Dívida, recessão e reservas explicam perspetiva negativa sobre Angola
A Fitch que atribui uma notação de "B" a Angola, afirma que a avaliação da economia angolana é explicada pela elevada dívida pública face ao PIB, a diminuição das reservas e a recessão.
A agência de rating Fitch disse esta quarta-feira que a Perspetiva de Evolução Negativa para a economia de Angola é explicada pela elevada dívida pública face ao PIB, a diminuição das reservas em moeda externa e pela recessão.
“Em Angola, a Perspetiva de Evolução Negativa é motivada pela deterioração das métricas da dívida, a contínua queda das reservas internacionais e a lenta recuperação económica”, apontam os analistas num relatório sobre os principais indicadores das economias africanas em 2020, enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
“Angola já implementou grandes reformas, incluindo a reestruturação do setor petrolífero ao abrigo de um programa do FMI desde o final de 2018”, notam os analistas, concluindo que “a evolução para uma taxa de câmbio mais flexível pode melhorar os desequilíbrios no mercado cambial, mas também aumenta o rácio da dívida face ao PIB“.
A Fitch, que atribui uma notação de “B” a Angola, abaixo da recomendação de investimento, prevê que a economia cresça 2% em 2020 e que a dívida pública desça para 77,4%, registando um défice das contas públicas de 3%.
No relatório, a Fitch Ratings antecipa que a média do rácio de dívida pública face ao PIB na África subsaariana estabilize nos 55% do PIB, o que representa mais do dobro dos 27% registados em 2012.
“A Fitch espera que a média da dívida pública face ao PIB caia ligeiramente em 2020 para cerca de 55%, mas a forte subida anterior, de 27% em 2012, significa que há pouca margem nos orçamentos caso haja um novo choque externo ou interno”, escrevem os peritos desta agência de notação financeira.
“O número de nações africanas em que o pagamento dos juros da dívida representa mais de 20% das receitas, ainda que sem alterações face aos dois últimos anos, continua no valor mais alto desde 2000, representando um significativo risco de ‘dívida problemática’ [‘debt distress’, no original em inglês]”, acrescentam os analistas.
Na análise aos principais indicadores macroeconómicos previstos para 2020, a Fitch Ratings reconhece que “os países absorveram já o impacto da queda do preço das matérias-primas”, mas salientam que “a má gestão das finanças públicas, as persistentes necessidades de infraestruturas prioritárias e a pressão pra melhorar os serviços públicos aumentam os riscos da evolução da dívida pública”.
Dos 19 países que a Fitch analisa na região, entre os quais estão os lusófonos Angola, Cabo Verde e Moçambique, apenas dois têm uma Perspetiva de Evolução Positiva, havendo três com uma Perspetiva Negativa, um dos quais é Angola.
A maioria está no nível B, no patamar mais baixo da escala de investimento, “o que reflete as deficientes características estruturais, como os indicadores de governação do Banco Mundial ou o rendimento per capita e, em mais países, dívida relativamente elevada”, acrescentam os analistas.
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