Banca assegura que vai dar moratórias e acelerar apoios públicos às empresas e famílias
A banca assume o “compromisso inequívoco de apoiar a economia portuguesa” face à crise provocada pela pandemia e, além da agilização dos apoios públicos anunciados pelo Governo.
A banca assume o “compromisso inequívoco de apoiar a economia portuguesa” face à crise provocada pela pandemia e, além da agilização dos apoios públicos anunciados pelo Governo, vai apresentar soluções de financiamento “da sua própria iniciativa”.
Num comunicado conjunto emitido na sequência da reunião de segunda-feira com o Presidente da República, e ao qual a agência Lusa teve acesso, o BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Novo Banco e Santander assumem o “compromisso inequívoco de apoiar a economia portuguesa”, afirmando-se “cientes de que a recuperação do tecido empresarial é essencial para o funcionamento da vida em sociedade e para o futuro e solidez dos próprios bancos, que para além da crise terão que continuar a servir a economia”.
Neste contexto, garantem que, “respeitando todas as orientações da Direção-Geral da Saúde, vão permanecer com elevado número de sucursais abertas ao público, de forma a assegurar a agilização dos apoios públicos e privados e a garantirem a inclusão de todos os cidadãos”.
Sem prescindir “do necessário rigor”, nem “por em causa os interesses e a segurança dos depositantes”, os bancos comprometem-se ainda a implementar moratórias e acelerar a chegada de fundos no âmbito dos apoios públicos às famílias e às empresas.
Paralelamente, e “além dos apoios públicos, os bancos estão e vão continuar a apresentar soluções de financiamento da sua própria iniciativa, cujo desenho e disponibilidade terão em consideração a evolução da pandemia e as suas implicações nas diversas atividades económicas”.
No comunicado, a banca assume o “forte compromisso” em colaborar “com o Presidente da República, com o Governo e com as instituições relevantes na frente económica na procura e na implementação das soluções mais adequadas para apoiar os cidadãos portugueses e os que residem em Portugal neste momento tão difícil que o país atravessa”.
Estamos cientes de que a recuperação do tecido empresarial é essencial para o funcionamento da vida em sociedade e para o futuro e solidez dos próprios bancos, que para além da crise terão que continuar a servir a economia.
O Presidente da República convocou na segunda-feira os presidentes do BPI, CGD, BCP, Novo Banco e Santander para, conforme se lê no comunicado agora emitido pelos bancos, para “partilhar a sua leitura sobre a situação económica e transmitir um conjunto de preocupações relativas à importância do apoio à economia por parte do sistema financeiro”.
O encontro serviu ainda para Marcelo Rebelo de Sousa “se inteirar das atuações que os bancos estão a promover e das respetivas preocupações neste momento tão desafiante para Portugal”.
Ao início da noite de segunda-feira, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após a reunião (que decorreu por videoconferência), o chefe de Estado disse que a banca mostra “grande mobilização no sentido de ajudar a economia” e prepara-se para comunicar aos portugueses a sua posição sobre a resposta à crise provocada pela pandemia de Covid-19.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a banca está a tomar “iniciativas próprias, completando as medidas aprovadas pelo Governo“, e tem “sugestões concretas” a apresentar.
“Portanto, saio desta reunião com um estado de espírito motivado por ouvir aquilo que cada um deles disse, em pormenor, que estava a fazer, que tenciona fazer, com o mesmo objetivo. E, mais do que isso, já no final da reunião me foi dito que tencionariam fazer chegar aos portugueses, por sua iniciativa, o ponto de vista que têm sobre a situação nacional e o empenhamento com que se encontram em relação à situação nacional”, acrescentou.
Questionado se ouviu nesta reunião conjunta a garantia de que os bancos não vão lucrar com a situação do país, como têm exigido vários dirigentes políticos, o chefe de Estado não quis responder diretamente à pergunta: “Eu ouvi naturalmente as várias posições, e aquilo que os bancos tiverem a dizer de posição conjunta eles divulgarão, por comunicado, se entenderem adequado”.
O Presidente da República informou que irá dar continuidade a esta reunião recebendo, esta quarta-feira, “o presidente das Associação Portuguesa de Bancos, e depois o governador do Banco de Portugal, para ter a visão da entidade e supervisiona o sistema bancário português”.
Questionado se hoje foram propostas pelos bancos novas medidas, o chefe de Estado respondeu que surgiram “algumas ideias” e “sugestões concretas”, umas que “dependem da decisão das instituições financeiras” e outras que “dependem, no domínio fiscal, por exemplo, ou no domínio da recapitalização de empresas, de iniciativa do Governo, sozinho ou em conjunto com outros parceiros económicos e sociais”.
“Sei que o Governo já conhece. De todo o modo, vou organizá-las, estruturá-las. São várias ideias, que têm a ver umas com a atividade bancária, outras com propostas que já fizeram, estarão a fazer ou que farão ao Governo, e que se completam”, prosseguiu.
Quanto às medidas aprovadas pelo Governo, foi-lhe reportado que a banca “já começou os processos tendentes a colocar no terreno o financiamento previsto nessas medidas” e que este “já chegou ou está a chegar ou vai chegar nos próximos dias e próximas semanas progressivamente às empresas portuguesas”.
Segundo o chefe de Estado, estes dirigentes bancários transmitiram a mensagem de que, depois de “anos críticos para o sistema financeiro português”, neste momento “a situação da banca pode merecer a confiança dos portugueses relativamente ao seu empenho nas medidas a cumprir, as tomadas pelo Governo ou as que tomem por sua iniciativa”.
“Nós, além de termos pago aquilo que nos emprestaram e os juros, sentimos que nos devemos empenhar neste momento – foi isso que me disseram”, relatou.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).
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