Netinvoice, a “Uber das faturas”, encerra operações
Fundada em 2018 por António Varela, ex-administrador do Banco de Portugal, a Netinvoice, uma plataforma de negociação de faturas de PME, cessou atividade devido a decisão do supervisor financeiro.
A Netinvoice, uma startup portuguesa fundada em 2018 e detida em 50% pelo ex-administrador do Banco de Portugal António Varela, suspendeu a sua atividade no final do ano passado, na sequência de uma decisão “inesperada” do Banco de Portugal, segundo avança o Jornal Económico esta sexta-feira (acesso livre).
A plataforma dedicava-se à intermediação de faturas de PME: as empresas poderiam reforçar a sua liquidez de tesouraria ao antecipar a receita da fatura de um serviço ou bem com a sua venda a investidores através da Netinvoice. Quando foi apresentada ao mercado, em outubro de 2018, António Varela, classificou a plataforma online de “Uber das faturas“.
Agora cessou atividade por causa de “uma inesperada limitação imposta pelo Banco de Portugal, baseada numa interpretação de legislação com mais de 25 anos, que veio a determinar que apenas instituições com autorização para conceder crédito em Portugal se poderiam registar na plataforma na qualidade de compradores de faturas”, segundo um e-mail enviado pela Netinvoice a um cliente no final do ano passado e citado pelo jornal.
A plataforma continua acessível online. É referido que apenas poderiam ser compradores – isto é, investidores – de faturas das PME através da plataforma as “entidades legalmente habilitadas para o desenvolvimento da atividade de concessão de crédito”, excluindo-se investidores de retalho.
António Varela recusou comentar a decisão de fechar portas. No e-mail enviado a um cliente, a Netinvoice considera que “não tem atualmente condições para continuar a desenvolver a sua atividade de gestão da plataforma de negociação eletrónica de faturas nos moldes em que foi idealizada e implementada”. “Esta limitação subverteu o modelo de negócio da Netinvoice, porque pretendia ser uma alternativa às instituições financeiras tradicionais, oferecendo uma solução de geração de liquidez mais rápida e eficiente e nunca um concorrente dessas instituições“, explicou ainda.
No email é adiantado ainda que o Banco CTT, que era parceiro da Netinvoice desde outubro de 2018, desistiu da parceria, “por motivos internos e estratégicos (…) pelo menos num futuro próximo”.
Sobre os contratos já estabelecidos, a Netinvoice diz que a decisão de cessar atividade não vai afetar os “direitos e obrigações” dos vendedores e compradores das faturas já transacionadas na plataforma.
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