Macau lamenta dependência do jogo e promete diversificar economia
Epidemia evidenciou ser uma desvantagem Macau ter apenas uma indústria, razão pela qual a diversificação adequada da economia será uma decisão firme.
O Governo de Macau lamentou em Pequim a dependência económica face ao jogo, evidenciada pela pandemia, e prometeu avançar para a diversificação, que passa pela “expansão” para Hengqin, onde será inaugurado o novo posto fronteiriço.
No último dia da visita oficial à capital chinesa, o chefe do Governo “referiu que esta epidemia evidenciou ser uma desvantagem Macau ter apenas uma indústria, razão pela qual a diversificação adequada da economia será uma decisão firme e um objetivo traçado pelo Governo da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau]”.
Em comunicado, as autoridades citaram Ho Iat Seng a propósito do encontro que manteve com o diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, He Lifeng, durante o qual “abordaram temas sobre a promoção da diversificação adequada da economia de Macau” e “a zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.
Apesar da dependência daquele que é o “motor” da economia, o encaixe para os cofres das autoridades da capital mundial de casinos tem-se traduzido em números pouco comuns: só no ano passado arrecadou 112,7 mil milhões de patacas (11,9 mil milhões de euros) em impostos diretos sobre as receitas brutas do jogo, único local onde este é permitido na China.
Contudo, a pandemia e a consequente quebra no número de visitantes traduziram-se numa descida sem precedentes nos resultados dos casinos.
Em vez de lucros milionários mensais, as operadoras apresentaram agora prejuízos que rondam as centenas de milhões de euros, verificando-se, por isso, uma significativa diminuição do montante arrecado pelo Governo do território, muito dependente do mercado turístico chinês.
Em abril, Ho Iat Seng anunciou a expansão de Macau para a vizinha ilha chinesa de Hengqin, que as autoridades querem transformar num centro de internacionalização.
As autoridades de Macau, território de 30 quilómetros quadrados, olham para esta expansão, “apadrinhada” pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como uma oportunidade para responder à exigência de Pequim de integração nacional e de reforço do papel do território enquanto plataforma comercial entre a China e os países de língua portuguesa.
Atualmente, a ilha da Montanha, como é também denominada, já acolhe a Universidade de Macau num terreno de um quilómetro quadrado que foi cedido por 40 anos. Noutros 4,5 quilómetros quadrados vão ser instaladas empresas de Macau na ilha que pertence à vizinha cidade de Zhuhai, na província de Guangdong.
O novo desafio para Macau começa esta terça-feira, para quando está agendada a abertura oficial e entrada em funcionamento do novo posto fronteiriço Hengqin, que passa a ser administrado pelas autoridades do território (bem como as zonas envolventes), por delegação das autoridades chinesas.
Em Pequim, o chefe executivo de Macau comprometeu-se ainda a “desenvolver uma campanha de sensibilização junto da população, das associações cívicas e empresas no sentido de garantir que estejam bem informados sobre o trabalho na zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.
Já He Lifeng, citado na mesma nota, referiu que o Presidente, Xi Jinping, ”está muito atento ao desenvolvimento socioeconómico da RAEM e que o mesmo definiu, com clareza, a Ilha de Hengqin como objetivo de diversificação adequada da economia de Macau”.
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