Ibersol diz que é expectável perda no volume de negócios de 30% este ano
Ibersol, detentora de marcas como a Pizza Hut e Burger King, admite perdas no volume de negócios de cerca de 30%" provocadas pelo Covid-19. Prejuízos da empresa agravam-se no 1º trimestre para 9ME.
O grupo Ibersol, que no final de março encerrou 75% dos seus restaurantes, considerou esta sexta-feira ser “expectável” que a crise da pandemia de Covid-19 provoque “perdas no volume de negócios de cerca de 30%” este ano.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Ibersol, detentora de marcas como a Pizza Hut, a Burger King, entre outras, adianta que, “apesar de prematuro, nesta fase, antever o comportamento dos consumidores ao levantamento das restrições à movimentação das pessoas, é expectável que esta crise pandémica venha a provocar perdas no volume de negócios de cerca de 30% no ano de 2020″.
O grupo “procedeu no final de março ao encerramento de cerca de 75% dos seus restaurantes, restringindo a operação durante o estado de emergência a 127 restaurantes, localizados em Portugal e Angola, limitados aos serviços dedeliverye take away”, recorda.
Em abril e maio, “procedemos à reabertura gradual de restaurantes, parte dos quais em Espanha, para prestarem serviços de delivery, take away e drivethru, culminando com o início da reabertura dos restaurantes localizados em centros comerciais que perspetivamos concluir até final do mês de junho com a reabertura integral dos nossos restaurantes”, prossegue o grupo.
A exceção, sublinha, vai para os restaurantes localizados em concessões, nomeadamente aeroportos, “para os quais estão em curso avaliações das reaberturas com as concessionárias de forma a ter a oferta compatível com o tráfego de passageiros à medida que forem sendo levantadas as restrições dos espaços aéreos”.
Ora, “segundo expectativas da IATA [Associação Internacional de Transporte Aéreo], a retoma dos tráfegos aéreos de 2019 apenas ocorrerá no prazo de dois anos”, sublinha.
No entanto, o grupo Ibersol destaca o “bom desempenho nos restaurantes com serviço de ‘drive’, que superaram o encerramento das salas e os crescimentos no segmento de delivery, que poderão contribuir para minimizar os impactos e limitações de outros segmentos mais penalizados”.
A Ibersol refere que ajustará os custos “à evolução da procura, por forma a rentabilizar” a operação, “até que lentamente se inicie o processo de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] para os níveis recentes”.
No que respeita à estrutura financeira, refere que, “além dos novos financiamentos contratados ainda no primeiro trimestre, foram já contratados 40 milhões de euros adicionais e alargada a maturidade de 23 milhões de euros que se venciam” este ano e “estão em curso negociações para reprogramação da dívida em Espanha que se vence em 2020, bem como a contratação de linhas adicionais”.
Este ano, o grupo já abriu cinco novos restaurantes e “o restante programa de expansão será ajustado à evolução da conjuntura”, avança.
Os prejuízos da Ibersol agravaram-se para nove milhões de euros no primeiro trimestre, face ao resultado líquido negativo de dois milhões de euros no período homólogo de 2019.
Prejuízos da Ibersol agravam-se no 1.º trimestre para 9 milhões
Os prejuízos da Ibersol agravaram-se para nove milhões de euros no primeiro trimestre, face ao resultado líquido negativo de dois milhões de euros no período homólogo de 2019, anunciou esta sexta-feira a empresa.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Ibersol refere que “o resultado líquido consolidado no final do primeiro trimestre atingiu o valor de -9,0 milhões de euros, que compara com o registado em 2019 no montante de -2,0 milhões de euros”.
O grupo salienta que “a interrupção abrupta da atividade na segunda metade do mês março [devido à pandemia de Covid-19], penalizou fortemente a rendibilidade do mês e consequentemente do trimestre, não tendo sido possível neste período ajustar as rubricas de custo à redução de vendas, o que conduziu inevitavelmente a aumentos do peso das mesmas e inerente perda de rentabilidade”.
No primeiro trimestre, o volume de negócios consolidado caiu 7,5% para 95 milhões de euros.
As vendas de restauração recuaram 6,9% para 92,1 milhões de euros, as de mercadorias desceram 22,6% para 2,4 milhões de euros e as prestação de serviços diminuíram 29,6% para 600 mil euros, no período em análise.
O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) baixou 27,4% para 14,9 milhões de euros.
Nas vendas de restauração, as relativas aos restaurantes diminuíram 10% para 21,6 milhões de euros, as dos balcões baixaram 4,1% para 49,2 milhões de euros, e as de concessões e ‘catering’ recuaram 9,9% para 21,3 milhões de euros.
“O ano de 2020 apresentava sinais promissores nos meses de janeiro e fevereiro, verificando-se uma evolução positiva do mercado da restauração na Península Ibérica, que conjugada com os efeitos da expansão ocorrida no final de 2019 e o alargamento do segmento de ‘delivery’ através de agregadores à generalidade das marcas, permitia registar crescimentos das vendas de restauração superiores a 15%”, adianta.
No segmento balcões, “o impacto dos encerramentos e das restrições de circulação foram minimizados por três relevantes fatores”, refere a Ibersol.
São eles o “bom desempenho que este segmento apresentava desde o início do ano”, o impacto “da expansão, nomeadamente das marcas Burger King, KFC e Taco Bell”, e a manutenção em funcionamento “de restaurantes com serviço de ‘delivery’ e ‘take away’, nomeadamente através ‘drive-thru’, desde que foi decretado o estado de emergência”.
No trimestre foram encerradas seis unidades, três delas franquiadas “e concretizou-se a abertura de seis novos restaurantes próprios. O encerramento dos três restaurantes próprios em Espanha resultou da opção de não renovação dos contratos de arrendamento da Pans Callao e Ribs Faro Guadiana, e do final de contrato de concessão da Pans no estádio do FCB”, prossegue.
“Dando seguimento à estratégia de expansão da KFC foram abertos quatro novos restaurantes, um dos quais em Espanha, um Burger King em Portugal e o último restaurante que restava por abrir para concluir a operação em pleno da totalidade dos restaurantes no aeroporto de Barcelona ao abrigo do contrato que teve início em maio de 2018”, aponta.
No final do trimestre, o número total de unidades era de 659 (550 próprias e 109 franquiadas).
A Ibersol refere que, “para conciliar a redução abrupta da atividade e a proteção dos empregos, as empresas do grupo aderiram ao ERTE (Expediente de Regulación Temporal de Empleo) em Espanha e ao lay-off simplificado e normal em Portugal”.
Os custos com pessoal aumentaram 7,2% no trimestre, tendo o peso desta rubrica aumentado para 38,7% do volume de negócios (33,4% em 2019).
“O investimento total ascendeu a 4,5 milhões de euros. Cerca de 4,2 milhões corresponde ao investimento incorrido na concretização do plano de expansão e o restante na remodelação e modernização de alguns restaurantes”, adianta.
No final de março, o endividamento líquido era de 432,6 milhões de euros, mais 25,5 milhões de euros do que o “valor registado no final de 2019”.
Relativamente à gestão do risco de liquidez, “o grupo manteve cerca de 15 milhões de euros de linhas de crédito que tinha disponíveis e não utilizadas, contratou linhas adicionais de 31 milhões de euros e refinanciou cerca de 15 milhões euros, durante o primeiro trimestre”.
Adicionalmente, “desencadeou o processo de negociação, para formalização no segundo trimestre, de um reforço de liquidez de cerca de 60 milhões de euros”.
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