Irão disponível para renegociar acordo nuclear com potências
O Presidente iraniano disse estar disponível para renegociar o acordo nuclear com as principais potências, desde que isso não contribua para a campanha presidencial de Donald Trump.
O Presidente iraniano, Hassan Rohani, disse esta segunda-feira que está disponível para reunir com os líderes das principais potências, incluindo os Estados Unidos, para discutir o acordo nuclear, desde que não contribua para a campanha presidencial de Donald Trump.
Os Estados Unidos abandonaram o acordo nuclear com o Irão em 2018, considerando que não estavam a ser cumpridos os seus requisitos e impondo fortes sanções económicas contra Teerão, por continuar a prosseguir o seu programa nuclear.
O Irão disse hoje estar disponível para renegociar o acordo nuclear com as principais potências, mas manifestou o seu receio de que Donald Trump queira tirar proveito da iniciativa para a sua campanha de reeleição presidencial, em 2020. “Eu disse claramente aos líderes dos países europeus que, caso me certifique de que é uma reunião do grupo 5 + 1 (China, França, Reino Unido, Rússia e EUA, mais a Alemanha), e que não é uma reunião eleitoralista para o senhor Trump, eu estou disponível“, disse Rohani, numa conferência de Imprensa.
O Presidente do Irão acusou ainda o Governo norte-americano de ter cedido a pressões de grupos extremistas, de sionistas (referentes a Israel) e da Arábia Saudita, quando decidiu romper o acordo nuclear, acrescentando que, dessa forma, “cometeu um enorme erro”. Rohani disse ainda manter bons laços com a Rússia e a China, mas denunciou os países europeus que ainda se mantêm no acordo nuclear assinado em 2015 (Reino Unido, França e Alemanha) por se terem deixado corromper pelos Estados Unidos e “não cumprem as suas promessas”.
Até se encontrar um novo acordo, o Presidente iraniano disse que o seu país manterá a estratégia de reduzir os seus compromissos no tratado nuclear vigente, continuando a aumentar a produção de urânio enriquecido, bem acima dos níveis estabelecidos.
Hassan Rohani acusou ainda “um Governo” de estar por detrás de duas explosões ocorridas a 10 de outubro a bordo de um navio petroleiro iraniano no mar Vermelho, sem especificar a que país se refere. “Sem dúvida, um Governo esteve envolvido. Não foi a ação de terroristas, de um grupo ou de um indivíduo. Foi o trabalho de um Governo”, disse Rohani, na conferência de Imprensa.
“Foi um ato hostil e traiçoeiro”, disse o Presidente iraniano, que no passado tem acusado os Estados Unidos e a Arábia Saudita de ataques contra interesses iranianos na região do Golfo, onde têm ocorrido diversos incidentes militares de retaliação entre os países.
Em setembro, EUA e Arábia Saudita atribuíram ao Irão a responsabilidade por um ataque na principal base de produção de petróleo saudita. Rohani confirmou que tem uma gravação de vídeo em que se podem ver vários mísseis a ser disparados contra o navio “Sabiti”, que foi atingido por dois deles, a cerca de 100 quilómetros da costa oeste da Arábia Saudita.
A empresa proprietária do petroleiro já tinha divulgado fotos que revelavam dois buracos acima da linha de água do lado de estibordo do navio, atribuindo o rombo a um provável ataque de mísseis. No sábado, o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional Iraniana, Ali Shamkhani, garantiu que o ataque não ficaria sem resposta.
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