Europa aperta o “cerco” para a travar a Covid-19
Vários países europeus têm batido recordes sucessivos de novos casos de Covid-19 e os Governos por todo o continente implementam novas medidas restritivas para evitar novo confinamento.
Numa altura em que a Europa volta a ser considerada o epicentro da Covid-19, os governos voltam a apertar o “cerco” e desdobram-se em medidas para travar a disseminação do surto. Só na semana passada, o Velho Continente registou 700.000 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, um máximo de sempre.
O Governo português não fugiu à tendência verificada na Europa, tendo tomado oito “decisões fundamentais” com o objetivo de “reforçar o sentido coletivo de prevenir a expansão da pandemia”, sinalizou o primeiro-ministro António Costa, aquando do anúncio. Entre as medidas anunciadas está elevar o nível de alerta para o estado calamidade, a proibição de ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública, espaços comerciais e restauração ou a limitação de eventos de natureza familiar, como casamentos ou batizados, a um máximo de 50 pessoas.
Mas Portugal não está sozinho e pelo Velho Continente há medidas ainda mais restritivas, como o confinamento parcial ou encerramento de bares e cafés. De Espanha à Suécia, conheça as medidas tomadas pelos países europeus, de forma a evitar ao máximo um novo confinamento geral.
Governo espanhol fecha bairros de Madrid
No início de outubro, o governo espanhol declarou o estado de emergência em Madrid, como forma de travar o avanço da pandemia na capital. Este regime, que vai vigorar durante 15 dias, foi aprovado com as mesmas medidas que estavam em vigor, nomeadamente o bloqueio da capital e de outros municípios madrilenos com mais de 100 mil habitantes. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, justificou a aplicação da medida com a necessidade de “proteger a saúde pública já”.
Esta medida esteve à beira de ser travada, após o Tribunal Superior de Madrid ter chumbado as medidas aplicadas anteriormente naquela região, invocando que estariam “contra as liberdades fundamentais dos cidadãos”. Contudo, o decreto do Governo fez avançar a sua aplicação. Madrid é atualmente a área com a taxa de infeção mais alta da Europa, com 850 casos por cada 100 mil habitantes.
França impõe recolher obrigatório nas grandes cidades
Com mais de 809 mil casos confirmados desde o início da pandemia, França voltou a decretar o estado de emergência de saúde pública. Entre as medidas aplicadas encontra-se um recolher obrigatório em algumas das grandes cidades, entre as quais se inclui Paris, entre as 21h00 e as 6h00, anunciou o presidente francês Emmanuel Macron, numa entrevista transmitida pela televisão nacional, citada pela Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).
As áreas metropolitanas onde será instaurado o recolher obrigatório, além de Paris, são Ruão, Lille, Saint-Etienne, Lyon, Grenoble, Montpellier, Marselha e Toulouse. A medida vai permanecer em vigor durante quatro semanas, adiantou o chefe de Estado francês.
Duas famílias diferentes não se podem encontrar no Reino Unido
O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, confirmou na quinta-feira que Londres e várias outras áreas de Inglaterra passam para o segundo nível de restrições num esforço para contar a pandemia de Covid-19, mas recusou declarar um confinamento nacional. Além de Londres, as medidas aplicam-se a partir de sábado às áreas de Essex, York, Elmbridge, Barrow in Furness, nordeste de Derbyshire, Chesterfield e Erewash, distribuídas pelo norte, centro e sul de Inglaterra.
Esta semana, entrou em vigor o sistema “three-tier“, que pretende dividir o país em três níveis, sendo que em cada nível se aplicam medidas de restrição diferentes, consoante a situação epidemiológica. Assim, nas zonas de “muito alto risco” os bares estão fechados e os encontros familiares estão proibidos. É o que está a acontecer na região de Liverpool, que tem 527 casos por cada 100 mil habitantes, e a única área classificada com este nível. Ao mesmo tempo, nas zonas de “alto risco”, como é o caso de Londres, Manchester e Newcastle, as pessoas estão proibidas de se misturarem com quem não coabitem em espaços fechados.
As restantes zonas são consideradas de “médio risco”, pelo que são obrigadas a respeitar a legislação decretada pelo governo para a generalidade do país, como a proibição de ajuntamentos de mais de seis pessoas e a obrigatoriedade de os bares fecharem às 22h.
Itália proíbe festas e celebrações com mais de seis pessoas
Se no início da pandemia, Itália foi considerada o epicentro da pandemia na Europa, agora tem conseguido travar de forma mais eficaz uma segunda vaga. Ainda assim, o país também está a ser afetado pelo agravamento do número de casos. Esta semana, o Governo italiano decidiu que estão proibidas as festas e celebrações em espaços fechados ou abertos com mais de seis pessoas (mesmo dentro de casa). Ao mesmo tempo, os bares e restaurantes, que devem fechar à meia-noite, estão proibidos de servir bebidas alcoólicas a clientes que se tenham sentado depois das 21h00.
“Estas medidas vão envolver mais sacrifícios, mas estamos convencidos de que que permitirão enfrentar a nova fase. O nosso objetivo é evitar que o país mergulhe num bloqueio generalizado”, sinalizou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, citado pelo La Reppublica (acesso livre, conteúdo em italiano). Antes disso, Itália tinha já decretado o uso obrigatório de máscara.
Países Baixos proíbe venda de álcool
Os Países Baixos entraram esta quarta-feira em “confinamento parcial”, que inclui o encerramento de bares e restaurantes, para tentar travar a propagação da pandemia de Covid-19 no país. “Vamos entrar num confinamento parcial. Vai doer, mas é a única solução. Precisamos ser mais rígidos”, disse o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, citado pela Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).
Além disso, estão ainda proibidos ajuntamentos de mais de quatro pessoas, bem como a venda de álcool à noite. Ao contrário do que aconteceu em março, as escolas vão permanecer abertas e os transportes públicos vão continuar a funcionar. Tal como acontece em França, as medidas vão vigorar durante, pelo menos, quatro semanas, com uma revisão quinzenal. Caso as restrições não se revelem eficazes poderão seguir-se restrições mais “duras”, sinalizou o ministro da Saúde holandês, Hugo de Jonge.
Máscaras obrigatórias na Alemanha
Também esta quarta-feira, a Alemanha anunciou introdução de novas medidas mais restritivas, após uma reunião com responsáveis dos 16 estados regionais. Por exemplo, o número de participantes em eventos privados será limitado em regiões que registem mais de 35 novas contaminações por 100 mil habitantes em sete dias. Nessas áreas, as máscaras serão obrigatórias sempre que as pessoas estiverem próximas umas das outras por um determinado período de tempo.
Além disso, os encontros serão limitados a 25 pessoas em estabelecimentos públicos e 15 em salas privadas. “Estamos muito mais perto de um segundo confinamento do que gostaríamos de acreditar”, alertou o responsável pelo estado da Baviera, Markus Soeder, citado pela Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).
Suécia desaconselha viagens e centros comerciais
Depois de meses em que tentou controlar a propagação do vírus SARS-CoV2 sem recorrer ao confinamento nem a medidas drásticas, a Suécia prepara-se para aplicar medidas mais restritivas. Atualmente, as recomendações das autoridades de saúde suecas são para que as pessoas trabalhem a partir de casa se puderem, lavem as mãos com regularidade, evitem encontros sociais, mantenham o distanciamento social e, se possível, usem outros meios de transporte sem ser os transportes públicos.
Contudo, na próxima semana as autoridades de saúde locais preparam-se para endurecer a medidas contra o novo coronavírus. Entre as medidas previstas estarão recomendações para evitar viagens desnecessárias, idas a centros comerciais e outros locais fechados que juntem várias pessoas. Apesar desta política menos “agressiva”, o país regista, mais de 102 mil confirmados de Covid-19 e quase seis mil mortos.
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