Estas sapatilhas foram feitas para andar. E de plástico recolhido nas praias portuguesas
As sapatilhas veganas são feitas a partir de plástico recolhido em praias portuguesas. Através deste projeto, já foram recolhidas cerca de três toneladas e meia de lixo.
Todos os anos acabam no oceano mais de 22 milhões de toneladas de plástico. Só durante o verão do ano passado foram recolhidas das praias portuguesas mais de duas toneladas de plástico. Adriana Mano é ativista e estava a fazer uma recolha na praia quando teve a ideia de transformar o lixo despejado nas praias em calçado. E assim nasce a Zouri Shoes.
Os primeiros passos da empresa foram dados em 2018 mas, só dois anos de desenvolvimento depois, as sapatilhas Zouri foram lançadas. É na cidade do Berço, em Guimarães, que é produzido cada par de sapatilhas veganas. Todas as matérias-primas são sustentáveis, desde a borracha natural ao algodão orgânico.
“Estamos a criar um produto que tem impacto positivo na comunidade e isso é um grande motivo de orgulho”, afirma Adriana Mano sobre o produto da empresa 100% portuguesa, totalmente desenvolvido em Portugal e assente na economia local.
Através deste projeto, já foram recolhidas cerca de três toneladas e meia de lixo das praias portuguesas. A Câmara de Esposende é o principal parceiro da Zouri mas Adriana Mano explica que o grande objetivo é “conseguir replicar o trabalho que estamos a desenvolver com Esposende com outros municípios”. A fundadora adianta que já estão em conversações com a autarquia de Viana e com algumas ONG´s.
“Há sempre desperdício, há sempre partes que não conseguimos que sejam trituradas”, explica a fundadora sobre a parte do lixo que não é aproveitada. Acrescenta que no final do processo conseguem aproveitar cerca de 50% daquilo que é recolhido.
Destruir para construir
O início do ano passado marcou o começo da primeira produção da Zouri. A primeira produção fez-se graças a uma campanha de crowdfunding e, em apenas duas semanas, a equipa fundadora conseguiu angariar os dez mil euros disponíveis para dar vida ao seu projeto. “As pessoas compraram o produto com um preço mais baixo de forma a ajudar a financiar o projeto”, explica a fundadora.
No período de um ano, as sapatilhas ecofriendly já renderam mais de duzentos mil euros em faturação. Em 2019, a Zouri vendeu 2.800 pares de sapatilhas e, este ano, esse número está a ser largamente ultrapassado, uma vez que apenas num mês já venderam 850 pares de sapatilhas veganas. “Só em janeiro já faturámos cerca de 25% da faturação do ano passado”, confessa com orgulho Adriana Mano.
Estamos a criar um produto que tem impacto positivo na comunidade, e isso é um grande motivo de orgulho.
O crescimento da empresa também tem estado relacionado com a entrada de encomendas em mercados internacionais: a empresa portuguesa já enviou encomendas para clientes na Bélgica, Holanda e Luxemburgo, sendo que a exportação já vale 90% das vendas.
Adriana Mano explica que, além de um projeto empreendedor, vê este produto como “uma mascote” para financiar toda a ação social. “Fazemos ações de sensibilização ambiental em escolas, recolha de lixo e limpeza de praias, entre outras ações. No fundo o projeto tem uma grande vertente ligada à sensibilização“, explica a fundadora, sublinhando que, à medida que cresce a empresa, aumenta o seu “impacto na sociedade”.
Esse impacto já foi motivo de distinções: no ano passado, a Zouri ganhou o prémio de segundo melhor projeto de economia circular a nível europeu, atribuído pelo Banco Europeu. Adriana Mano está ligada ao setor do calçado há seis anos e acredita ter a “sapatilha mais sustentável do mercado“.
As Zouri estão à venda na loja online e o preço médio ronda os cem euros.
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