Banco Mundial baixa projeção de crescimento da Zona Euro para 1% em 2020
Entidade sediada em Washington está mais pessimista quanto à economia mundial, bem como dos países do euro. O comércio e a produção industrial fizeram aumentar as preocupações.
O Banco Mundial reviu esta quarta-feira em baixa a projeção do crescimento da economia da zona euro para 1,0% em 2020, abaixo dos 1,4% previstos em junho e dos 1,1% estimados para 2019.
“É esperado que o crescimento abrande para 1% em 2020, 0,4 pontos percentuais abaixo das projeções anteriores, devido a dados recebidos piores do que o esperado, especialmente a produção industrial“, pode ler-se na secção do relatório “Previsões Económicas Globais” dedicada à zona euro.
De acordo com o relatório, o Banco Mundial reviu também em baixa as estimativas de crescimento para 2019 em 0,1 pontos percentuais, para 1,1%. Já para 2021, a previsão de 1,3% manteve-se face a junho, sendo igual ao valor previsto para o crescimento de 2022, valores abaixo do crescimento registado em 2017 (2,5%) e 2018 (1,9%).
O Banco Mundial prevê que o crescimento “recupere modestamente para uma média de 1,3% em 2021-22, assumindo que o apoio às políticas ganha tração, que o processo do Brexit [saída do Reino Unido da União Europeia] se desenvolve com mínima disrupção, e que não há uma maior escalada nas restrições ao comércio”.
“A posição orçamental global da zona euro deverá ser relativamente equilibrada durante o período das projeções, providenciando pouco apoio adicional à atividade, apesar de existir espaço em algumas economias”, considera a instituição presidida por David Malpass.
A entidade sediada em Washington assinala também que “o BCE [Banco Central Europeu] deu estímulo monetário levando a sua política de taxas de juro para terreno ainda mais negativo, recomeçando o programa de compra de ativos e providenciando crédito barato aos bancos”.
Vulnerabilidade da banca é a principal ameaça para o euro
Do lado dos riscos, é assinalado que as “vulnerabilidades no setor bancário podem levar a um maior abrandamento, dado que os bancos são a principal fonte de crédito da região e – apesar de algumas melhorias recentes – continuam a sofrer de baixa rendibilidade e de níveis elevados de crédito malparado”.
“As taxas de juro negativas na região podem também comprometer ainda mais a lucratividade dos bancos e erodir a estabilidade financeira, possivelmente impactando os custos de financiamento dos soberanos”, assinala a instituição.
O Banco Mundial denota ainda que “uma inesperada falência de um banco – gerada, por exemplo, pela exposição ao setor industrial alemão, em dificuldades, ou movimentos agudos no preço dos ativos depois do ‘Brexit’ – podem acionar um ‘stress’ financeiro mais alargado e uma perda de confiança associada”.
Relativamente a 2019, o Banco Mundial considera que “a atividade económica na zona euro se deteriorou significativamente”, e que “várias economias estiveram à beira da recessão em alguns momentos no ano passado“. O Banco Mundial destaca “a fragilidade no setor industrial alemão, que teve dificuldades face à redução da procura na Ásia e às disrupções da produção automóvel”, bem como “a incerteza relativa ao Brexit” ao longo do ano.
Economia mundial deverá crescer 2,5% em 2020
A instituição previu também esta quarta-feira um crescimento de 2,5% da economia mundial em 2020, um valor abaixo dos 2,7% projetados em junho, mas acima dos 2,4% estimados para 2019. No relatório “Previsões Económicas Globais”, a instituição presidida por David Malpass assinala que “é esperado que o crescimento global recupere para 2,5% em 2020 – ligeiramente acima do mínimo pós-crise de 2,4% registado no ano passado, no meio de um enfraquecimento do comércio e investimento – e suba ainda mais no horizonte de previsões”.
Para além da previsão de um crescimento de 2,5% para 2020, abaixo dos 2,7% projetados em junho, o Banco Mundial prevê que em 2021 a economia mundial cresça 2,6% em 2021 e 2,7% em 2022.
Em 2020, a recuperação projetada “poderá ser maior se ações de política recentes – particularmente aquelas que mitigaram tensões comerciais – levarem a uma redução sustentada nas incertezas políticas”.
“Não obstante, os riscos negativos predominam, incluindo a possibilidade de uma reescalada das tensões comerciais globais, descidas acentuadas nas maiores economias, e disrupções financeiras nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento”, avisa o Banco Mundial.
A instituição sediada em Washington considera ainda que “a materialização desses riscos testaria a capacidade dos decisores políticos de responderem eficazmente a eventos negativos“, num contexto de desafios associados a “altos níveis de dívida e de um reduzido crescimento de produtividade”.
“O crescimento mundial desacelerou marcadamente em 2019, com uma continuada fragilidade no comércio mundial e no investimento”, uma circunstância “abrangente, afetando tanto as economias avançadas – particularmente a zona euro – e os mercados emergentes e economias em desenvolvimento”, pode ler-se no relatório do Banco Mundial.
A instituição atribui o abrandamento (a economia mundial tinha crescido 3,2% em 2017 e 3,0% em 2018) à descida “em paralelo” de vários indicadores-chave da atividade económica.
“Em particular, o comércio mundial de bens esteve em contração durante uma parte significativa de 2019, e a atividade da indústria transformadora abrandou marcadamente no decurso do ano“, assinala o Banco Mundial, que refere que a atividade dos serviços se moderou, contribuindo também para a desaceleração, ainda que numa escala menor.
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