OPEP revê em forte baixa crescimento da procura de petróleo em 2020
No relatório mensal, a OPEP estima a partir de agora uma expansão da procura de 60.000 barris por dia. Revisão em baixa é justificada pela desaceleração económica mundial e à propagação do Covid-19.
OPEP reviu em forte baixa a previsão de crescimento da procura mundial de petróleo em 2020 devido à desaceleração económica mundial e à propagação para fora da China da epidemia do novo coronavírus, foi esta quarta-feira anunciado.
No relatório mensal sobre o mercado do petróleo divulgado esta quarta-feira em Viena, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) estima a partir de agora uma expansão da procura de 60.000 barris por dia e sublinha que, “tendo em conta os últimos acontecimentos, os riscos de deterioração mais do que compensam os indicadores positivos e deixam antecipar mais amplas revisões em baixa do crescimento da procura“.
Até agora, a OPEP apontava para um acréscimo da procura de 990.000 barris por dia em 2020.
Assim, a estimativa da procura global de petróleo em 2020 é a partir de agora de 99,73 milhões de barris por dia, com um consumo acrescido no segundo semestre face ao primeiro. Estas estimativas partem do princípio que a atividade económica se vai normalizar até ao quarto trimestre.
“O impacto dos desenvolvimentos associados ao Covid-19 numa economia mundial já fragilizada é um verdadeiro desafio e requer uma ação mundial coordenada de todos os atores do mercado”, adianta a OPEP no relatório.
Este apelo da OPEP surge numa altura em que a Arábia Saudita, chefe de facto do cartel, lançou uma guerra de preços, depois da Rússia, teoricamente parceira da OPEP, recusou reduzir a produção para sustentar os preços, que desceram devido à epidemia do novo coronavírus.
Na quarta-feira, a companhia nacional saudita Saudi Aramco anunciou que tenciona aumentar a sua capacidade de produção e esta quarta-feira os Emirados Árabes Unidos prontificaram-se a fazer o mesmo.
“Isto não é provavelmente a melhor opção”, reagiu o ministro da Energia russo, Alexandre Novak, citado pelas agências russas.
Na segunda-feira, a Agência Internacional de Energia (AIE) defendeu que o novo coronavírus provocará em 2020 a primeira contração da procura global de petróleo desde a recessão de 2009, avisando que o crescimento do consumo vai desacelerar nos exercícios seguintes.
No relatório mensal sobre o mercado do petróleo, a AIE também reconheceu que a situação ainda é muito incerta, também pela falta de acordo na sexta-feira entre os membros da OPEP e os 10 aliados liderados pela Rússia em relação a um corte da produção que por agora não vai ocorrer.
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