João Oliveira: “Nunca seremos violino de orquestra dirigida por sociais-democratas”
João Oliveira afirmou que a opção pela abstenção ao Orçamento de 2021 foi tomada com "total liberdade" e que a estratégia definida há quatro anos pelos comunistas se revelou acertada.
O líder parlamentar do PCP afirmou este sábado que a opção pela abstenção ao Orçamento de 2021 foi tomada com “total liberdade”, mas advertiu que o seu partido nunca será primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas.
Estas posições foram transmitidas por João Oliveira na tarde do segundo de três dias do XXI Congresso do PCP em Loures, distrito de Lisboa. Um discurso em que o líder parlamentar do PCP defendeu que a estratégia dos comunistas definida há quatro anos se revelou acertada e em que considerou que o seu partido alcançou em negociações com os governos minoritários do PS “melhorias das condições de vida que ficarão para a história e que são uma espinha atravessada na garganta do grande capital”.
Na parte final de uma intervenção com cerca de dez minutos, o líder parlamentar do PCP procurou deixar duas garantias de ordem política sobre o rumo futuro da sua força política: “Não seremos intérpretes ou executantes de nenhuma melodia escrita pelo capital e seus representantes reacionários, nem seremos o primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas”.
Perante os delegados comunistas, João Oliveira procurou sobretudo justificar as razões que levaram o PCP a viabilizar através da abstenção a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021.
O líder parlamentar comunista apresentou então algumas das medidas que a sua bancada conseguiu introduzir na versão final da proposta de Orçamento, destacando matérias como os investimentos no Serviço Nacional de Saúde, a contratação de profissionais para as forças de segurança e para a educação, aumentos das pensões mais baixas, o lay-off a cem por cento, os subsídios de desemprego e de risco, entre outras.
E deixou a entender que ainda faltará cumprir pelo executivo outras matérias extra-orçamento. “Continuamos a lutar por um aumento do salário mínimo nacional maior do que aquele que o Governo anunciou [659 euros], para que sejam revogadas as normas gravosas da legislação laboral e se avance para um aumento geral dos salários, incluindo a administração pública”, apontou.
Depois de ter reivindicado estes “avanços” no Orçamento, João Oliveira procurou assegurar que a bancada comunista, no plano político, “agiu com total liberdade e independência, distanciando-se das opções que o Governo assumiu, mas não desperdiçando o que a luta dos trabalhadores e a intervenção do PCP permitiram que se alcançasse”.
“Não falta quem queira limitar e condicionar a liberdade e independência do PCP, uns procurando que o partido lhes sirva de instrumento na estratégia para retomar ainda com mais força a política de exploração e empobrecimento interrompida em 2015; outros procurando condicionar o PCP na denúncia das opções da política de direita que comprometem o futuro do país”, declarou o presidente do Grupo Parlamentar comunista.
Não seremos intérpretes ou executantes de nenhuma melodia escrita pelo capital e seus representantes reacionários, nem seremos o primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas.
PCP defende-se das críticas ao congresso com “os milhares” que estão a trabalhar
O PCP defendeu-se este sábado das críticas à realização do seu congresso, em Loures, dando o exemplo dos “milhares de trabalhadores” que “esta tarde estão a trabalhar” em todo o país mesmo em tempo de estado de emergência.
Depois de um responsável da organização do Porto, foi Carlos Fernandes, do comité central e da organização de Setúbal, a usar o exemplo dos “mais de 10 mil trabalhadores” que estão a trabalhar na Autoeuropa, Fisipe, Siderurgia Nacional, nos hospitais e nos transportes, mesmo com estado de emergência e com o recolhimento em vigor por causa da epidemia de Covid-19.
Os “trabalhadores podem trabalhar”, mesmo tendo que atravessar concelhos, e “depois cai o Carmo e a Trindade” por o partido reunir-se em congresso, analisar a situação do país e “para discutir os problemas dos trabalhadores”.
Portugal contabiliza pelo menos 4.276 mortos associados à Covid-19 em 285.838 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 9 de novembro e até 8 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.
Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23h00 e as 5h00, enquanto nos fins de semana e feriados a circulação está limitada entre as 13h00 de sábado e as 5h00 de domingo e entre as 13h00 de domingo e as 5h00 de segunda-feira. O XXI Congresso do PCP decorre em Loures, no Pavilhão Páz e Amizade e termina no domingo.
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