De 160 mil a quase um milhão de euros. Afinal, quanto custa organizar o Carnaval?
Carros alegóricos, figurantes, iluminação e segurança. Autarquias investem várias centenas de milhares de euros para levar às ruas o maior número de foliões que ajudem a pagar a festa.
É Carnaval e ninguém leva a mal as centenas de milhares de euros que as autarquias gastam nesta época festiva. Umas mais contidas do que outras, mas as câmaras não se retraem de investir naquela que é considerada por muitos a melhor altura do ano. De 160.000 a 800.000 euros, o objetivo é comum: levar às ruas os melhores disfarces e carros alegóricos e bater recordes de visitantes.
No ano passado, em Sines, foi assim. A Avenida General Humberto Delgado (onde decorrem os festejos) encheu-se com mais de 45.000 pessoas, dos mais miúdos aos mais graúdos. Este ano, a organização quer muito mais e, para isso, o investimento também vai ser maior. “Vão ser investidos entre 160.000 a 190.000 euros, dos quais cerca de 100.000 euros virão da Câmara de Sines”, adiantou ao ECO Rui Encarnação, presidente da Associação de Carnaval de Sines. “No ano passado gastaram-se cerca de 150.000 euros, mas este ano vai ser mais porque vamos ter uma bancada, iluminação nova e mais grupos”, continua, acrescentando que se esperam mais de 50.000 foliões a assistir ao corso.
Rui Encarnação garante que “o Carnaval de Sines é diferente de todos os outros”. Isto porque “é o único no país que é feito só por voluntários”, por isso o tema é livre e cada voluntário “cria de acordo com a sua imaginação”. Ao todo, os festejos são organizados por cerca de 400 voluntários, todos da zona de Sines, que começam a preparar o Carnaval desde outubro.
Embora seja “único” e feito de forma 100% voluntária, este Carnaval promete estar ao nível do resto do país. “Vamos ter 2.000 figurantes, 17 carros alegóricos, grupos de sátira social e cinco escolas de samba”, detalha o responsável, salientado que tudo acontece num recinto aberto, sem custos de entrada.
O Carnaval de Sines era o maior do país nos anos 90 e, em 2016, vai completar 100 anos. Estamos a reabilitá-lo ao máximo para, nesse ano, fazermos uma festa em condições e lançarmos fogo-de-artifício como deve ser.
Folias à parte, “este ano não há fogo-de-artifício”, avisa Rui Encarnação, por ser um investimento que a associação não pode fazer atualmente, devido às “imensas dívidas deixadas pela anterior direção”. Mas o fogo-de-artifício está na gaveta apenas por uns tempos. Isto porque, a longo prazo, os planos são mais ambiciosos e serão em grande. “O Carnaval de Sines era o maior do país nos anos 90 e, em 2026, vai completar 100 anos. Estamos a reabilitá-lo ao máximo para, nesse ano, fazermos uma festa em condições e lançarmos fogo-de-artifício como deve ser”, afirma o organizador.
Ovar investe 700.000 euros em 24 dias de Carnaval
O Carnaval de Sines tem um orçamento comedido, mas sem custos para os visitantes. Mais a norte, em Ovar, o orçamento é bem maior. Mas aqui, os visitantes pagam. Também conhecido por Vitamina da Alegria, o Carnaval de Ovar acontece desde 1952 e atrai anualmente milhares de visitantes. Este ano não será exceção, espera a autarquia. “Temos um orçamento de 700.000 euros” para este ano, adiantou ao ECO Alexandre Rosas, vereador da Cultura da Câmara de Ovar. Este montante será distribuído pelo apoio aos grupos, escolas de samba e carnaval das crianças (240.000 euros), à programação e comunicação (160.000 euros) e à logística e segurança (300.000 euros).
E as expectativas apontam para cerca de 300.000 pessoas na Rua Elias Garcia, de olhos postos nas quatro escolas de samba, nos 14 grupos carnavalescos e nos seis grupos de passerelle. Ao todo, durante 24 dias de festividades, vão desfilar pelas ruas 2.200 figurantes.
Uma vez que o investimento da autarquia é maior, assistir ao Carnaval de Ovar tem um custo. Isto porque o recinto é fechado. E os preços variam consoante o sítio escolhido para assistir, como se de um concerto se tratasse.
Se as condições meteorológicas o permitirem, temos expectativa de ter uma receita na ordem dos 500.000 euros.
Os dias mais caros são os do Grande Corso Carnavalesco, onde os bilhetes variam entre os sete (em pé) e os 13 euros (bancada). Para quem quer assistir ao desfile noturno, um lugar na bancada custa cinco euros e para frequentar o espaço folião pode optar por um bilhete diário (7,5 euros) ou uma pulseira para todos os espetáculos (15 euros). Há ainda a opção mais económica da noite mágica, por três euros.
Carnaval encerrado e contas feitas, “se as condições meteorológicas o permitirem, temos expectativa de ter uma receita na ordem dos 500.000 euros“, antecipa o vereador da Cultura.
Torres Vedras quer um Carnaval que, pelo menos, “se pague a si próprio”
Este ano, o maior Carnaval do país está receoso pelas condições meteorológicas. É que, no ano passado, a chuva fez cair o número de visitantes. Por isso, o esforço para um evento de sucesso está no máximo da escala, mas as expectativas mantêm-se modestas. “É sempre muito difícil estimar as receitas porque vai depender das condições climatéricas”, explica ao ECO Sandra Pedro, da Promotorres, empresa que organiza o Carnaval de Torres Vedras. “Mas esperamos que a receita seja superior à do ano passado — que foi um pouco baixa devido à chuva de domingo — e que cubra, pelo menos, as despesas do evento. O ano passado foram cerca de 800.000 euros, mas a ideia é que o evento se pague a si próprio“.
Mas, apesar das tímidas expectativas, nem por isso o investimento deixou de ser maior do que nos anos anteriores. “Será mais ou menos semelhante ao do ano passado, mas vai rondar os 800.000 a 850.000 euros”, notou a responsável, que acrescenta esperar cerca de 500.000 pessoas nestes seis dias de festejos, que contarão com cerca de 3.000 figurantes.
Nos seis carros alegóricos temáticos vão ser investidos mais de 100.00 euros, num Carnaval em que o tema é a magia e a fantasia. “Mantemos a tradição da sátira política e social, vamos ter um carro de política nacional muito interessante e outro virado para um planeta mais verde, alusivo à sustentabilidade do evento”, diz Sandra Pedro, sublinhando que este ano será feita uma “aposta mais reforçada na sustentabilidade“.
Apesar de o modelo do Carnaval ser o mesmo dos anos anteriores, para além da aposta na sustentabilidade, a organização reforçou também a segurança. “Alargamos o período de diversão noturna e instalamos 12 câmaras de vigilância”, adiantou ao ECO. E estes custos adicionais serão suportados pelos bilhetes, que este ano sofreram um aumento de um euro. Este ano, entrar no recinto passa a custar sete euros por dia, ou 15 euros para quem optar por um livre-trânsito.
O Carnaval de Torres Vedras tem atrações durante o dia, mas também durante a noite, para quem o Carnaval é sinónimo de folia.
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De 160 mil a quase um milhão de euros. Afinal, quanto custa organizar o Carnaval?
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