EDP não baixa preço da eletricidade para já. Descontos nas faturas só com produtos extra
O CEO da EDP diz que a elétrica já tem tarifas no mercado que "permitem descontos superiores à recente redução da tarifa regulada" em 3% decidida pela ERSE.
Os preços da eletricidade estão a descer nos mercados grossistas, mas António Mexia, CEO da EDP, não confirma que o mesmo possa acontecer, pelo menos para já, com as tarifas de energia cobradas aos seus clientes domésticos e empresariais. Recentemente, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) avançou com uma redução de 3% no preço da luz para o mercado regulado.
Esta revisão extraordinária foi justificada por uma queda no valor da energia elétrica nos mercados grossistas de quase 14 euros por MWh — de um valor de 58,45 euros/MWh, considerado para os cálculos da tarifa de 2020, para estimativas mais recentes de um preço médio de 44,77 euros/MWh —, o que motivou o regulador a cortar 5 euros por MWh às tarifas do mercado regulado.
No mercado liberalizado, critica a Deco, há ainda que “esperar que os comercializadores resolvam beneficiar os consumidores, por adquirirem a eletricidade a um preço mais baixo no mercado grossista”.
Questionado sobre se a EDP está a ponderar baixar os preços da energia que vende aos clientes, em linha com o que está a acontecer nos mercados grossistas, Mexia disse apenas que a elétrica já tem tarifas no mercado que “permitem descontos superiores à recente redução da tarifa regulada”. No entanto, para aceder a estes descontos (que a empresa entretanto aumentou em cerca de dois pontos percentuais, até um máximo de 10%) os clientes têm de contratar serviços adicionais e pagar um valor fixo mensal que acresce à fatura.
Quanto à possibilidade de uma descida de preços no futuro, Mexia deixa em aberto: “Funcionar num mercado competitivo implica obviamente incorporar aquilo que são as descidas, ou evoluções, normais daquilo que é o mercado grossista. Faz parte. Mas relembremos que o mercado grossista corresponde apenas a uma parte da fatura energética”, disse o CEO da EDP em resposta a uma questão do ECO na conferência de imprensa que se seguiu à assembleia geral de acionistas (realizada por videoconferência).
“Nas descidas dos preços para clientes, o que está em causa é um mercado competitivo onde a EDP tem hoje, e já deixámos isso bem claro, ofertas que permitem descontos superiores à recente redução da tarifa regulada — muitas vezes de 10%, 4%, temos várias ofertas”, disse ainda Mexia, acrescentando: “Estamos comprometidos com o fornecimento de energia e com a capacidade de darmos flexibilidade no pagamento a quem foi afetado e possa, entre seis e 12 meses, sem juros, poder regularizar a sua situação, sem problemas. Fomos os primeiros a fazê-lo, muito antes de outros setores terem seguido isso”.
Para já, garante, os descontos diretos nos preços da energia são apenas para os profissionais de saúde (-20% na fatura, durante dois meses) e para instituições de apoio aos mais vulneráveis, somando-se ainda a oferta de energia por parte da EDP a todos os hotéis que foram convertidos em hospitais ou albergam profissionais de saúde durante o estado de emergência decretado por causa da pandemia de Covid-19. Em marcha a EDP tem um programa de ajuda à comunidade com mais de 50 iniciativas e mais de 11 milhões de euros de ajuda, desde a compra de equipamento até à ajuda às escolas.
“Mantivemos a totalidade dos compromissos com os nossos stakeholders: colaboradores, clientes, fornecedores. Mantivemos o volume de investimento em Portugal, a cadeia de valor, o plano de novas contratações até 2022: mais 700 pessoas, metade em Portugal. Não tenhamos ilusões: o essencial é manter também o emprego”, salientou Mexia.
Quanto ao impacto do Covid-19 nas contas da EDP, para já a empresa viu apenas um redução de 1,1% no consumo de energia, mas o CEO lembra que março ainda foi apenas o início e que, em abril, os efeitos do isolamento já se farão sentir. “Ainda é cedo para perceber qual o impacto para o ano”, acrescentou.
“Em Portugal, e apenas no mês de março o volume de eletricidade distribuído em Portugal caiu 1,1%. Mas foi apenas o início, com os pequenos negócios a reduzir o seu consumo em mais de 10% e os consumidores domésticos com um ligeiro aumento. A quarentena só se iniciou na segunda quinzena de março e por isso em abril já veremos outros resultados. É verdade que o impacto foi maior na atividade no Brasil do que em Portugal. Aliás, isso é visível pelos dados operacionais, no consumo. Na geração, pela percentagem de renováveis e coberturas de mercado, tem a ver mais com a utilização dos recursos do que com a procura. Temos de separar nós enquanto oferta e os nossos clientes, e o sistema como um todo. Ainda temos apenas uma redução de apenas 1,1% no mês de março, mas obviamente será maior no mês de abril”, rematou.
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