Lagarde vê PIB a cair 15% na UE. Resposta europeia poderá ser tardia e insuficiente, avisa presidente do BCE
A presidente do Banco Central Europeu vê o PIB da UE pode cair até 15% este ano por causa da pandemia. Christine Lagarde transmitiu aos líderes europeus que teme uma resposta tardia e insuficiente.
Na reunião do Conselho Europeu desta quinta-feira, que começou às 14h00 (hora de Lisboa) e ainda decorre, a presidente do Banco Central Europeu avisou os líderes europeus que a economia europeia poderá contrair até 15% em 2020, de acordo com a Bloomberg que cita três fontes presentes na vídeoconferência.
Christine Lagarde teme também que a resposta europeia — que é decidida pelos Governos nacionais no Conselho Europeu — seja tardia e insuficiente face à velocidade do impacto da pandemia na economia e a dimensão da crise. Já há vários anos que o BCE pede um maior apoio económico por parte da política orçamental de forma a complementar a resposta dada pela política monetária, uma necessidade exacerbada pela atual crise pandémica.
A recessão de 15% indicada por Lagarde é um cenário extremo, sendo que o cenário central do BCE passa por uma recessão de 9% este ano. Ainda assim, esta previsão é mais pessimista do que a queda de 7,5% do PIB previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na Zona Euro. A agência de rating S&P vê a recessão nos 7,3%. As próximas projeções oficiais do BCE deverão ser divulgadas em junho.
Esta tarde os 27 chefes de Estado da União Europeia estão a discutir a forma de mitigar a quebra económica provocada pelo vírus. Neste momento ganha força um fundo de recuperação que passa pela utilização do orçamento comunitário (QFP – Quadro Financeiro Plurianual) com o aumento das contribuições dos Estados e a emissão de dívida por parte da Comissão Europeia, afastando-se a mutualização da dívida com as chamadas coronabonds.
Contudo, os líderes europeus deverão apenas dar “luz verde” ao pacote de 540 mil milhões de euros aprovado pelo Eurogrupo e mandatar a Comissão Europeia para preparar uma proposta para o plano de recuperação. Um acordo só deverá ser firmado mais tarde após as capitais discutirem qual será a dimensão, como será feito o financiamento e de que forma serão distribuídos os fundos aos Estados.
Os dados do PMI da Zona Euro divulgados esta quinta-feira mostram como a recessão europeia no segundo trimestre está a ter contornos sem precedentes. O indicador medido pela IHS Markit há cerca de duas décadas tombou para 13,5 pontos em abril, significativamente abaixo dos 29,7 pontos registados em março, que também já tinha sido um mínimo histórico. Este é o “maior colapso mensal da produção”, disse a consultora.
A resposta da União Europeia para o período de recuperação deverá ter como objetivo evitar uma “fragmentação profunda” do mercado único dado que os países têm diferente capacidade de resposta, o que seria “venenoso” para a democracia europeia, segundo Mário Centeno, presidente do Eurogrupo. “Lembrem-se: numa União como a nossa, nós somos tão fortes quanto o nosso membro mais fraco“, disse Centeno, antes do início da reunião do Conselho Europeu.
(Notícia atualizada às 16h41 com mais informação)
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