Pandemia abana mundo do trabalho. Veja o impacto em cinco gráficos
Apesar da pandemia de coronavírus, nos primeiros três meses do ano taxa de desemprego manteve-se estável. Já há, contudo, sinais do impacto do surto: caiu a população empregada e as horas trabalhadas.
A pandemia de coronavírus levou muitas empresas a fecharem temporariamente as suas portas, mandando para casa milhares de trabalhadores. No total dos primeiros três meses do ano, a taxa de desemprego manteve-se, ainda assim, estável em relação ao trimestre anterior. Os efeitos do surto de Covid-19 no mundo do trabalho são, contudo, visíveis em três outros indicadores: a população empregada, as horas efetivamente trabalhadas e a população empregada ausente.
Segundo os dados divulgados, esta semana, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego fixou-se nos 6,7%, de janeiro a março de 2020. Este valor é igual àquele que tinha sido registado no último trimestre de 2019 e 0,1 pontos percentuais (p.p) abaixo do mesmo período de 2019. Entre os jovens, a taxa de desemprego subiu para 19,7%, mais 0,2 p.p. do que no quarto trimestre de 2019.
No mesmo sentido, a população desempregada diminuiu 1,6%, em termos homólogos, e 1,2% na variação em cadeia. Nos primeiros três meses do ano, havia 348,1 mil pessoas incluídas nesse universo.
O recuo homólogo, diz o ECO, explica-se sobretudo pelos decréscimos nos seguintes segmentos populacionais: mulheres (caiu 4,4%), pessoas dos 35 aos 44 anos (caiu 25,1%), com o 3º ciclo do ensino como grau de escolaridade (caiu 11,2%) e à procura de emprego há 12 ou mais meses (caiu 7,8%).
Apesar desses dois sinais de estabilidade, o INE nota que já há reflexos da pandemia de coronavírus no mercado de trabalho. É o caso do emagrecimento da população empregada. Este universo encolheu 0,3% em relação ao período homólogo, sendo esta a “primeira variação homóloga negativa desde o terceiro trimestre de 2013”.
Na variação em cadeia, a população empregada (4.865,9 mil pessoas) diminuiu 0,9% “à semelhança do que sucedeu na maioria dos primeiros trimestres da série iniciada em 2011, tendo este decréscimo sido superior ao observado no trimestre precedente”, frisa o INE.
No mesmo sentido, o aumento da fatia de trabalhadores ausentes entre a população empregada reflete, em parte, o intenso recurso ao lay-off das empresas face à crise pandémica.
Com uma subida homóloga de 52,6% (33% na variação em cadeia) para 9,3% da população empregada (425,1 mil pessoas), esta fatia registou, de resto, a maior variação homóloga, em termos absolutos, num dos primeiros trimestre da série iniciada em 2011. Isto à boleia dos milhares de trabalhadores cujos contratos de trabalho foram suspensos ou os horários foram reduzidos à luz do regime de lay-off.
O terceiro reflexo que já é possível registar da pandemia no mercado de trabalho diz respeito ao volume das horas efetivamente trabalhadas, que desceu 5,3%, em termo homólogos e 5,2% na variação em cadeia. “Estas últimas variações constituíram a maior redução trimestral e a segunda maior diminuição homóloga observadas num primeiro trimestre da série iniciada em 2011“, destaca o INE.
Tudo somado, de janeiro a março, foram efetivamente trabalhadas, em média, menos 1,5 horas por semana que no trimestre anterior e menos 1,6 horas que no mesmo trimestre de 2019. Esta explica-se, por um lado, pelo aumento da população empregada ausente e, por outro, pela redução dos horários registada, por exemplo, em algumas empresas que recorreram ao lay-off.
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