“Economia da Zona Euro pode contrair 5% a 12% este ano”, alerta a presidente do BCE
Economistas do Banco Central Europeu (BCE) estimam forte queda no produto interno bruto devido à pandemia. A velocidade da recuperação ainda é incerta, segundo a presidente Christine Lagarde.
A economia da Zona Euro está a viver um momento como nunca, que irá causar uma forte contração este ano, alertou a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ao anunciar o reforço dos estímulos monetários. Quanto à velocidade de recuperação, Lagarde diz que ainda é incerta.
“A Zona Euro está a enfrentar uma contração económica de uma magnitude e velocidade que não tem precedentes em tempo de paz. As medidas para conter a disseminação do coronavírus paralisaram amplamente a atividade económica em todos os países da Zona Euro e pelo mundo”, começou por dizer Christine Lagarde, na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Governadores.
Apesar de o banco central atualizar as projeções económicas apenas em junho, a presidente do BCE adiantou já que o “staff do BCE estima que o PIB da Zona Euro contraia entre 5% e 12% este ano“. No primeiro trimestre de 2020, o PIB da Zona Euro caiu 3,8% face aos três meses anteriores, mas o BCE alerta que no segundo trimestre o impacto será ainda superior e poderá mesmo chegar aos 15%.
“Dada a elevada incerteza sobre a duração, é difícil de prever a provável extensão ou a duração da eminente recessão e subsequente recuperação“, sublinhou Lagarde. “A extensão da contração e a recuperação irão depender de forma crucial da duração e do sucesso das medidas de confinamento, quão afetadas serão a capacidade produtiva e a procura interna, e o sucesso das políticas de mitigação do impacto adverso nos salários e no emprego”.
Poder de fogo supera um bilião de euros
Devido ao forte impacto do vírus, o BCE tem vindo a anunciar nas últimas semanas uma série de medidas para estimular a economia. O principal instrumento é o programa de compra de ativos públicos e privados no valor de 750 mil milhões de euros conhecido como Pandemic Emergency Purchase Programme (PEPP).
"O melhor instrumento que temos na caixa é o PEPP. O Conselho de Governadores está plenamente preparado a aumentar o tamanho do PEPP e a ajustar a sua composição no montante e no tempo que for preciso. Mas é importante perceber todo o poder de fogo ao dispor do BCE, que é superior a um bilião de euros.”
“O melhor instrumento que temos na caixa é o PEPP“, defendeu Lagarde, sublinhando que o BCE está “plenamente preparado a aumentar o tamanho e a ajustar a composição no montante e no tempo que for preciso”. Para flexibilizar o recurso a este programa, o BCE já retirou os limites à compra de dívida emitida por um só país, incluiu a Grécia e passou a aceitar junk bonds.
Ainda assim, a presidente do BCE sublinhou que “é importante perceber todo o poder de fogo ao dispor do BCE, que é superior a um bilião de euros“. A par deste, continua a funcionar o normal programa de compra de ativos, a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros, aos quais acresce um envelope temporário de 120 mil milhões a ser usado também até ao final do ano. Sobre alterações a este programa, Lagarde disse que não foi discutido pelos governadores.
O que os governadores decidiram foi alterações nos empréstimos de longo prazo à banca. O BCE anunciou, esta quinta-feira, melhorias nas condições das targeted longer-term refinancing operations (TLTRO) e uma nova série de non-targeted pandemic emergency longer-term refinancing operations (PELTRO).
Apesar de considerar que é um instrumento criado em circunstâncias diferente Lagarde deixou a porta aberta a usar OMT ou mesmo alargas os empréstimos a instituições que não sejam bancos.
“O Conselho de Governadores está amplamente empenhado em fazer tudo o que seja necessário, dentro do seu mandato, para apoiar todos os cidadãos da Zona Euro neste momento desafiante”, disse, acrescentando que “o BCE não vai tolerar fragmentações“.
(Notícia atualizada às 14h45)
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