, instaurado na última legislatura, e que representa uma forma de consciencializar os jovens portugueses para a necessidade de privilegiar os transportes públicos em detrimento do transporte individual”.
Outra das medidas propostas pelo PAN passa por “permitir que as mulheres possam deixar de trabalhar a partir da 32.ª semana de gestação, sem qualquer prejuízo remuneratório”, por forma a “preparar a chegada do seu filho e se preparar para o seu papel de mãe”.
O PAN defende ainda que os trabalhadores da Função Pública e do setor privado tenham ambos horários de trabalho de 35 horas semanais e 25 dias úteis de férias. Com esta medida, os portugueses terão “mais tempo para a família e para viver”, justifica o PAN, citado pelo Expresso (acesso condicionado).
O partido quer também “despenalizar a morte medicamente assistida, por decisão consciente e reiterada da pessoa, com lesão definitiva ou doença incurável e irreversível e que se encontra em sofrimento duradouro e insuportável”, lê-se no programa apresentado esta sexta-feira no Porto.
Ainda na saúde, o PAN quer medidas de apoio para os cuidadores informais, a contratação de mais profissionais, a instituição do regime de exclusividade ao Serviço Nacional de Saúde e o reforço da Rede Nacional de Cuidados Paliativos.
O partido também prevê a instituição de uma “licença de 10 dias pagos para vítimas de violência doméstica ou abuso sexual”, e o “estatuto de vítima para crianças que testemunhem situações de violência doméstica”.
Na ótica desta forma política, deveriam ser criadas, pelo menos, mais duas Secretarias de Estado, uma dedicada à terceira idade e outra responsável pelo bem-estar e proteção animal, a par da nomeação de um provedor nacional dos animais, à semelhança do que já acontece a nível municipal.
Rede médico-veterinária para animais e abolição das touradas
No que toca aos animais, o partido quer a criação de uma “rede médico-veterinária de apoio às famílias carenciadas e aos movimentos associativos que tenham a seu cargo animais errantes ou abandonados, através da criação de hospitais públicos médico-veterinários nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e nas comunidades intermunicipais”.
Na ótica do Pessoas-Animais-Natureza, deve ser autorizadas as viagens de animais de companhia nos transportes públicos, “não apenas em transportadoras, mas com recurso aos demais meios de circulação, como a trela e o açaime funcional”.
No programa eleitoral que apresenta às eleições legislativas de 6 de outubro, o PAN volta a defender a abolição das touradas, não permitindo apoios financeiros a esta atividade nem a transmissão de espetáculos tauromáquicos nos canais públicos de televisão. Esta proibição deve ser também alargada à utilização de animais como meio de tração de charretes lúdicas ou turísticas, em “circos, corridas de cavalos e de cães e em carrosséis”.
Outra das medidas propostas pelo partido é a redução do IVA para a taxa reduzida nos cuidados médico-veterinários, e para a taxa intermédia na alimentação animal.
Revisão nas pensões e aumento do salário mínimo
O PAN propõe também uma revisão das regras de atualização das reformas em pagamento, “através da criação de um novo escalão (entre 2 e 3 IAS) onde seja garantida a não diminuição do valor real da pensão em conjunturas de menor crescimento económico protegendo assim as pensões mais baixas de um escalão mais baixo”.
Em termos fiscais, o programa eleitoral para as legislativas fala também numa redução do IVA para a taxa mínima no que toca à produção de energia renovável e taxação “de todos os sacos, independentemente do seu material ou da espessura”.
Em contrapartida, o PAN quer “conceder benefícios fiscais a empresas que adotem condutas que previnam o desperdício alimentar” e “deduzir à coleta, em sede de IRS, despesas relativas a alimentos produzidos em modo biológico”.
O aumento do Salário Mínimo Nacional é outra das propostas do partido, que refere um aumento gradual de 50 euros por ano até chegar aos 800 euros no final da próxima legislatura. Para os trabalhadores que auferem o Salário Mínimo Nacional, o PAN quer que os passes sociais sejam gratuitos.
No que toca à habitação, o PAN quer por fim aos “Vistos Gold”, desincentivando investimentos especulativos na habitação, a criação de incentivos para contratos de arrendamento de longa duração ou uma maior oferta de habitação pública a preços acessíveis também no interior do país.
Ao longo das mais de 1.100 medidas, partido propõe ainda “a obrigatoriedade do regime de exclusividade dos deputados à Assembleia da República” e a antecipação do direito de voto para os 16 anos.
Aumentar IVA da hotelaria para 13% para financiar cultura
O PAN quer reforçar o orçamento para a cultura em cerca de 235 milhões de euros, valor que seria proveniente da instituição de uma taxa intermédia de IVA para a hotelaria de 13%, refere o programa eleitoral do partido.
“Os planos nacionais das artes, do cinema e da leitura, genericamente o programa orçamental da cultura (excluindo a RTP) deverá ter uma duplicação da sua dotação orçamental logo no Orçamento de Estado de 2020”, refere o programa eleitoral do PAN, apresentado esta sexta-feira no Porto.
Para financiar a cultura, o partido propõe “passar a taxa de IVA aplicável ao alojamento em estabelecimentos do tipo hoteleiro da taxa de 6% (taxa reduzida) para a taxa de 13% (taxa intermédia), consignando esta receita adicional ao reforço do investimento na cultura com vista a caminhar para uma maior relevância para a cultura e para um turismo sustentável”.
“É possível estimar o impacto desta medida, que colocará uma taxa única na hotelaria e restauração, em cerca de 235 milhões de euros, mesmo assumindo uma ligeira retração na procura, o que significa praticamente duplicar o orçamento da cultura (sem RTP)”, justifica o partido, assinalando que este “será um passo muito importante para se alcançar um objetivo de médio prazo de uma despesa de 1% do PIB na cultura”.
O programa eleitoral do PAN estende-se por 186 páginas e está dividido em 13 pontos: crise climática, justiça ecológica, transição económica; educação, ensino superior e investigação; cultura, artes e património; igualdade, inclusão, respostas sociais; proteção, saúde e bem-estar animal; preparar o futuro das novas gerações; prevenção da doença e prevenção da saúde; habitação digna e acessível; direitos laborais e mais tempo para viver; justiça, transparência e combate à corrupção; democracia, cidadania e organização do Estado; direitos digitais; Portugal e o mundo.
Estado de emergência climática nacional?
A primeira medida que o PAN propõe passa por “levar o Governo português a declarar o estado de emergência climática nacional”, mas o partido também pretende que seja aprovada a lei do clima, “incluindo a revisão das metas de descarbonização previstas no roteiro para a neutralidade carbónica estipuladas até, e para lá de 2050”.
Na próxima legislatura, o partido vai propor uma revisão dos “valores das coimas previstos no regime das contraordenações ambientais” e da moldura penal para o crime de violência doméstica, a par do agravamento da moldura penal para crimes de incêndio florestal, apesar de não especificar valores relativos a estas medidas.
Como já tinha sido adiantado pelo porta-voz do PAN, André Silva, o partido também pretende a criação de um seguro público “afeto a um superfundo ambiental para efeitos de remediação ambiental e proteção salarial dos trabalhadores”. Apontando a importância de “descarbonizar a produção de eletricidade a partir de carvão”, o PAN defende que os transportes são o setor onde esta medida é prioritária.
No que toca a energias fosseis, o mais recente partido a conseguir representação parlamentar quer impedir a exploração de petróleo na costa portuguesa e encerrar as centrais de carvão até 2023.
Nos transportes, o PAN pretende incentivar as deslocações em bicicleta, a criação do Plano Ferroviário 2035, para ligar todas as capitais de distrito, e o aumento dos postos de carregamento para carros elétricos em espaços públicos, bem como a suspensão da construção do novo aeroporto no Montijo “até que seja assegurada a elaboração da Avaliação Ambiental Estratégica”. Como alternativa, o partido sugere a utilização da pista de Beja.
O PAN quer também limitar a louça descartável nos estabelecimentos de restauração, bem como a disponibilização de bebidas em embalagens de uso único.
Pontos de recolha de compostagem comunitários, a implementação de um sistema de tara recuperável para pilhas e para equipamentos eletrónicos ou um projeto piloto de devolução premiada de óleos alimentares são medidas que também constam do documento apresentado hoje num jardim da cidade do Porto.
Na educação, o partido que é representado no parlamento pelo deputado único André Silva quer que o estatuto de profissão de desgaste rápido seja atribuído aos professores, e quer a negociação “do prazo e do modo” de recuperação integral do tempo de serviço congelado.
Para os mais novos, o PAN propõe também educação pré-escolar gratuita para todas as crianças a partir dos três anos, uma maior interação dos alunos com a natureza, a redução dos trabalhos de casa, a revisão da organização dos mega-agrupamentos e um aumento da qualidade nutricional das refeições escolares.
“Incluir um módulo de formação básica em língua gestual portuguesa no 1.º ciclo de ensino básico” é outra das propostas do PAN para a próxima legislatura.
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