Socialistas reforçados mas sem maioria. Estreia da extrema-direita no Parlamento em destaque na imprensa internacional

  • ECO
  • 7 Outubro 2019

Na visão da imprensa internacional, as eleições em Portugal demonstram o ressurgimento da social-democracia na Europa, mas também o fim da imunidade de Portugal ao fenómeno da extrema-direita.

O ressuscitar da social-democracia, a vitória da responsabilidade orçamental e daquele que liderou uma das “mais brilhantes histórias de sucesso da Zona Euro”. A vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas deste domingo não assume grande destaque na imprensa internacional, mas a mensagem é a mesma. Os socialistas saem reforçados de uma eleição que é sobretudo de António Costa, mas saem sem maioria e a estabilidade política não está garantida. A eleição de um deputado do Chega também é destaque, pela negativa, que a imprensa internacional diz ser o fim da imunidade do Parlamento português ao fenómeno da extrema-direita.

Financial Times

O jornal económico britânico destaca a vitória de António Costa e do Partido Socialista como a reemergência na Europa dos partidos sociais-democratas tradicionais depois das vitórias do centro-esquerda na Dinamarca, Espanha, Finlândia e Suécia, mas alerta que a falta de maioria absoluta pode colocar riscos à estabilidade política em Portugal, caso tenha dificuldades em fechar um acordo para uma maioria sólida no Parlamento português.

Wall Street Journal

O jornal norte-americano noticia a vitória de António Costa que liderou uma das “mais brilhantes histórias de sucesso da Zona Euro”, mas diz que a incapacidade de alcançar uma maioria absoluta irá levar o socialista a virar-se para os partidos da extrema-esquerda para apoiar o futuro Governo socialista. Cenário deverá surgir à semelhança do que aconteceu nos últimos quatro anos, mantendo-se ainda assim como um ‘campeão’ da disciplina orçamental.

Politico

Na edição europeia da revista norte-americana, diz-se que António Costa venceu confortavelmente, mas sem maioria terá de tentar renovar a ‘geringonça’ que permitiu ao PS chegar ao poder em 2015. A publicação sublinha ainda o fim da invencibilidade de Portugal ao fenómeno da extrema-direita, com a eleição do primeiro deputado do Chega.

The Guardian

O jornal britânico diz que António Costa resistiu à tendência generalizada de perda de popularidade do centro-esquerda na Europa, e se juntou aos recentes sucessos eleitorais na Dinamarca, Espanha, Finlândia e Suécia, reforçando o número de deputados eleitos, mas sem maioria absoluta. O Guardian sublinha ainda que as negociações começam já esta segunda-feira, mas que Costa rejeitou uma coligação, procurando antes renovar o acordo com incidência parlamentar conseguido em 2015.

El País

O maior diário espanhol diz que a diferença face à legislatura passada é claro triunfo de António Costa, e que o socialista já não precisa dos votos de Bloco de Esquerda e PCP para conseguir uma maioria, chegando apenas um destes dois para formar uma maioria. Os espanhóis destacam ainda o “triunfo da nova ecologia” com o reforço da eleição do PAN e a desilusão à direita com o resultado, que levou à saída de Assunção Cristas da liderança do partido.

El Mundo

“António Costa vence sem maioria absoluta e Portugal deixa de ser o único país do sul da Europa sem a extrema-direita”. Assim começa o artigo dos espanhóis do El Mundo, que dizem que a eleição de um deputado do Chega – que apelidam do Vox português – quebra a imunidade do Parlamento português ao fenómeno da extrema-direita.

Le Figaro

Os franceses do Le Figaro destacam também a vitória sem maioria de António Costa, que o obrigará a procurar apoios para garantir um Governo estável num Parlamento largamente dominado pela esquerda, sublinhando que o Bloco de Esquerda já demonstrou interesse em negociar.

The New York Times

O jornal norte-americano diz que os eleitores recompensaram o Partido Socialista de António Costa por ter devolvido a Portugal um crescimento económico robusto e solidez orçamental, mas não o suficiente para conseguir uma maioria. O The New York Times antecipa que Costa terá “muita margem de manobra” para negociar uma aliança com os partidos mais pequenos.

Die Zeit

Os alemães do Die Zeit destacam o crescimento dos socialistas nas eleições e dizem que o bom desempenho da economia ajudou à eleição de António Costa, antecipando agora as negociações com os partidos mais à esquerda. O Die Zeit sugere ainda que António Costa pode fazer uma aliança “mais frágil” com o PAN, caso o primeiro-ministro aceite as exigências ambientais do partido de André Silva, no cenário de não conseguir um acordo com o Bloco de Esquerda ou o PCP.

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