Fecham parques, vedam esplanadas. Autarquias ajudam o Governo a cumprir o confinamento
Com o anúncio das novas medidas, Costa delegou nos autarcas a responsabilidade de fazerem cumprir algumas normas. De Norte a Sul do país, o que estão a fazer as câmaras para travar a pandemia?
O Governo reviu as medidas para o confinamento geral, apertando as regras para as empresas, mas também para os cidadãos. Numa altura em que a pandemia acelera no país, com o número de óbitos e novas infeções a dispararem para máximos, e dada a fraca adoção do confinamento por parte dos portugueses durante o último fim de semana, o primeiro-ministro anunciou na segunda-feira uma dezena de medidas que agravam as restrições que estavam até então em vigor, justificando Portugal está a viver “o momento mais grave da pandemia”.
Neste contexto, o Executivo apertou nas medidas, especialmente nas relativas ao comércio, por forma a restringir a mobilidade dos cidadãos. Ainda assim, há também algumas novas regras direcionadas aos cidadãos, que terão colocar em suspenso alguns dos antigos hábitos, nomeadamente no que toca ao lazer. Para o efeito, o Executivo delegou a responsabilidade nos autarcas das câmaras municipais para fazerem cumprir as medidas, como por exemplo, interditando a permanência em jardins ou limitando o acesso a frentes marinhas ou ribeirinhas, bem como a parques infantis e locais de desporto individual, como ténis ou padel. Da Câmara Municipal do Porto, passando por Lisboa e até Faro, o que estão a fazer a câmaras para ajudar a cumprir o confinamento?
Porto encerra parques municipais, parques infantis e cemitérios
A Câmara do Porto decidiu encerrar todos os parques municipais murados e parques infantis assim como os cemitérios, excetuando-se a realização de cerimónias fúnebres, por forma a mitigar a aglomeração de pessoas em espaços públicos. Estas medidas foram tomadas pela Proteção Civil Municipal, produzindo efeitos a partir de ontem, quarta-feira.
Nesse sentido, no site da Câmara Municipal do Porto a autarquia liderada por Rui Moreira esclarece que foram encerrados durante a noite da passada quarta-feira os portões de todos os espaços verdes murados da cidade, nomeadamente o Jardim das Virtudes, o Jardim de São Lázaro (Jardim Marques de Oliveira), o Jardim de São Roque, o Jardim do Covelo, a Quinta de Bonjóia, os Jardins do Palácio de Cristal e o Parque da Pasteleira. Ao mesmo tempo, foram encerrados todos os parques infantis, com colocação no local de painéis de interdição e vedação com fita. Quanto aos jardins e praças, a autarquia decidiu colocar barreiras de mitigação, com painéis de sensibilização que elucidem os cidadãos de que não é permitida a sua permanência no interior.
Também nos passeios com mais movimento, avenidas atlânticas e ribeirinhas incluídas, serão de igual modo instaladas as mesmas vedações. Já as casas de banho municipais serão desativadas. O município decidiu ainda encerrar temporariamente os cemitérios do Prado do Repouso e de Agramonte, que apenas abrirão portas para funerais.
Matosinhos fecha marginais e aumenta policiamento
Também a Câmara de Matosinhos decidiu, na terça-feira, encerrar as marginais por serem “locais muito apetecíveis”, de forma a evitar ajuntamentos e a fazer cumprir as medidas decretadas pelo Governo. “Estamos a seguir as orientações do Governo. É urgente diminuir as deslocações e os contactos e as marginais são locais muito apetecíveis”, afirmou à Lusa a autarca, Luísa Salgueiro.
Nesse sentido, nos próximo dias o policiamento vai também ser reforçado para impedir o acesso às marginais. Ao mesmo temo, esta autarquia do distrito do Porto decidiu ainda interditar todos os equipamentos em espaço público que permitam concentrações de pessoas como, por exemplo, bancos de jardim. “Todos os que possam, fiquem em casa. Só conseguiremos travar estes números assustadores se nos comportamos de forma responsável e consciente”, apelou a presidente da Câmara.
Vila Nova de Gaia encerra marginal e de jardins. Em Gondomar fecham os passadiços
Tal como acontece em Matosinhos, em Vila Nova de Gaia a autarquia decretou o encerramento da marginal e de jardins do concelho, locais habitualmente muito usados para passeios e em afronta às restrições sanitárias impostas pela DGS. Já a Câmara de Gondomar decidiu encerrar os passadiços de Gramido e Rio Tinto, “com efeitos imediatos”, lê-se no site da autarquia. A câmara esclarece ainda que se mantêm “encerrados também os restantes equipamentos desportivos, de ginástica e os parques infantis”.
Dos passadiços à marginal, Vila do Conde tomou seis novas medidas
Tendo em conta a evolução epidemiológica da pandemia em Vila do Conde, que coloca este município num dos 155 considerados de risco extremo de transmissão da Covid-19, já que regista 1.406 novos casos por 100 mil habitantes, a autarquia anunciou seis novas medidas de combate à pandemia. Neste contexto, fica proibida “a circulação nos passadiços e na frente de mar”, bem como “a permanência em espaços públicos de lazer“, como parques ou jardins, revelou a Câmara de Vila do Conde, no seu site. Ao mesmo tempo, está proibida a “utilização dos equipamentos de manutenção instalados no espaço público” e são encerradas todas as casas de banho públicas. Por agora, decidiu-se também encerrar o Parque João Paulo II e haverá um reforço do policiamento nas ruas, por forma a fazer cumprir as regras.
Coimbra veda parques infantis e locais de desporto
Pela região Centro, também a Câmara Municipal de Coimbra começou esta quarta-feira a vedar os parques infantis, mobiliário urbano dos jardins e locais de desporto individual, à semelhança do que aconteceu em março do ano passado. Ao mesmo tempo, a autarquia liderada por Manuel Machado apelou à população que não utilize estes equipamentos e que cumpra as recomendações da DGS e do Governo, “devendo sair de casa apenas em caso de necessidade”, lê-se na nota da Câmara.
Cascais interdita acesso ao paredão
Depois de no passado sábado, se ter verificado uma grande afluência dos portugueses junto às praias do concelho de Cascais, isto apesar do confinamento, o município tomou medidas. A autarquia liderada por Carlos Carreiras decidiu interditar os acessos ao paredão e apelou aos munícipes para cumprirem com as regras decretadas pelo Governo. Esta medida foi tomada em conjunto com a Capitania do Porto de Cascais, a PSP e a Polícia Municipal, informou a autarquia na página de Facebook, no domingo.
Nesse contexto, a autarquia tem ainda reforçado a fiscalização no paredão e apelado ao cumprimento do recolher domiciliário através das redes sociais. Face às recomendações do Executivo, o Complexo Desportivo Municipal da Abóboda está temporariamente encerrado, pelo menos até 30 de janeiro, altura em que termina o atual estado de emergência. Esta autarquia tem tomado várias medidas para travar o avanço da pandemia, sendo que das últimas iniciativas é um projeto piloto de testagem massiva à Covid-19 nas escolas do concelho que não estão, para já, abrangidas pelos testes rápidos do Governo, revela o Jornal Económico (acesso livre). Iniciativa vai arrancar até ao final de janeiro.
Lisboa e Amadora vedam esplanadas, locais de desporto e bancos de jardim
Pela capital, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu vedar o acesso a todo o mobiliário urbano, como os locais para a prática de deporto individual ou bancos e mesas de jardim, assim como as esplanadas. “No cumprimento das medidas anunciadas para combate à Covid-19, no que diz respeito à proibição de permanência nos espaços públicos e jardins, a Policia Municipal de Lisboa está a vedar todo o mobiliário urbano e áreas de esplanada na cidade, à semelhança do que foi feito em março de 2020”, informou a autarquia liderada por Fernando Medina, num post no Facebook.
Ainda no distrito de Lisboa, mais precisamente na Amadora, o cenário é idêntico à exceção das esplanadas. Nesse sentido, a autarquia liderada por Carla Tavares informou que “a Polícia Municipal da Amadora está, à semelhança do que aconteceu em março do ano passado, a vedar todo o mobiliário urbano e parques infantis, reforçando a proibição de permanência nos espaços públicos e jardins“, lê-se numa publicação também nas redes sociais.
Beja lança app de compras online
A Câmara Municipal de Beja está a disponibilizar a todos os munícipes, empresários, comerciantes e prestadores de serviços uma plataforma de compras online. Chama-se Bejacare.pt, é gratuita e permite que a população faça as suas encomendas com diversas modalidades de pagamento bem como de entrega. Nesta plataforma, os negócios do concelho “podem colocar informações úteis, como por exemplo, qual o serviço que prestam, tal como: entregas ao domicílio, take-away, horários de atendimento, forma de atendimento, etc”, permitindo, assim, “evitar deslocações desnecessárias a estabelecimentos que possam estar fechados”, lê-se no site.
Silves aposta na testagem. Faro apoia entregas ao domicílio
E se a maioria das autarquias aposta na limitação do acesso aos espaços públicos, há quem tome outras medidas. Na região do Algarve, a Câmara Municipal de Silves, em articulação com a delegada de Saúde e outras entidades, está a apostar na testagem rápida” dos munícipes. Nesse contexto, o município “tem dinamizado e implementado uma série de ações, sendo seu objetivo central atuar desde a primeira hora, através da prestação de apoio logístico e da criação de condições adequadas à testagem de um elevado número de pessoas, sempre que se justifique”, informa a nota da autarquia publicada na terça-feira. Ao mesmo tempo, tem em curso um programa de apoio social e psicológico aos infetados. Aquando do anúncio das primeiras medidas de confinamento, esta Câmara decidiu encerrar “todos os equipamentos municipais de índole cultural, lúdica, recreativa e desportiva”, assim como suspender todas as atividades e eventos.
Já a Câmara Municipal de Faro decidiu suportar os custos com a entrega ao domicílio de refeições e bens alimentares no concelho, como forma de apoiar a economia local durante o período de confinamento. Em comunicado, a autarquia explica ainda que o serviço de entregas é acionado pelos comerciantes aderentes e não pelos clientes, sendo assegurado pela cooperativa de táxis – Rotáxi – aos estabelecimentos a funcionar no município de Faro e para entregas apenas no concelho. “Não há qualquer transação de dinheiro entre a Rotáxi e os estabelecimentos aderentes ou os clientes cabendo ao Município essa responsabilidade junto da cooperativa de táxis”, anunciou o município na terça-feira. Esta medida produz “efeitos imediatos” e a adesão por parte dos estabelecimentos é gratuita.
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