“Com esta crise as micro e pequenas empresas do calçado vão desaparecer”, alerta Manuel Carlos
O setor do calçado está a ser fortemente afetado pelo Covid-19. Para o presidente não executivo da Apiccaps, "são as micro e pequenas empresas as mais afetadas por esta pandemia".
O ano passado o setor do calçado exportou dois mil milhões de euros. Com o aparecimento do Covid-19, o setor está a ser fortemente afetado. As fábricas pararam de produzir, as vendas caíram a pique, os clientes cancelaram as encomendas e o consumo caiu para níveis nunca vistos. Perante o cenário, “são as micro e pequenas empresas as mais afetadas”, considera o presidente não executivo da Apiccaps, Manuel Carlos.
“O volume de exportações que conseguimos atingir até agora deve-se à capacidade de subcontratação das empresas exportadoras no universo de centenas de micro e pequenas empresas. Com esta crise as micro e pequenas empresas vão desaparecer num número muito elevado”, alerta Manuel Carlos, presidente não executivo da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçados, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), na Real-Life Flash Talks, promovido pelo ISCTE.
Para o responsável este desaparecimento vai pôr em causa os níveis de exportação. “Quando assistirmos a uma recuperação as empresas exportadoras vão precisar dessas micro e pequenas empresas e elas não vão estar lá. Vamos precisar dessas empresas para conseguirmos atingir esses níveis de exportação, refere Manuel Carlos.
Face aos desafios que as microempresas enfrentam, Governo lançou um programa com vista a apoiar a retoma de atividade das microempresas e durante a próxima semana as microempresas vão poder candidatar-se a apoios do Portugal 2020 de forma a reabrirem a atividade.
Manuel Carlos considera que este recomeço será “um caminho muito lento e difícil”. Acrescenta ainda que os “impactos do Covid-19 são complexos porque não têm precedentes. Não existe um mapa do caminho a percorrer para combater o impacto”, conclui.
Manuel Carlos deixa ainda um alerta: a reabertura do setor do calçado em Portugal será “difícil” sem a existência de “seguros de crédito eficazes”. “Sem seguros de crédito eficazes receio que a reabertura seja difícil”, vincou, sugerindo uma intervenção do Governo neste caso, com garantias às companhias de seguros de crédito.
O responsável não deu uma data específica para a retoma da atividade nas empresas que estão encerradas, devido à pandemia, mas garante que a coleção de verão já está praticamente perdida. A entrada numa nova época, de outono/inverno, pode ser complicada sem os seguros de crédito, adequados para um setor de cariz exportador. “As empresas aceitam as encomendas, mas depois é preciso seguro de crédito e os clientes não têm. Os fornecedores das fábricas também vão pedir seguro de crédito e não o vão encontrar”, refere.
“Nos setores da moda e calçado o consumo caiu para quase zero, o investimento parou, os clientes cancelaram encomendas, deixaram de pagar aos nossos fornecedores, as fábricas pararam. Não sabemos quantas não reabrirão e o desemprego que poderá surgir”, concluiu Manuel Carlos.
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