Governo não deu “um único argumento que mostrasse que o Montijo é a melhor opção”, diz autarca do Seixal
Depois de se reunir com o Governo sobre o novo aeroporto, o presidente da Câmara do Seixal diz ter notado um "elemento invisível neste processo: um acionista privado que quer impor a sua vontade".
O Governo está a reunir-se esta quarta-feira com vários autarcas para defender a construção do novo aeroporto no Montijo. Mas, pelo menos com a Câmara do Seixal, as coisas parecem não estar a correr bem. À saída desta reunião, o autarca do Seixal disse que não ouviu “um único argumento” da parte de António Costa que “mostrasse que o Montijo é a melhor opção” para instalar o novo aeroporto. E defendeu, assim, que a escolha para a construção desta infraestrutura deve recair sobre Alcochete, uma zona onde os impactos serão menores.
“Não ouvimos um único argumento que nos mostrasse que o Montijo é a melhor opção”, começou por dizer Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal, em conferência de imprensa após o fim da reunião com o Governo, transmitida pela SIC Notícias. Afirmando que António Costa citou “questões contratuais” para a escolha do Montijo como localização, o autarca disse desconhecer essas questões contratuais mas que, “se os contratos não são válidos para as população, então podem ser alterados e negociados”.
“Estamos em condições para tomar outra opção”, continuou o presidente da Câmara do Seixal, referindo-se a Alcochete. “Em 2017 foi renovada a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) para Alcochete e [essa] está em vigor até dezembro de 2020”, disse, notando que “é possível fazer o aeroporto como o Governo quer, mas também em Alcochete”. Alcochete, disse, seria uma “forma mais conveniente para o interesse nacional e das populações”.
Se o Governo começar hoje a construir a mesma infraestrutura em Alcochete, pode fazê-lo sem problema, porque tem a DIA válida e a anuência de todos os municípios envolventes.
“António Costa foi muito claro e, infelizmente, está convicto que o Montijo é possível de concretizar. Mas não temos essa convicção”, disse o autarca, afirmando que “Alcochete pode ser concretizado” e que, “se o Governo começar hoje a construir a mesma infraestrutura em Alcochete, pode fazê-lo sem problema” porque “tem a DIA válida” e a “anuência de todos os municípios envolventes”.
Para Joaquim Santos, “há espaço e margem para dar um passo atrás e dois em frente”, ou seja, manter o aeroporto Humberto Delgado e construir uma “pista mais pequena, que pode ser feita em Alcochete”. “Mas o Governo é que decidiu, por obrigação contratual, ir para a solução com mais impactos negativos sobre as populações e sem acordo com as autarquias”. Esta opção, defendeu, não seria mais cara, porque “fazer uma pista dentro do rio é mais caro do que em terra firme”.
Mas o autarca do Seixal foi ainda mais longe e disse mesmo que o que está em causa na escolha do Montijo para construir o novo aeroporto é “o interesse da ANA com capital privado”. “António Costa disse que, se não houvesse um contrato que obrigasse o Estado a esta decisão da ANA, essa seria a decisão do Governo [Alcochete]. Percebe-se que temos outro elemento invisível neste processo: um acionista privado que quer impor a sua vontade“, afirmou.
Percebe-se que temos outro elemento invisível neste processo: um acionista privado que quer impor a sua vontade.
Também reunido com o Governo já esteve o presidente da Câmara da Moita que, em declarações aos jornalistas, disse que a conclusão deste encontro foi “continuar a conversar” com o Executivo de António Costa. “Saímos daqui na base das mesmas posições que tínhamos antes”, disse Rui Garcia, sublinhando que a autarquia “nunca recuou o diálogo”, mas que mantém a sua posição contra a escolha do Montijo.
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