Jerónimo de Sousa diz que OE para 2021 “tem de responder a problemas imediatos”
No encerramento da edição de 2020 da Festa do Avante, o secretário-geral do PCP criticou as vozes que tentaram colocar em causa a realização do comício comunista.
Jerónimo de Sousa fechou a Festa do Avante com os olhos — e as palavras — postos no Orçamento do Estado para 2021. O secretário-geral do PCP assinalou que a grande prioridade do PCP para o OE para o próximo ano deve ser o combate aos problemas atuais. “O que se exige é uma outra política, são outras opção e nem todas com cabimento direto no Orçamento do Estado (…) que tem de responder a problemas imediatos“, sublinhou, no discurso de encerramento da festa comunista.
No discurso final, Jerónimo de Sousa disse que “não vale a pena ameaças de crise política” nem “sentenciar que PCP não conta”, adiantado que, no arranque dos trabalhos no Parlamento, o PCP avançará com uma proposta de aumento do valor do salário mínimo para 850 euros, entre outras prioridades.
“Construímos este encontro num quadro de inusitada hostilidade. Queriam calar-nos, não o conseguiram”. Foi desta forma que Jerónimo de Sousa arrancou o discurso de encerramento da edição deste ano da Festa do Avante. No final de três dias de evento, o secretário-geral do PCP sublinhou os desafios e os riscos dos “tempos que atravessamos” e sublinhou que a realização do comício comunista foi, “antes de mais uma forma de assegurar a defesa do funcionamento da vida democrática na sua plenitude”.
“Os tempos que atravessamos encerram riscos. Em matéria de saúde, o PCP não foi só a força política mais coerente na defesa do SNS. (…) Mas para assegurar a saúde é preciso garantir as condições de vida de muitos milhares”, disse, sublinhando várias vezes, durante o discurso de encerramento da Festa do Avante, o “respeito pelas regras sanitárias” no evento.
Jerónimo de Sousa falou dos milhares que “foram despedidos” no decorrer na pandemia e dos que “viram os seus salários reduzidos”. Referiu também a necessidade de não esquecer direitos de jovens e idosos.
“Nestes três dias conseguimos resgatar o valor da vida”, assinalou ainda o responsável político. “Podem contar com o PCP em todos os momentos, em todas as situações. Estamos aqui porque temos um compromisso com os trabalhadores, para reafirmar o nosso compromisso pelo direito das liberdades democráticas. Estamos aqui porque jamais aceitaremos ser arrastados para o pântano do conformismo”, assinalou, sublinhando: “Novos sinais de retrocesso estão aí”.
Este sábado, o secretário-geral comunista considerou que um acordo escrito com o Governo minoritário socialista é “claramente dispensável”, ressalvando que o PCP aguarda pelo próximo Orçamento do Estado e está disponível para “dar a sua contribuição”.
“Por nós o papel seria perfeitamente dispensável. Só aconteceu [em 2015] devido à insistência do então Presidente da República, que queria o papel, queria o papel, queria o papel, queria o papel”, argumentou Jerónimo de Sousa, referindo-se a Cavaco Silva.
"O partido pode contar comigo até eu poder.”
Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro relativas a uma possível crise política caso não exista acordo com a esquerda parlamentar, o dirigente comunista considerou que “procurar uma posição de ameaça não ajuda em nada” e “não contribui para solução nenhuma”. “Creio que isso é uma posição pouco sustentável e era importante que o Governo se disponibilizasse para encarar as respostas para o país, para os trabalhadores, para os reformados e pensionistas, para os pequenos e médios agricultores e empresários, esse é que deve ser o caminho”, sustentou, em declarações citadas pela agência Lusa.
Jerónimo de Sousa disse ainda, este fim de semana, estar disponível para continuar na liderança do PCP, cargo que ocupa há já 15 anos. “O partido pode contar comigo até eu poder”, disse.
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