Boris Johnson declara guerra a protecionistas como a UE
O primeiro ministro diz pretender um acordo de comércio livre, semelhante ao do Canadá, acrescentando uma referência à possibilidade de uma ausência de acordo.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, quer tornar o Reino Unido num defensor do comércio livre no mundo, invocando a imagem de um super-herói para declarar guerra aos “mercantilistas e protecionistas”, incluindo a União Europeia.
“A humanidade precisa de um governo que esteja disposto a defender vigorosamente as trocas livres, de um país pronto para tirar os óculos de Clark Kent, entrar na cabine telefónica e emergir com a capa flutuando como um paladino fortalecido do direito dos povos mundiais de comprar e vender livremente entre si”, afirmou esta segunda-feira, num discurso em Londres.
Perante uma audiência de dirigentes de empresas e embaixadores estrangeiros, reunidos simbolicamente no Museu Marítimo Nacional, Johnson alegou que “o comércio está a ser sufocado” pela política externa das grandes potências.
“Os mercantilistas estão por todo o lado, os protecionistas estão a ganhar terreno. De Bruxelas à China e Washington, tarifas [aduaneiras] estão sendo agitadas como bastões”, lamentou.
O discurso, apenas três dias depois da saída formal do Reino Unido da UE, pretendeu definir o rumo do Governo britânico para as negociações pós-Brexit com a União Europeia (UE), e Johnson vincou o desejo de negociar um acordo comercial sem um alinhamento próximo com o mercado único europeu.
“Dizem-nos muitas vezes que devemos escolher entre o acesso total ao mercado da UE, aceitando ao mesmo tempo as suas regras e tribunais à semelhança da Noruega, ou um acordo de livre comércio ambicioso, que abre mercados e evita toda a panóplia de regulamentação da UE, a exemplo do Canadá”, disse.
“Fizemos nossa escolha: queremos um acordo de comércio livre, semelhante ao do Canadá“, afirmou, acrescentando uma referência à possibilidade de uma ausência de acordo, acabando com um relacionamento como o que a UE tem com a Austrália.
O primeiro-ministro recusou as exigências de Bruxelas de condições equitativas entre o Reino Unido e a UE, nomeadamente o alinhamento legislativo em termos de direito laboral, ambiental, fiscal e de ajudas estatais a empresas, garantindo que o país não está a planear “qualquer tipo de ‘dumping’, seja comercial, social ou ambiental”.
“Não há necessidade de um acordo de comércio livre que envolva a aceitação de regras da UE em matéria de política de concorrência, subsídios, proteção social, meio ambiente ou algo semelhante, mais do que a UE deve ser obrigada a aceitar as regras do Reino Unido. O Reino Unido vai manter os mais altos níveis nessas áreas – melhor, em muitos aspetos, do que os da UE – sem a obrigação de um acordo”, prometeu.
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